A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal deu aval, nesta quarta-feira (26), a um projeto que visa modificar as regras do seguro rural. A iniciativa, proposta pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), recebeu parecer favorável do senador Jayme Campos (União-MT), que realizou alterações no texto original. O texto alternativo de Campos ainda necessita de uma votação suplementar na CCJ. Caso seja aprovado, seguirá para a análise da Câmara dos Deputados, a menos que haja um pedido para votação no Plenário do Senado.
Entre as principais mudanças, o projeto altera a lei que instituiu o seguro agrícola (Lei 8.171, de 1991), que passará a ser chamado de “seguro rural”, abrangendo não apenas a agricultura, mas também a pecuária, a aquicultura, a pesca e outras atividades produtivas no campo. O seguro rural cobrirá prejuízos causados por fenômenos naturais, pragas, doenças e outros fatores que afetem as atividades rurais. O relator incluiu também a cobertura de perdas em bens e animais utilizados na produção rural, além da recuperação de áreas degradadas como parte das ações de política agrícola.
Jayme Campos define o seguro rural como um instrumento da política agrícola e de seguros, voltado para a proteção do produtor rural, a eficiência do setor e a melhor utilização dos recursos públicos. O texto estabelece que as condições contratuais dos seguros rurais devem estar em conformidade com a Lei 15.040, de 2024 (que trata
do seguro privado), incluindo cláusulas obrigatórias sobre prazos de comunicação e liquidação de sinistros.
O projeto prevê que o Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural, ligado ao Ministério da Agricultura, estabeleça comissões consultivas com a participação do setor privado, incluindo seguradoras e produtores rurais. O comitê também será responsável por regulamentar as informações que as seguradoras devem fornecer em operações de seguro subvencionado.
Uma alteração importante diz respeito à relação entre o seguro rural e o crédito rural. O projeto autoriza o poder público a conceder benefícios aos produtores que contratarem seguro rural, como juros menores, prazos e limites maiores, prioridade no acesso ao crédito rural e financiamento do prêmio do seguro. Esses incentivos poderão ser acumulativos. O projeto também modifica a Lei 10.823, de 2003, que permite ao Executivo patrocinar parte do valor do seguro pago pelo produtor rural. Para ter acesso à subvenção econômica, o produtor precisa fornecer dados sobre sua atividade agropecuária. O texto alternativo de Jayme Campos inclui como critério de diferenciação da subvenção as condições contratuais dos seguros, priorizando aqueles que reduzem riscos, incentivam o uso de tecnologia ou promovem a recuperação ambiental.
O projeto também altera a Lei Complementar 137, de 2010, que autoriza a União a participar como cotista de um fundo destinado à cobertura suplementar dos riscos do seguro rural. O relator determinou que a integralização de cotas pela União será autorizada por decreto e poderá ser feita pelo ministro da Fazenda. As fontes de recursos incluem imóveis, ativos ou direitos da União, além de recursos orçamentários e outros bens. O texto determina que o conselho diretor do fundo estabeleça condições para a concessão da cobertura suplementar, garantindo sua solvência. O fundo também poderá adquirir Letras de Risco de Seguros (LRS) como forma de transferência de risco, desde que respeitadas as regras equivalentes às demais modalidades de cobertura. O estatuto do fundo não permitirá o pagamento de rendimentos aos cotistas, mas permitirá o resgate de cotas com base na situação patrimonial.
Na justificativa do projeto, Tereza Cristina ressalta os riscos enfrentados pelos produtores rurais, que estão sujeitos a adversidades climáticas e sanitárias, além dos riscos inerentes a qualquer atividade empresarial. Jayme Campos destaca a necessidade de modernizar a legislação, especialmente diante das recorrentes perdas de safras nos últimos anos, que têm prejudicado muitos produtores. Ele ressalta os impactos negativos na capacidade financeira dos produtores, na cadeia de negócios da agropecuária e na formação de renda dos municípios. Campos também mencionou a diminuição dos recursos destinados ao seguro rural, de R$ 1 bilhão há três anos para R$ 400 milhões em 2025, enfatizando a importância do governo em apoiar o setor, que contribui para a segurança alimentar global.
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