José Mourinho prevê poucas mudanças no time titular do Benfica para o confronto contra o Chaves, válido pela Taça de Portugal. O treinador expressou o desejo de conquistar sua primeira final como técnico do Benfica na competição, buscando corrigir o que considera uma injustiça. "O Benfica tem uma história fantástica com a Taça de Portugal. Tem uma a menos do que as que deveria ter, porque a Taça da época passada, todos sabemos, devia ter sido do Benfica e não foi por motivos um bocadinho estranhos", comentou o técnico, referindo-se à final da temporada anterior. Na final de 2024/25, a equipe de arbitragem não expulsou Matheus Reis por uma falta em Andrea Belotti, o que teria deixado o Sporting com dez jogadores. Cinco minutos depois, os leões empataram a partida e, no tempo extra, conquistaram a vitória. Mourinho não relaciona o episódio com o ambiente conturbado do futebol português, que "é quase uma coisa histórica". As declarações foram dadas na conferência de imprensa de antevisão da partida contra o Chaves, pela terceira eliminatória da Taça de Portugal, agendada para sexta-feira às 19h30. O Benfica entrará em campo com Samuel Soares na baliza, sem Richard Ríos. Sobre o que esperar do Chaves, Mourinho afirmou: "É o típico jogo de Taça de Portugal, como uma equipa de uma divisão inferior mas não de um futebol de divisão inferior. É uma das equipas mais fortes da II Liga, é uma boa equipa que exigirá de nós seriedade. A começar por
mim, sendo capaz de transmitir essa seriedade aos jogadores. É respeito pelo Benfica, respeito pelos adeptos do Benfica, pelo significado que a Taça de Portugal tem na história do clube e respeito pelo Chave, pelo seu treinador e os seus jogadores, que têm qualidade. Há que ir com seriedade. Se ganharmos, as coisas serão vistas com naturalidade. Se não ganharmos, as coisas não serão vistas com naturalidade e isso tem de ser visto com peso. Temos melhorado, temos utilizado bem os jogos para melhorar com eles. Vamos fazer isso também amanhã. Vou mudar muito pouco a equipa.” Sobre a pausa para as seleções, o treinador comentou: "Foi boa, porque acabámos por ter um grupinho maior do que estávamos à espera. O Enzo [Barrenechea] e o [Samuel] Dahl acabaram por não ir à seleção, o Joshua [Wynder] foi eliminado nos quartos de final e voltou. O grupo foi crescendo e não tivemos mais treinadores que jogadores. Acabou por ser um trabalho positivo para os que não foram e a própria utilização dos jogadores nas seleções, neste caso a não utilização, acaba por ter um lado positivo, porque não vêm carregados de minutos, e negativo, porque muitas das vezes nas seleções não se treina muito ou o treino é mais virado para a tática específica do jogo e quem não joga não treina muito. Hoje tivemos condições para jogar bem e estamos preparados.” Sobre os riscos do jogo com o Chaves, Mourinho disse: "O risco é não jogar bem. O risco não é o Chaves fazer um jogo fantástico, que será normal e acredito que vai acontecer; o risco é nós não o fazermos. A preparação do jogo foi nesse sentido. Tivemos muito tempo para analisar o Chaves e tentámos trabalhar à volta dos pontos mais fortes e mais fracos. Vamos ter de jogar bem, porque se não, vamos ter dificuldades.” Mourinho relembrou seu histórico na Taça: "Já ia mentir. Ia dizer que nunca fui eliminado da Taça de Portugal, já ia mentir, porque fui, com a União de Leiria. Nas duas épocas seguintes, fui a duas finais, ganhei uma e perdi outra, e gostava de voltar. O Benfica tem uma história fantástica com a Taça de Portugal. Tem uma a menos do que as que deveria ter, porque a Taça da época passada, todos sabemos, devia ter sido do Benfica e não foi por motivos um bocadinho estranhos. Mas o Benfica tem tradição de Taça e eu tive sorte de ir ao Jamor pequenino ver o meu pai jogar, vi o meu pai como treinador uma vez, e depois fui lá inúmeras vezes e vi Benfica, Porto, Sporting, Vitória de Setúbal. O Jamor continua a ser qualquer coisa que me está 'under the skin', ainda mexe comigo. Nunca tendo jogado uma final da Taça de Portugal como treinador do Benfica, é algo que gostava de fazer. Hoje e amanhã, a Taça de Portugal é muito mais importante que a Champions. No sábado, a Champions será mais importante que a Taça de Portugal.” Sobre o ambiente conturbado entre os presidentes dos clubes, Mourinho afirmou: "Não quero entrar nesse contexto, limito-me a ser treinador e a olhar para os jogos com olhos de treinador, mesmo quando não está uma das minhas equipas envolvida. Aquela final de Taça teve muito simplesmente, resumo a isto, um trabalho infeliz da equipa de arbitragem, incluindo os videoárbitros, que neste momento às vezes são muito mais importantes que os de campo. Limito-me a olhar para isto com olhos de treinador. Os problemas entre os presidentes dos grandes, acho que é quase uma coisa histórica. Mas depois, quando as emoções desvanecem, vem o sentimento de que têm de estar unidos em prol do desenvolvimento do futebol português e na resolução de alguns problemas. Para quem é português, para quem já não vive em Portugal há 25 anos mas é como se vivesse, porque sempre acompanhei como se estivesse cá, não é nada de novo, não é nada de alarmante. Não vejo nenhum drama nisso nem qualquer coisa que me preocupe.” Sobre a arbitragem da final da Taça da temporada passada, Mourinho comentou: "Às vezes, os árbitros erram e às vezes erram de maneira decisiva no resultado do jogo. Preocupo-me em olhar sempre para isso da perspetiva do treinador. O treinador erra, os jogadores erram, os árbitros erram. E quando infelizmente os erros se traduzem em alterações importantes à verdade do jogo, é um bocadinho mais mediático e difícil de aceitar, mas olho para isso com olhos de treinador, não de comentador ou de dirigente.” Sobre a baliza, Mourinho confirmou: "Amanhã joga o Samuel [Soares], mas não se trata de uma competição para o Trubin e uma para o Samuel. De todo. Espero, obviamente, ganhar, e depois jogar com o Atlético ou o Felguerias, e não posso garantir que é o Samuel que vai jogar no próximo jogo da Taça de Portugal. É uma decisão relativa a este jogo. O Samuel é um ótimo guarda-redes, ainda não jogou comigo. Fui sempre, com ele e outros jogadores, na direção da estabilidade. Ele trabalho muito, merece jogar, ficou aqui connosco. O Trubin jogou dois jogos nos últimos 15 dias, o Samuel não jogou, ficou cá, e sim, vai ser titular.” Sobre os poucos golos marcados, Mourinho explicou: "Nos dois últimos jogos não marcámos golos mas podíamos ter marcado. Não tivemos 10, 15, 20 oportunidades de golo, mas tivemos as suficientes para fazer e para ganhar em jogos daquela dimensão. Ou no mínimo, contra o Chelsea, para marcar e empatar. Nos outros jogos, os golos marcados não foram suficientes, mas fizemos três ao AVS e três ao Gil Vicente, que nos permitiram ganhar. O melhoramento dos nossos números tem a ver com o trabalho que temos de fazer e a introdução de algumas novas ideias, os níveis de confiança dos jogadores, que têm de melhorar, e temos de partir de uma base de estabilidade, que também é estar bem organizado defensivamente, a equipa sentir-se cómoda e nunca se sentir dominada. Podem dizer o que quiserem: eu tenho 1.200 jogos no banco, ser criticado por alguém que não tem um único minuto não é dramático. Mas a minha ideia prevalece: até agora, não fomos dominados em jogo nenhum. Uma coisa é jogar defensivamente e ser dominado, e ter de defender muito, e outra coisa é jogar muito bem organizado, com grande consciência e grande tranquilidade, e não ser dominado. E nós nunca fomos dominados, nem pelo Chelsea, nem pelo Porto.” Mourinho comentou sua relação com Simão Sabrosa: “Quando o Simão Sabrosa foi para o Barcelona, era eu que o esperava no aeroporto. Era um menino talentoso do futebol português, que ia para um gigante europeu e que tinha à sua espera um português que lhe pôde dar uma mão desde o primeiro dia. Eu já tinha dois anos de clube e criei com ele — não quero dizer relação de pai e filho, porque eu não sou assim tão velho e ele não é assim tão novo — uma relação quase de irmão mais velho. A minha relação com o Simão é de muito carinho, porque começou aí. Ainda não falámos desse jogo, porque eu tenho uma característica muito importante: lembro-me muito mais dos momentos bons que dos momentos maus. Mas claro que recordo. Recordo também descer as escadarias como vencido e lembro-me perfeitamente de muito benfiquista dizer-me: 'vá lá, vá lá, que agora vais ser campeão europeu'. Não se só quiseram ser simpáticos, mas tenho essa recordação de descer como vencido e, em vez de ser picado ou humilhado pelo adepto vencedor daquela final, de ter sido estimulado positivamente.” Sobre a preferência por jogar na sexta-feira, Mourinho disse: "Aqui o erro é só um, é que nos devia ter tocado o Águias da Musgueira, o Oriental, o Cultural da Pontinha... tínhamos tantas opções e veio tocar-nos o Chaves. E tivemos sorte de não nos ter tocado o Ourense, que ainda é um bocadinho mais longe. Esse é o grande problema. Obviamente que tem de ser sexta, já vamos chegar a Lisboa madrugada fora no sábado. Vamos ter de viajar segunda, vamos ter de jogar na terça [para a Liga dos Campões]. Prefiro perder um dia relativamente à chegada dos jogadores da seleção e ganhar um dia na preparação para o outro jogo. Diria até que a maioria dos jogadores que vai começar o jogo amanhã não é gente que acabou de chegar. Tem de se tomar opções. O [Richard] Ríos amanhã não joga. É o último a chegar, não treina com a equipa. Mas obviamente que prefiro jogar sexta e terça.”
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