Ministros da Fazenda e banqueiros centrais de mais de 190 países se reúnem esta semana em Washington para discutir a economia global. No entanto, a crescente tensão comercial entre os Estados Unidos e a China lança incertezas e preocupações sobre as reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM).
Após um período de relativa calma nas disputas comerciais nos últimos cinco meses, durante os quais as tarifas sobre produtos chineses foram reduzidas de níveis muito altos, o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou novamente impor tarifas de 100% sobre produtos chineses. Este anúncio causou novas turbulências nos mercados financeiros e prejudicou seriamente o otimismo sobre uma possível continuação do diálogo entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping, que era esperado para outubro. Segundo relatos do The Economist, Reuters e Financial Times, o ressurgimento das tarifas ameaça significativamente o acordo comercial frágil alcançado entre as duas maiores economias do mundo e cria novos obstáculos para o crescimento global.
A Reuters destaca que a aplicação dessas tarifas sobre as principais exportações chinesas, como as terras raras necessárias para alta tecnologia, poderia desencadear uma escalada do conflito comercial, que poderia nos levar de volta a uma fase de bloqueio comercial total. Além da ameaça de tarifas de Trump, novas contramedidas chinesas adicionam incerteza. Em resposta às taxas americanas sobre navios
em portos dos EUA, a China introduziu suas próprias taxas sobre navios americanos ou aqueles ligados a proprietários e fundos de investimento americanos.
As reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, que contam com a participação de mais de dez mil representantes de todo o mundo, serão marcadas por essas importantes questões comerciais este ano. Martin Muehleisen, ex-analista estratégico-chefe do FMI, agora no Atlantic Council, relata para a BBC que as ameaças de Trump, embora talvez motivadas por táticas de negociação, podem trazer volatilidade significativa para o andamento das reuniões. “Esperamos que o bom senso prevaleça. Se Trump realmente implementar tarifas de 100% sobre produtos chineses, os mercados e investidores sentirão grandes consequências”, comentou.
Apesar do domínio chinês no segmento de minerais raros, cruciais para a produção tecnológica, Pequim aparentemente não está interessado em uma guerra comercial total, pois isso prejudicaria sua economia a longo prazo. Apesar dessas tensões, o FMI relatou na semana passada, antes da escalada do conflito comercial, uma surpreendente resiliência da economia global. Kristalina Georgieva, diretora do FMI, em entrevistas à Reuters e ao The Wall Street Journal, destacou que a estimativa da taxa de crescimento do PIB global em 2025 é de aproximadamente três por cento. Essa estimativa está muito próxima da projeção anterior para 2024, que era de 3,3%, então o crescimento em 2025 é apenas ligeiramente inferior à previsão do ano anterior, mais precisamente, cerca de 0,3% da taxa de crescimento esperada em 2024. No entanto, Georgieva enfatiza que os riscos aumentaram e é hora de maior cautela: “Estamos testemunhando uma incerteza excepcional. Os riscos negativos ainda dominam, portanto, é importante monitorar a situação e não relaxar muito cedo.”
Em relatórios do Business Insider e Forbes, foi confirmado que os EUA tentarão promover nas reuniões uma mudança nas ações do FMI e do Banco Mundial, de questões climáticas e de gênero para metas fundamentais como estabilidade financeira e desenvolvimento econômico. As reuniões também marcam a estreia pública do novo vice-diretor do FMI, Dan Katz, ex-banqueiro de investimentos e próximo colaborador de Bessent, o que será de grande interesse para os países membros.
A Reuters destaca que as medidas do governo americano em apoio à economia argentina também serão monitoradas em Washington, considerando que a Argentina é um dos maiores devedores do FMI, e seu presidente, Javier Milei, conhecido por suas posições libertárias, vem acompanhado de aliados de Trump. Georgieva avaliou essa ajuda como crucial para a continuidade das reformas de mercado na Argentina. Por outro lado, especialistas como Muehleisen alertam que existe o risco de transformar o FMI em um instrumento político dos EUA, especialmente na pressão sobre a China e no aumento da ajuda a aliados como a Argentina. Isso poderia enfraquecer as condições de reforma, reduzir a eficácia das medidas e prejudicar a neutralidade do Fundo, transformando-o em uma ferramenta de interesses geopolíticos. “A questão é se o FMI ainda é uma instituição global e multilateral ou está se tornando uma extensão do Departamento do Tesouro dos EUA”, concluiu para o Financial Times.
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