Missão vs. Bolsonarismo e Novo: Novo Partido do MBL Promete Agitar a Direita!

Com registro aprovado, o partido Missão, ligado ao MBL, se lança na disputa presidencial, mirando jovens e rejeitando alianças com bolsonaristas e o Novo.

O partido Missão, ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), teve seu registro aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na terça-feira, dia 4. A sigla pretende lançar uma candidatura à Presidência da República, além de almejar governos estaduais. O partido já declara que não fará alianças com o bolsonarismo e com o partido Novo, o que indica uma ampliação da disputa eleitoral pela preferência do eleitorado de direita no Brasil. Renan Santos, que será o futuro presidente do partido, afirmou à Folha que a legenda pretende se opor ao governo Lula. Ele criticou o que considera falta de propostas no campo ideológico por parte de outros partidos de direita. Santos ressaltou que o Missão não compartilha das mesmas ideias de outras vertentes da direita. O MBL já havia demonstrado divergências com o ex-presidente Jair Bolsonaro durante seu mandato. Em 2021, o deputado Kim Kataguiri (União-SP), membro do MBL, lançou uma candidatura à presidência da Câmara com foco no impeachment de Bolsonaro, em meio à pandemia de Covid-19. Os atritos entre membros do MBL e bolsonaristas são comuns nas redes sociais. Oficialmente registrado, Renan Santos mantém suas críticas ao grupo e ao partido Novo. Ele declara que o Missão busca o público jovem que está insatisfeito com o governo atual e identifica espaço para crescimento no eleitorado liberal-conservador. Santos menciona que o Novo foca em um eleitorado específico, enquanto o Missão mira os jovens da geração

millennial e da geração Z. O dirigente também criticou os bolsonaristas, acusando-os de se limitarem a discutir anistia, enquanto o Missão aborda temas como a "desfavelização" e a classificação de facções criminosas como terroristas, uma proposta defendida por Donald Trump. Santos questionou a posição de Nikolas Ferreira, deputado do PL de Minas Gerais, sobre a "desfavelização". O termo ganhou força nas redes sociais com vídeos gerados por inteligência artificial que mostram favelas reurbanizadas. Renan associou o tema à "falta de autoridade do Estado para reprimir invasões" em suas redes sociais. A Folha procurou Nikolas Ferreira e o partido Novo, mas não obteve resposta. Renan afirmou que o Missão buscará candidatos que estejam alinhados com a agenda do grupo e que não pretende atrair nomes conhecidos de outras legendas. Para integrar o partido, os futuros candidatos deverão se comprometer com a agenda do Missão e se retratar de posicionamentos anteriores, se necessário. Nas redes sociais e no YouTube, alguns integrantes do grupo têm se destacado na defesa da agenda do MBL, como os influenciadores Paulo Cruz e Ricardo Almeida, e há expectativa de que sejam lançados como candidatos. O MBL declara ter 1.100 colaboradores. O professor André Borges Carvalho, da UnB, observa que a onda anticorrupção e a Operação Lava Jato, que impulsionaram o MBL a partir de 2014, perderam força. Ele vê uma direita dividida entre bolsonaristas e um campo conservador pró-mercado. Carvalho ressalta que uma candidatura de direita viável ainda precisa conquistar os votos do eleitorado de Bolsonaro. Renan rejeita a ideia de que a iniciativa do Missão possa favorecer a esquerda ao dividir a direita. Ele também descarta acordos regionais com bolsonaristas. A coleta das 589 mil assinaturas necessárias para o registro do partido foi financiada pela venda de livros com propostas do Missão. Renan não informou o valor arrecadado, mas estimou que o custo de cada assinatura enviada ao TSE ficou entre R$ 2 e R$ 3. O MBL surgiu há 11 anos, após os protestos de 2013, e elegeu representantes por outros partidos, como o União Brasil. O movimento foi abalado em 2022 após a divulgação de um áudio misógino do então deputado estadual Arthur do Val, que foi cassado.

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