A COP30, que está em sua reta final, tem como foco principal a urgência em ações climáticas, a ambição de metas audaciosas e a importância da participação popular. Simon Stiell, chefe de clima da ONU, estabeleceu o tom na segunda-feira, enfatizando a profunda consciência dos problemas e a necessidade de demonstrar que a cooperação climática se mantém firme em um mundo dividido. Ele alertou diretamente que não há tempo a perder com atrasos e obstruções. Nos próximos dois dias, os ministros apresentarão suas posições na fase mais intensa da cúpula. Stiell instou as delegações a abordarem as questões mais difíceis agora, sem esperar até o último minuto. Ele enfatizou que o tempo para a diplomacia superficial acabou.
A presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas ecoou essa urgência, lembrando aos negociadores que, apesar dos desafios e flutuações nas negociações climáticas, eles não podem se dar ao luxo da complacência, pois as pessoas dependem de suas decisões. Annalena Baerbock expressou otimismo, destacando a dinâmica imparável da energia renovável e da inovação. Ela ressaltou que o dinheiro existe, mas precisa ser redirecionado. Baerbock mencionou que os países em desenvolvimento pagaram 1,4 trilhão de dólares em serviço da dívida externa no ano passado, fundos que poderiam transformar a ação climática se fossem direcionados para energia limpa e resiliência. Em entrevista a jornalistas, Baerbock relembrou sua visita
à Ilha do Combu, onde se encontrou com comunidades indígenas locais que demonstram como o desenvolvimento sustentável, o crescimento econômico e a proteção florestal podem andar juntos. Ela ressaltou que a ação climática não é um favor, mas sim algo que interessa a todos, em termos econômicos e de segurança.
A 30ª edição da cúpula climática anual das Nações Unidas foi aberta na segunda-feira, 10 de novembro, e está prevista para terminar na próxima sexta-feira. O vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin afirmou que a COP30 deve marcar um ponto de virada, onde o mundo precisa parar de debater as metas e começar a alcançá-las, passando da negociação para a implementação. Alckmin destacou o Compromisso de Belém, uma iniciativa para quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035, já apoiada por 25 países. Ele pediu criatividade em áreas como a bioeconomia e a descarbonização, reafirmando o compromisso do Brasil com energia limpa, inovação e inclusão. Autoridades brasileiras confirmaram que duas séries de decisões importantes estão em discussão: uma relacionada aos marcos e temas definidos pelas COPs anteriores e outra abordando questões adicionais em negociação, como um plano de ação para igualdade de gênero. Um rascunho do primeiro pacote é esperado para meados da semana, mas o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, alertou que o cronograma será apertado, com sessões noturnas provavelmente.
Enquanto os ministros debatiam internamente, as ruas de Belém vibraram com energia. A Cúpula dos Povos, realizada de 12 a 16 de novembro, atraiu mais de 25.000 participantes, o maior número já registrado, e culminou com uma marcha por justiça climática que reuniu 70.000 pessoas, o maior protesto do tipo. No domingo, a sociedade civil entregou um conjunto de propostas a do Lago, à CEO da COP30, Ana Toni, e a ministros-chave, incluindo Marina Silva e Sônia Guajajara. Maureen Santos, do comitê de políticas da Cúpula, afirmou que a COP serve como um exemplo de democracia, não apenas para as Nações Unidas, mas para o mundo, mostrando que o multilateralismo acontece quando as partes se envolvem além dos estados e dão maior visibilidade àqueles que sofrem os impactos da crise e propõem alternativas para lidar com ela. Movimentos sociais estão pressionando por financiamento climático, alertando sobre possíveis “dívidas ecológicas” e exigindo uma visão mais ampla de uma transição justa, que inclua emprego, soberania alimentar e direitos territoriais, não apenas energia renovável.
A Cúpula dos Povos não se limitou a discursos, mas também demonstrou solidariedade. Grupos como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) organizaram uma grande “cozinha solidária”, utilizando a experiência de resposta às enchentes do ano passado no Rio Grande do Sul. Mais de 300.000 refeições gratuitas foram servidas, incluindo alimentos da Amazônia como jambu, açaí e pirarucu. Rudi Rafael, que ajudou a liderar a operação, descreveu a escala: “Tínhamos 21 panelas de 500 litros cada, com uma linha de produção preparando marmitas em apenas 26 segundos.” Para muitos, cozinhar simbolizou esperança, especialmente para aqueles que defendem as terras, tradições e culturas indígenas. É um lembrete de que a justiça climática envolve tanto a dignidade e a comunidade quanto a política.
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com base em reportagem publicada em
Europeantimes
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