1. Confesso, sinto uma pontada de inveja dos brasileiros. Desejo ardentemente estar presente na abertura da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo para vivenciar, em sua forma mais pura, o filme "Sirât", de Oliver Laxe. Considerado um dos melhores do ano —talvez da década— por sua ousadia e natureza selvagem, o filme se passa no Marrocos, no deserto, um local de místicos e renegados. A cena mostra uma multidão dançando em transe, embalada por música eletrônica. No cenário, surgem Luís e seu filho Esteban, em busca da filha e irmã desaparecida em uma rave no deserto. Eles distribuem fotos da jovem, mas ninguém a viu, ninguém sabe. Um grupo de ravers sugere que ela possa estar mais ao sul, perto da fronteira com a Mauritânia, onde haverá outra festa. Os olhos de Luís e do filho se iluminam com a notícia, e perguntam se podem acompanhá-los. O grupo hesita, ciente dos perigos do deserto. O carro de Luís é frágil demais para a vastidão do local. Ele insiste, e o filho também. Começa, então, um road movie trágico e espiritual que leva os viajantes aos limites do humano. A tragédia e a espiritualidade se complementam, pois a sensibilidade contemporânea afastou a tragédia de nossas vidas. Acreditamos que tudo depende de nossa vontade, mas a "tirania da contingência" se torna um conceito vago e cruel. Somos filhos do Iluminismo, mesmo que nos consideremos pós-modernos: a razão pode falhar, mas isso não significa entregar-se ao acaso. Nossos antepassados
Inveja Cinematográfica e a Imortalidade de Diane Keaton: A Reflexão de João Pereira Coutinho
Coutinho analisa o filme 'Sirât' e celebra a beleza atemporal de Diane Keaton, em um texto que mistura cinema, filosofia e memórias.

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