A Amazônia, conhecida como o “pulmão do mundo”, encontra no Pará um refúgio especial: as unidades de conservação. São áreas protegidas pelo poder público, abrangendo florestas, rios, campos, manguezais e ilhas, onde a biodiversidade se mantém vibrante, as nascentes são preservadas e o carbono é retido na vegetação, evitando sua liberação na atmosfera. Em um contexto global de emergência climática, essas áreas se tornaram barreiras naturais contra os efeitos das mudanças climáticas, contribuindo para a manutenção da temperatura, dos ciclos de chuva e do equilíbrio ambiental.
Atualmente, 60% do território paraense é composto por áreas protegidas, totalizando 75,6 milhões de hectares. Essa área inclui unidades de conservação federais, estaduais e municipais, além de terras indígenas, territórios quilombolas e áreas controladas pelas Forças Armadas. Nenhum outro estado brasileiro possui um patrimônio natural tão vasto. Desses, 21,1 milhões de hectares são unidades de conservação estaduais, administradas pelo Governo do Pará, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio). Essa área protegida equivale a mais da metade da Espanha.
As unidades de conservação estaduais paraenses são divididas em dois grupos principais, conforme o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC): Proteção Integral e Uso Sustentável. No Pará, 6,2 milhões de hectares são destinados exclusivamente à proteção
da natureza, com regras rigorosas de visitação e atividades humanas limitadas. Outros 14,9 milhões de hectares permitem que comunidades tradicionais, ribeirinhos, agricultores familiares e extrativistas vivam e produzam sem destruir a floresta, um modelo que alia conservação e economia sustentável.
O Pará possui 29 unidades de conservação estaduais, que abrigam rios essenciais para o abastecimento humano, áreas que regulam o clima, florestas que armazenam carbono e ecossistemas cruciais para milhares de espécies. Em um momento de aumento da temperatura global, secas extremas e eventos climáticos intensos, essas áreas atuam como um escudo ecológico. Sem elas, o desmatamento avançaria, a biodiversidade diminuiria e o regime de chuvas se tornaria ainda mais instável.
A história da gestão ambiental no Pará é marcada por importantes marcos. Antes de 1988, o tema era dividido entre órgãos estaduais. Em 1988, foi criada a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectam). Em 1989, surgiu a primeira Área de Proteção Ambiental (APA) estadual, no Marajó. A Lei Ambiental do Estado e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), nas décadas de 1990 e 2000, consolidaram a proteção. Em 2007, foi fundado o Ideflor, que, anos depois, se uniu à área de biodiversidade, resultando no Ideflor-Bio em 2015. Em 2023, a Lei da Política Estadual de Unidades de Conservação e o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (Peuc-Seuc) modernizaram as regras e garantiram maior segurança jurídica às unidades. Cada etapa fortaleceu o sistema de áreas protegidas, que hoje é um dos maiores do planeta.
Ellivelton Carvalho, diretor de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação do Ideflor-Bio, destaca que o Pará se tornou um exemplo mundial. Ele ressalta a importância das unidades de conservação para manter os serviços ambientais, como a regulação da temperatura, a preservação das nascentes e a garantia da chuva, que abastece cidades e plantações. A biodiversidade amazônica também encontra refúgio nessas áreas, com espécies ameaçadas, animais migratórios, polinizadores e árvores centenárias.
Crisomar Lobato, diretor de Gestão da Biodiversidade do Ideflor-Bio, enfatiza que a missão vai além da preservação territorial, abrangendo o cuidado com a floresta, o rio, as espécies e as comunidades que nela vivem. As unidades de conservação são territórios vivos onde as comunidades produzem sem destruir, com o Estado garantindo o equilíbrio entre uso e proteção.
A presença humana faz parte da história de muitas unidades de conservação paraenses. Em reservas extrativistas e áreas de uso sustentável, moradores retiram seu sustento da floresta de forma sustentável, com açaí, cacau, castanha, sementes e óleos que chegam ao mercado nacional e internacional.
Nilson Pinto, presidente do Ideflor-Bio, defende que a proteção da Amazônia requer diálogo e inclusão. O Pará aposta em um modelo que une conservação e produção, demonstrando que é possível manter a floresta em pé, gerar renda, preservar a cultura e proteger o clima. Esse trabalho é construído em parceria com as populações tradicionais, como Emival Borges, morador da Área de Proteção Ambiental (APA) Araguaia, em São Geraldo do Araguaia, e membro do Conselho Gestor da unidade. Ele relata a diferença de viver em uma área protegida, com rio limpo, peixe, caça e chuva na hora certa, destacando que proteger a APA é proteger a vida de quem depende dela.
Nilson conclui que, em um momento em que o mundo discute o futuro do planeta, o Pará mostra que a solução está em cuidar do que já existe: floresta em pé, água preservada, biodiversidade viva e população engajada. As Unidades de Conservação são o alicerce de um clima equilibrado para as próximas gerações.
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