O senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro estão visitando o ex-presidente Jair Bolsonaro na sede da Polícia Federal nesta terça-feira, 25 de junho, onde ele está detido. As visitas estão programadas para ocorrer entre 9h e 11h. Os encontros foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e devem durar até 30 minutos. Ambos entrarão separadamente na cela onde Bolsonaro está. O quarto filho do ex-presidente, Jair Renan, fará a visita na quinta-feira, 27 de junho, seguindo as mesmas regras. Outras visitas precisarão de autorização do STF, com exceção das realizadas por médicos do ex-chefe do Executivo.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro visitou o marido na Superintendência da PF em Brasília no domingo, 23 de junho. Ela chegou ao local às 15h e a visita pôde durar até as 17h, conforme determinação da Justiça. Michelle não estava em casa quando Bolsonaro foi preso pela polícia no sábado, 22 de junho. O ex-presidente estava em casa, acompanhado da filha, do irmão mais velho e de um assessor.
A ordem de prisão foi emitida por Alexandre de Moraes após Bolsonaro tentar danificar a tornozeleira eletrônica com um ferro de solda. Na segunda-feira, 24 de junho, a 1ª Turma do STF confirmou a decisão do ministro, por unanimidade, mantendo o ex-presidente preso. Jair Bolsonaro havia sido colocado em prisão domiciliar em agosto por descumprimento das medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes.
No despacho de sábado, o ministro informou que o Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal constatou a violação da tornozeleira eletrônica às 00h08, o que indicaria uma tentativa de fuga “facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”.
Na noite de sexta-feira, 21 de junho, o senador Flávio Bolsonaro convocou uma vigília na porta do condomínio de Jair Bolsonaro. “Vigília pela saúde e liberdade do Brasil”, anunciou o filho do ex-chefe do Executivo. Contudo, para Moraes, a iniciativa visava gerar movimentação de pessoas no local e criar um possível ambiente de fuga.
Durante a audiência de custódia no domingo, 23 de junho, Bolsonaro não apontou “qualquer abuso ou irregularidade por parte das autoridades policiais” responsáveis pelo cumprimento do mandado de prisão. Apesar de ter admitido que mexeu na tornozeleira, o ex-presidente afirmou que “não tinha qualquer intenção de fuga e que não houve rompimento da cinta [da tornozeleira].”
Bolsonaro alegou ter tido uma “alucinação” de que havia alguma escuta na tornozeleira e, por isso, tentou abrir a tampa “com um ferro de soldar”. Ele também disse que começou a mexer na tornozeleira tarde da noite e “parou por volta de meia-noite”.
Jair Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã de sábado, 22 de junho, na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Ele está em uma ‘sala de Estado Maior’, destinada a autoridades como presidentes da República — o presidente Lula e o ex-presidente Michel Temer também ficaram detidos em salas da PF quando foram presos. Reformado recentemente, o espaço na sede da PF tem televisão, frigobar, armário e banheiro privativo. A decisão pela prisão de Bolsonaro ainda não marca o início do cumprimento da pena de reclusão.
O ex-presidente foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo STF por liderar uma organização criminosa em uma tentativa de golpe de Estado para se manter no governo. Um vídeo divulgado pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária mostra o estado da tornozeleira eletrônica de Jair Bolsonaro. Segundo relatório da Polícia Federal, o dispositivo tinha sinais de avaria e marcas de queimadura: “havia marcas de queimadura em toda sua circunferência, no local do encaixe/fechamento do case”. Em resposta, o ex-presidente informou que usou um ferro de solda para tentar abrir o equipamento.
No julgamento concluído em 11 de setembro deste ano, quatro dos cinco ministros da Primeira Turma consideraram Bolsonaro culpado pelos crimes de organização criminosa, golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. O único a divergir da condenação de Bolsonaro foi o ministro Luiz Fux, que, no início de novembro, solicitou transferência para a Segunda Turma do STF. Desde então, as decisões do colegiado têm sido tomadas pelos ministros Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, devido ao pedido de aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso.
Bolsonaro cumpria prisão preventiva em casa desde 4 de agosto deste ano por descumprir medidas cautelares impostas por Moraes. O ex-presidente participou, por meio de ligação telefônica, das manifestações bolsonaristas realizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, e a interação foi transmitida nas redes sociais, o que era proibido. Antes disso, Bolsonaro passou 17 dias, entre 18 de julho e 4 de agosto, monitorado por tornozeleira eletrônica, por determinação de Moraes. O ministro avaliou que ele e o filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), tentavam coagir a Justiça no curso da ação penal do golpe por meio de sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos. Foram identificadas transferências financeiras de Bolsonaro para Eduardo nos Estados Unidos, onde o parlamentar vive desde o início do ano em busca de influenciar a gestão Donald Trump a pressionar o STF pelo arquivamento da ação contra seu pai. A atuação de pai e filho junto ao governo norte-americano resultou em um inquérito conduzido pela PF para apurar obstrução de justiça e tentativa de interferência no processo em julgamento no STF. No sábado, 15 de junho, a Primeira Turma decidiu, por unanimidade, tornar Eduardo réu pelo crime de coação. O tema da prisão acompanha Bolsonaro há anos. O ex-presidente já declarou em várias ocasiões que não aceitaria ser preso. “Mais da metade do meu tempo, eu me viro contra processos. E até já falam que serei preso. Por Deus que tá no céu, eu nunca serei preso”, disse Bolsonaro, em um discurso para empresários em maio de 2022. Em agosto de 2021, o líder da direita foi ainda mais enfático ao dizer que teria apenas três alternativas de futuro: ser preso, morrer ou vencer. “Pode ter certeza que a primeira alternativa não existe”, emendou, ao discursar a apoiadores em Goiânia no auge da crise com o STF. Mais recentemente, Bolsonaro mudou seu discurso e disse estar preparado para ser preso a qualquer momento pela Polícia Federal. “Durmo bem, mas já estou preparado para ouvir a campainha tocar às seis da manhã: ‘É a Polícia Federal!’”, afirmou o ex-presidente em entrevista à agência de notícias Bloomberg. A PF cumpriu a ordem de prisão por volta das 6h da manhã na residência de Bolsonaro no condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico, Distrito Federal.
📝 Sobre este conteúdo
Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA
com base em reportagem publicada em
R7
. O texto foi modificado para melhor atender nosso público, mantendo a precisão
factual.
Veja o artigo original aqui.
0 Comentários
Entre para comentar
Use sua conta Google para participar da discussão.
Política de Privacidade
Carregando comentários...
Escolha seus interesses
Receba notificações personalizadas