Perfis no TikTok estão viralizando desinformação ao utilizar vídeos falsos que simulam programas jornalísticos, empregando a imagem de apresentadores e personalidades conhecidas para propagar notícias falsas, principalmente sobre política. Essas contas se aproveitam de uma linguagem sensacionalista e da aparência de noticiários reais para atrair visualizações e aumentar o engajamento. Uma investigação do Comprova, a pedido de seus leitores, revelou a atuação desses perfis que simulam programas jornalísticos para disseminar informações falsas. Os vídeos, muitas vezes, usam títulos como “URGENTE” e “NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA”, acompanhados de imagens de apresentadores ou políticos famosos, mas o conteúdo não é produzido por veículos de imprensa reais.
O Comprova identificou dois perfis com essas características que, juntos, somam mais de 173 mil seguidores e acumulam mais de 5 milhões de visualizações em seus vídeos individuais. Ambos os perfis adotam estratégias semelhantes e utilizam os rostos dos apresentadores norte-americanos Bill Maher e Stephen Colbert para veicular notícias sobre o governo brasileiro, sem informar que o conteúdo foi gerado por inteligência artificial.
Esta investigação tem como objetivo esclarecer como esses vídeos são criados e por que representam um risco para a circulação de informações confiáveis. Os criadores utilizam recursos de inteligência artificial para simular noticiários reais. Segundo Pedro                                
                                                                    
                                    
                                        
                                             Burgos, consultor em IA e professor do Insper, existem diversos modelos de IA disponíveis para a falsificação de vídeos. Os responsáveis pelos perfis utilizam trechos de vídeos dos apresentadores e, com a ajuda da IA, realizam a sincronização labial, o que pode ser percebido nos gestos repetitivos e nos olhos que piscam de forma estranha.
No TikTok, existe a opção de marcar o conteúdo como “Conteúdo gerado por IA”. No entanto, nos casos analisados, os perfis não utilizam essa marcação, o que pode levar o público a acreditar na veracidade das informações. De acordo com Liz Nóbrega, coordenadora de comunicação estratégica e inovação no Aláfia Lab e pesquisadora na USP, os vídeos podem violar tanto a legislação brasileira quanto as regras das próprias plataformas.
Esses perfis exploram a confiança do público em rostos conhecidos e no formato de programas jornalísticos para conferir credibilidade a informações falsas. A falta de transparência sobre o uso de inteligência artificial e o descumprimento das regras da plataforma aumentam o risco de desinformação e dificultam que o público identifique o que é real e o que foi manipulado digitalmente.
Bill Maher e Stephen Colbert fizeram poucas declarações sobre a política brasileira ao longo de suas carreiras. Em janeiro de 2024, Maher publicou no Instagram um vídeo de um trecho de seu talk show, afirmando que a Constituição brasileira está funcionando “bem melhor” do que a americana. Ele mencionou a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse que “depois de 8 de janeiro, quase todo o Brasil se voltou contra os golpistas e transformou Bolsonaro em pária”. Colbert também já abordou as invasões de 8 de janeiro em seu programa. Na época, ele postou um vídeo no Facebook, comparando o caso às depredações ao Capitólio, nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021. No entanto, nenhum dos dois aborda com frequência assuntos da política brasileira, o que reforça a hipótese de que as postagens dos perfis analisados foram geradas por IA.
Nos comentários das publicações dessas contas, internautas demonstram acreditar na veracidade dos vídeos. Na opinião de Nóbrega, a população permanece muito vulnerável no combate à desinformação. “Se a gente analisar os comentários desses vídeos, a gente consegue perceber muita gente perguntando se é real, e não é. Então, a população está muito vulnerável. É uma enxurrada de conteúdos que circula.” A pesquisadora explica que esse tipo de manipulação já ocorria na internet, mas exigia um conhecimento técnico mais especializado. “Hoje em dia, as pessoas conseguem encontrar qualquer ferramenta. É muito simples fazer buscas e encontrar ferramentas que permitem criar, por exemplo, um telejornal em 5 segundos, com apresentadores, você subir o vídeo de alguma pessoa, alguma autoridade pública, político e ter esse vídeo adulterado”, afirmou.
O UOL Confere consultou Liz Nóbrega, coordenadora de comunicação estratégica e inovação no Aláfia Lab e pesquisadora na USP, e Pedro Burgos, consultor em IA e professor do Insper, para obter informações sobre o assunto.
O Comprova explicou este assunto porque monitora conteúdos suspeitos em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta um tema que está gerando dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Para aprofundar seus conhecimentos, o Comprova já produziu outras matérias sobre o uso de inteligência artificial, como uma foto em que Zezé Di Camargo supostamente declarava apoio a Bolsonaro, mas que foi editada com inteligência artificial. O projeto também explicou o que é deepfake, uma técnica frequentemente utilizada para produzir desinformação.                                        
                                        
                                                                                    
                                                
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                                                                                                                                                                        com base em reportagem publicada em
                                                            
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Veja o artigo original aqui.
                                                                                            
 
                                                                             
                                                            
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