A ideia pairava sobre a mesa, um incômodo para a classe média: trabalhar em um supermercado para sobreviver. Maria comentou sobre Augusto, colega de turma, agora empregado em um supermercado, com um tom de pesar. Edson sentiu a tristeza na voz dela. Carlos, por sua vez, mencionou Amanda, que trabalhava na Uber, com uma clara aversão à ideia. Edson, incomodado, rebateu que "trampo é trampo". Carlos discordou silenciosamente, enquanto analisavam o cardápio em um bar próximo à Praça da República. A questão era clara: a vergonha de trabalhar em funções consideradas inferiores para a classe média. Edson recordou o último contratempo de Carlos, o cancelamento de uma conexão aérea. Carlos, dono de pizzarias, reclamava da dificuldade em encontrar bons funcionários, com sua frase favorita: "Ninguém mais quer trabalhar nesse país". O garçom chegou e Carlos pediu um negroni. Maria, que normalmente confrontaria Carlos, optou por pedir uma gin tônica, priorizando outros aspectos da vida, como o trabalho, os encontros, o cachorro e a gata, além de filmes e séries. Edson refletia sobre a lei não declarada que desvaloriza o trabalho braçal no Brasil, traços da escravidão, como Maria mencionaria. Carlos, em um momento de ostentação, relatou que já havia limpado banheiros em um intercâmbio na Austrália. Edson se identificava com ambos, cultivando uma angústia sobre o futuro, pois seu presente profissional era instável. Professor em universidade privada e sócio
Vergonha Alheia? A Classe Média e o Tabu do Trabalho: Supermercado, Uber e a Crise de Identidade
Entre bares e dilemas, a classe média brasileira enfrenta o estigma do trabalho, dividida entre a sobrevivência e a busca por status. Uma reflexão sobre valores e o que realmente importa.
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