Absolvição no Caso Ninho do Urubu: Pais das Vítimas Choram por Justiça Negada

Revolta e indignação marcam a decisão da Justiça do Rio que absolveu os réus no caso do incêndio no Ninho do Urubu. Familiares clamam por justiça e responsabilização.

A decisão da Justiça do Rio de Janeiro em absolver os sete réus envolvidos no incêndio do Ninho do Urubu, em 2019, provocou revolta e um profundo sentimento de impotência entre os familiares das vítimas. O pai de Bernardo Pisetta, um dos jovens jogadores que perderam a vida na tragédia, expressou a dor e a indignação diante da falta de responsabilização. "Sentimento de impotência, de ser ninguém, de ser um lixo, de não ter valor de vida. Como morrem 10 crianças e ninguém é responsabilizado? Não podemos deixar assim", lamentou o pai emocionado. O juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital, justificou a absolvição pela ausência de provas que demonstrassem a contribuição direta dos acusados para o incêndio. O magistrado ressaltou que a responsabilização criminal não pode ser baseada apenas no cargo ocupado, sem evidências concretas de ação ou omissão que levassem ao resultado trágico. Darlei Pisetta, pai de Bernardo, criticou a decisão, temendo que ela possa abrir caminho para novas tragédias. Bernardo, que tinha 14 anos, sonhava em ser jogador de futebol e havia se mudado para o Rio de Janeiro para perseguir esse sonho. "O sentimento é de que a justiça não está sendo feita. Sensação de impunidade, de não ter valor às nossas vidas", declarou Darlei. Ele enfatizou a necessidade de responsabilizar alguém e cobrar dos órgãos públicos, para que tragédias como essa não se repitam. Alba Valéria e Wanderlei

Dias, pais de Jorge Eduardo Santos, também expressaram sua dor e indignação em uma nota. Eles descreveram o vazio e o silêncio que a morte do filho deixou, e afirmaram que a justiça falhou com seus filhos mais uma vez. Andreia Oliveira, mãe de Christian Esmério, usou as redes sociais para criticar a decisão, descrevendo a justiça brasileira como uma vergonha que só existe para os poderosos. O Ministério Público do Rio (MPRJ) anunciou que irá recorrer da decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). O incêndio, ocorrido em fevereiro de 2019 no Centro de Treinamento Presidente George Helal, resultou na morte de 10 adolescentes e deixou outros três feridos. O MPRJ havia solicitado a condenação dos acusados, argumentando que o incêndio poderia ter sido evitado, pois o local operava de forma irregular, sem autorização e sem certificado do Corpo de Bombeiros. O órgão também apontou falhas nos contêineres usados como dormitórios, como janelas com grades, portas de correr com problemas, ausência de sistema contra incêndio e materiais inflamáveis. Os réus absolvidos foram: Antônio Márcio Mongelli Garotti, ex-diretor de Meios do Flamengo; Marcelo Maia de Sá, ex-diretor adjunto de Patrimônio (Obras); Edson Colman da Silva, sócio proprietário da empresa de manutenção dos ares-condicionados; Fábio Hilário da Silva, engenheiro elétrico da NHJ; Cláudia Pereira Rodrigues, diretora Administrativa e Comercial da NHJ; Weslley Gimenes, engenheiro civil da NHJ; e Danilo da Silva Duarte, engenheiro de produção da NHJ. Em fevereiro, a punibilidade de Eduardo Carvalho Bandeira de Mello, então presidente do clube, foi extinta. Carlos Noval e Luiz Felipe Pondés já haviam sido retirados do processo, e Marcus Vinicius Medeiros foi absolvido.

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