Padre na Síria Revela: 'Posso Usar Batina, Mas...'

Missionário em Alepo fala sobre a fé, a pobreza e a relação com muçulmanos. Descubra como a devoção mariana une cristãos e a situação após a guerra.

Em Alepo, na Síria, o padre Hugo Fabian Alaniz compartilha suas experiências. Há oito anos na cidade e mais de três décadas em missão no mundo árabe, o padre Alaniz participou da Red Week, da Fundação AIS, em Portugal, onde abordou a pobreza na Síria, a devoção mariana e a relação entre cristãos e muçulmanos. Ele afirma que há muita abertura e respeito. A Síria está em recuperação lenta após a guerra civil. O padre Alaniz relata que muitas famílias ainda enfrentam dificuldades. Em entrevista, ele explica que a pobreza extrema é um desafio, com pouco trabalho disponível. A infraestrutura foi danificada e saqueada, com máquinas levadas para a Turquia. Um relatório da ONU apontou que 92% da população vivia no limiar da pobreza e 70% em situação de indigência. Embora a situação tenha melhorado um pouco, a falta de emprego e os altos preços continuam sendo problemas. Natural da Argentina e membro do Instituto do Verbo Encarnado, o padre Alaniz foi ordenado em 1996 e é licenciado em Islamologia e Estudos Árabes. Sua missão no Médio Oriente começou no Egito e na Jordânia, e agora na Síria. Alepo, que já foi o centro econômico do país, foi destruída pela perseguição de radicais islâmicos e pela guerra civil. A congregação missionária, presente também em Gaza, oferece apoio pastoral e ajuda material, com foco nos idosos que sobreviveram à guerra. Eles mantêm uma cozinha comunitária e oferecem assistência domiciliar. O padre Alaniz

destaca a importância da Igreja Católica na Síria e o respeito pelos sacerdotes. Apesar das restrições à liberdade religiosa, não há intolerância como em outros lugares. Ele explica que, embora a liberdade de culto seja limitada aos espaços da igreja, é possível usar a batina com cautela. Em Alepo e na Síria, ele observa grande abertura e respeito por parte dos muçulmanos. O missionário ressalta que a religião é fundamental na identidade síria. Ele observa que, ao contrário do Ocidente, no Médio Oriente a religião é central. As pessoas discutem sobre diversos temas, mas não sobre religião com amigos, pois é um assunto privado. A primeira pergunta que se faz é sobre a religião, não para estigmatizar, mas para entender a pessoa. Os católicos na Síria demonstram forte devoção mariana, com ligação a Fátima. O padre Alaniz ficou impressionado com as jovens que se vestem como Maria durante todo o mês de maio, demonstrando sua fé publicamente. Ele contrasta essa coragem com a hesitação no Ocidente em falar sobre a fé. Ele questiona o medo em expressar a fé. O padre Hugo Alaniz participa da Red Week, iniciativa da Fundação AIS que visa alertar sobre a perseguição aos cristãos e promover a liberdade religiosa. Ele celebrará uma missa em Fátima e visitará outras dioceses em Portugal, apresentando o relatório da AIS sobre perseguição religiosa no mundo.

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