Por CIVICUS, segunda-feira, 13 de outubro de 2025, Inter Press Service. CIVICUS discute os desaparecimentos forçados no México com um membro da International Network of Associations of Missing Persons. A crise de desaparecimentos no México atingiu proporções alarmantes, com mais de 52.000 corpos não identificados em necrotérios e valas comuns. Em 1º de julho, o Congresso mexicano aprovou mudanças controversas na Lei Geral sobre Desaparecimentos, que prometem modernizar o processo de busca por meio de um sistema biométrico nacional, mas que organizações de direitos humanos e grupos de vítimas afirmam que poderiam estabelecer um sistema de vigilância em massa sem precedentes.
Quais são as principais mudanças e como elas afetarão as buscas? As mudanças buscam fortalecer os mecanismos de busca, localização e identificação de pessoas desaparecidas. As principais inovações incluem a criação de um Banco de Dados Nacional de Arquivos de Investigação e uma Plataforma Única de Identidade que integrará vários bancos de dados. A lei revisada também prevê o fortalecimento do Código Único de Registro de População (CURP) por meio da incorporação de dados biométricos, como digitalização da íris, fotografias e impressões digitais. A lei obriga as autoridades e indivíduos a fornecer informações úteis para os processos de busca e incorpora novas instituições, como a Guarda Nacional e o Ministério da Segurança, ao Sistema Nacional de Busca. Também
aumenta as penalidades para o crime de desaparecimento forçado.
O novo sistema visa garantir buscas mais rápidas e eficientes por meio de tecnologia e coordenação interinstitucional. Ele também prevê o uso de imagens de satélite e tecnologias avançadas de identificação, sob a coordenação do Sistema Nacional de Busca.
Que riscos o acesso das autoridades a dados biométricos representa? Existem sérias preocupações de que as mudanças deem às instituições de segurança e justiça, incluindo os escritórios dos promotores, a Guarda Nacional e o Centro Nacional de Inteligência, acesso imediato e irrestrito a bancos de dados públicos e privados, incluindo aqueles que contêm informações biométricas. O argumento oficial é que isso acelerará as buscas. No entanto, a sociedade civil alerta que a Plataforma Única de Identidade e o CURP biométrico podem se tornar instrumentos de vigilância em massa. Teme-se que as autoridades possam usar indevidamente as informações e, em vez de ajudar a encontrar pessoas desaparecidas, usá-las para ajudar a controlar a população, colocando em risco os direitos à privacidade e segurança.
Como os grupos de vítimas reagiram? Os coletivos de vítimas rejeitaram a reforma como opaca e apressada. Eles reclamam que, embora mesas redondas tenham sido organizadas, estas foram meramente simbólicas e suas propostas não foram levadas em consideração. As famílias de pessoas desaparecidas argumentam que as mudanças se concentram em soluções tecnológicas que não abordam os problemas estruturais subjacentes de corrupção, compadrio, crime organizado e impunidade. Mas nenhuma solução tecnológica funcionará enquanto as instituições responsáveis por abusos e encobrimentos permanecerem encarregadas de implementá-la. Esta lei corre o risco de repetir os erros da Lei Geral de Desaparecimentos Forçados de 2017. Essa foi uma etapa importante, pois criminalizou o crime, criou um sistema nacional de busca e procurou garantir a participação das famílias na localização e identificação de pessoas desaparecidas. Infelizmente, nunca foi devidamente implementada. Há receios de que esta nova lei, na ausência de mecanismos de aplicação eficazes, apenas aprofunde a frustração e perpetue a impunidade.
Que alternativas os grupos de vítimas propõem? Suas demandas vão além das mudanças legislativas: exigem verdade e justiça por meio de investigações completas, a acusação dos responsáveis nas instituições estatais e grupos de crime organizado e uma busca eficaz no terreno, com a coordenação e participação ativa dos grupos de vítimas. Os coletivos também enfatizam a urgência de identificar as mais de 52.000 pessoas sem nome em necrotérios e valas comuns e pedem a criação de um Mecanismo Extraordinário de Identificação Forense. E exigem proteção real para aqueles que procuram seus parentes, que continuam a enfrentar ameaças e ataques. Acima de tudo, exigem o fim da impunidade por meio do desmantelamento das redes de corrupção e conluio entre autoridades e crime organizado. Como resumiu um ativista local, no final das contas, sem um Plano Nacional genuíno para Pessoas Desaparecidas, nada disso funcionará. Cada estado também precisa de seu próprio plano. Caso contrário, permaneceremos na mesma situação: sem resultados, sem relatórios e sem respostas sobre nossos desaparecidos.
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Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA
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