A Polícia Civil de São Paulo atribui quatro homicídios a Ana Paula Veloso Fernandes, de 36 anos, apontada como serial killer que usou veneno para matar as vítimas, entre elas, um contato do aplicativo Tinder, um ex-locador, uma conhecida e o pai de uma amiga. Os crimes ocorreram entre janeiro e abril deste ano na capital paulista, Guarulhos e no Rio de Janeiro, com um padrão de manipulação, eliminação de vestígios e tentativa de incriminar terceiros. Ana Paula foi presa preventivamente em 4 de setembro, por determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
O primeiro caso confirmado foi o assassinato de Marcelo Hari Fonseca, de 50 anos, dono da casa onde Ana Paula morava de favor, em Guarulhos. Segundo a polícia, o crime ocorreu em 31 de janeiro. O corpo foi encontrado dias depois, em decomposição. Ana Paula chegou a afirmar à família da vítima que era inquilina e companheira dele. Em interrogatório, Ana Paula confessou que decidiu matar Marcelo após uma discussão. Ela disse que "limpou o local e queimou o sofá porque estava fedendo", reconhecendo ter apagado vestígios. Testemunhas relataram que, após o crime, ela mudou o cadeado da casa e impediu o acesso dos parentes da vítima.
O segundo homicídio foi o de Maria Aparecida Rodrigues, de 49 anos, morta entre 10 e 11 de abril de 2025, também em Guarulhos. O caso havia sido registrado como morte natural, mas laudos e exumação revelaram indícios de envenenamento com terbufós, conhecido como
“chumbinho”. Segundo o delegado Halisson Ideião Leite, Ana Paula manteve contato com Maria Aparecida poucos dias antes do óbito e esteve em sua casa, onde teria servido bolo com café. Ana Paula tentou incriminar o policial militar Diego Sakaguchi Ferreira pela morte de Maria Aparecida. Ela espalhou mensagens em grupos de conhecidos da vítima e nas redes sociais, insinuando que Diego mantinha um relacionamento oculto com Maria e que teria sido o “último a vê-la com vida”. A investigação revela que Ana Paula e Diego mantiveram um breve envolvimento amoroso, iniciado no começo de março, mas o relacionamento terminou quando ele percebeu “mudanças de humor e comportamentos controladores” por parte dela. A polícia descobriu que Ana Paula usou o celular da vítima para enviar mensagens ao próprio Diego, simulando conversas que sugeriam intimidade entre ele e Maria. A perícia digital confirmou que as mensagens partiram do aparelho de Maria, já sob posse da investigada. O delegado destacou que a serial killer "atuava de forma planejada e meticulosa, sempre manipulando pessoas e provas para encobrir seus rastros".
Em junho de 2025, a terceira vítima de Ana Paula Veloso Fernandes foi o tunisiano Hayder Mhazres, de 36 anos, que havia conhecido a mulher por meio de um aplicativo de relacionamento. O encontro ocorreu em São Paulo, onde os dois se viram pessoalmente pela primeira vez. Horas depois de tomar um milk-shake preparado por Ana, Hayder passou mal e foi levado às pressas ao hospital, mas não resistiu. O irmão da vítima relatou à polícia que Hayder vinha se queixando do comportamento obsessivo de Ana. Após a morte, os investigadores descobriram que Ana Paula tentou se passar por companheira e herdeira de Hayder, apresentando documentos e mensagens forjadas para comprovar uma suposta união estável. A manobra foi desmascarada quando o consulado recebeu o verdadeiro histórico da vítima, que não reconhecia qualquer relação conjugal com ela.
O último assassinato conhecido foi o de Neil Corrêa da Silva, no Rio de Janeiro, em 26 de abril de 2025. Segundo a investigação, Ana Paula foi contratada por Michele Paiva da Silva, filha da vítima. Mensagens de celular revelam que as duas chamavam as execuções de “TCCs”. Ana Paula recebeu dinheiro pelo serviço e contou que colocou veneno na comida de Neil. O ex-genro da vítima disse que “só Michele e Ana Paula estavam na casa quando Neil passou mal”. A investigação aponta que Michele agia como parceira intelectual, enquanto Ana Paula executava os envenenamentos. A Polícia Civil descobriu a participação de Ana Paula nos homicídios após cruzar laudos toxicológicos, rastreamentos telefônicos e mensagens recuperadas de celulares. As provas mostraram que ela esteve com todas as vítimas pouco antes das mortes e trocava mensagens com Michele Paiva da Silva sobre os envenenamentos. Laudos do Instituto de Criminalística confirmaram o uso do mesmo veneno (chumbinho) em todos os casos. A prisão de Ana Paula foi decretada pela Vara do Júri de Guarulhos, em 4 de setembro. Atualmente, a polícia investiga se Ana Paula ou Michele planejaram novos assassinatos.
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