KUALA LUMPUR, Malásia - Ministros das Relações Exteriores do Sudeste Asiático iniciaram as negociações no sábado, preparando o terreno para uma cúpula histórica da ASEAN. O evento marcará a entrada oficial do Timor Leste como o 11º membro do bloco e a primeira viagem do presidente dos EUA, Donald Trump, à Ásia desde que retornou à Casa Branca. A reunião serve como um prelúdio para a cúpula anual da Associação das Nações do Sudeste Asiático, que começa no domingo em Kuala Lumpur, seguida por dois dias de encontros de alto nível com parceiros importantes, incluindo China, Japão, Índia, Austrália, Rússia, Coreia do Sul e EUA. Espera-se que os líderes se concentrem em segurança regional, resiliência econômica e disputas marítimas, com as tarifas dos EUA e as mudanças nos padrões comerciais globais em destaque nas discussões. Uma cúpula separada dos líderes da Parceria Econômica Regional Abrangente — o maior bloco comercial do mundo, abrangendo a ASEAN e cinco parceiros: China, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia — se reunirá pela primeira vez desde 2020. Sua retomada ocorre em um momento em que as economias regionais buscam estabilizar os fluxos comerciais, em um momento em que as medidas tarifárias de Washington abalaram os mercados e testaram décadas de globalização. Além de Trump, o primeiro-ministro chinês Li Qiang e a recém-empossada primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, estão entre mais de uma dúzia de
líderes que participarão da cúpula da ASEAN e reuniões relacionadas. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa também participarão como novos parceiros de diálogo setorial — parte do esforço do primeiro-ministro malaio Anwar Ibrahim para aprofundar os laços econômicos da ASEAN com a África e a América Latina. A viagem de Trump marca seu primeiro encontro da ASEAN desde 2017 e sua primeira viagem à Ásia em seu segundo mandato. O último presidente dos EUA a participar de uma reunião da ASEAN foi Joe Biden em 2022. Autoridades afirmam que Trump deve testemunhar novos acordos comerciais dos EUA, inclusive com a Malásia. Espera-se também que Trump presida a assinatura de um cessar-fogo ampliado entre Tailândia e Camboja, após confrontos fronteiriços entre os países no início deste ano. O acordo de cessar-fogo foi intermediado em Kuala Lumpur em julho com o apoio da ASEAN e sob a ameaça de Trump de suspender as negociações comerciais. “A presença de Trump reflete um raro momento de envolvimento presidencial direto dos EUA na região”, disse Joanne Lin, co-coordenadora do Centro de Estudos da ASEAN do Instituto ISEAS–Yusof Ishak em Cingapura. Isso sinalizou que Washington ainda vê valor na ASEAN como parte de seu alcance no Indo-Pacífico, disse ela. “Mas mais do que aprofundar o envolvimento dos EUA, esta visita é sobre visibilidade. Trump quer se projetar como um negociador global em um momento em que suas políticas internas, especialmente as tarifas, desestabilizaram os principais parceiros da região”, disse Lin. A segurança foi intensificada em Kuala Lumpur antes de protestos planejados contra a visita de Trump, particularmente sobre a posição de seu governo sobre a questão palestina. Anwar disse que o governo permitiria manifestações pacíficas, mas prometeu que as reuniões prosseguiriam sem problemas. Embora Anwar tenha reconhecido que alguns críticos podem ter chamado Trump de anti-muçulmano, Anwar elogiou Trump por ajudar a intermediar um cessar-fogo em Gaza “o que é quase impossível em condições normais”. A Malásia, no entanto, mantém que a trégua não resolveu a questão palestina e pretende levantar a questão diretamente com Trump durante a cúpula, disse Anwar. A cúpula deste ano marca um marco para a ASEAN, pois recebe um novo membro pela primeira vez em 26 anos. Foi uma jornada longa, mas gratificante para o Timor Leste, também conhecido como Timor Leste, que solicitou a adesão em 2011. O último membro a aderir à ASEAN foi o Camboja em 1999. A integração da nação mais jovem e pobre da região — com apenas 1,4 milhão de pessoas — está sendo saudada como um passo simbólico para a inclusão regional. O Timor Leste foi uma colônia portuguesa por mais de quatro séculos antes da invasão da Indonésia em 1975. Seguiu-se uma brutal ocupação de 24 anos, que ceifou dezenas de milhares de vidas por meio de conflitos, fome e doenças. Um referendo supervisionado pela ONU em 1999 abriu caminho para a independência, que foi formalmente restaurada em 2002. A adesão à ASEAN dá ao Timor Leste acesso aos acordos de livre comércio do bloco, oportunidades de investimento e um mercado regional mais amplo — vital para a diversificação de uma economia há muito dependente do petróleo e gás. “Eles são pobres, sim, mas ainda têm potencial. Como comunidade, é nosso dever apoiar esses países”, disse Anwar. Os líderes também devem discutir pontos críticos, incluindo a disputa do Mar do Sul da China, a guerra civil de Mianmar e a disseminação de redes de golpes transfronteiriços. Durante as reuniões, a ASEAN assinará um pacto de livre comércio aprimorado com a China e continuará as negociações sobre um código de conduta há muito adiado para a hidrovia contestada. Enquanto isso, a guerra civil desencadeada pela tomada militar de Mianmar em 2021 continua a testar a unidade da ASEAN, com os líderes do governo militar ainda impedidos de participar de cúpulas após não cumprirem o Consenso de Cinco Pontos de 2021 do bloco sobre paz e diálogo. Os planos de Mianmar para eleições em dezembro — rejeitados pelos críticos como nem livres nem justas — colocaram o bloco em uma situação difícil e serão discutidos na cúpula. O governo militar convidou as nações da ASEAN a enviar observadores eleitorais, mas aceitar poderia ser visto como legitimar o regime, enquanto a recusa corre o risco de isolar ainda mais Mianmar e enfraquecer a influência da ASEAN. “A questão maior é o que acontece após a votação: se a ASEAN continuará a não convidar os representantes políticos de Mianmar para futuras cúpulas se a junta reivindicar legitimidade por meio desta eleição”, disse Lin, a analista de Cingapura.
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