Hotel do Mar: A Saga Emocionante das Três Irmãs Retornadas e os Fantasmas do Passado

À noite, o autocarro da Mundial Turismo parou na Avenida dos Náufragos, em Sesimbra. Ali, no terceiro episódio do podcast “O Retorno das Três Irmãs”, encontram-se as irmãs Fernandes. Lília recorda a chegada em 1975: “Chegámos, era noitinha. Lembro-me sempre do bater das ondas. Muita confusão na minha cabeça. Senti-me perdida.” Portugal vivia um período de instabilidade política, com o turismo em declínio e hotéis vazios. Agostinho Tecelão, rececionista do Hotel do Mar, descreve a época como a mais difícil para a hotelaria. Enquanto isso, milhares de pessoas acumulavam-se no aeroporto de Lisboa, sem ter para onde ir. O Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais (IARN) fez acordos com hotéis, e os retornados começaram a ocupar os quartos. No Hotel do Mar, as irmãs Fernandes tentam se adaptar e recomeçar. Suzete volta à escola, Lília sente a perda da intimidade familiar, e o pai, José, retorna à pesca. Lília relembra o pai a trabalhar na doca e a construir um barco chamado Sesimbrense. A irmã mais velha, São, recebe a notícia inesperada de uma gravidez. Ela lamenta não ter tido mais filhos devido a decisões políticas. Jorge, o terceiro filho, nasceria no Hotel do Mar. O termo “retornado” era comum, até em documentos oficiais. Marques Valentim, fotojornalista na época, traduz o termo em imagens dos contentores em Alcântara e dos retornados à espera de barcos. Mais de 100 navios transportaram bens de quem fugia de Angola e Moçambique