A atriz Júlia Lemmertz visitou a Rádio Bandeirantes no sábado, dia 25 de outubro, e compartilhou, emocionada, suas memórias da estreia profissional na TV Bandeirantes, aos 19 anos, na novela "Os Adolescentes". Ao entrar nas instalações da emissora, a saudade e a lembrança da época vieram à tona. "Muito feliz de estar aqui, emocionada de estar na Bandeirantes. Quando eu entrei no pátio ali na portaria, eu falei, ai meu Deus, eu conheço esse lugar, eu já trabalhei aqui, o meu primeiro trabalho na vida de atriz foi aqui na Bandeirantes", relatou. A atriz detalhou como surgiu a oportunidade que mudaria sua vida, enquanto ainda prestava vestibular para áreas diversas como veterinária, oceanografia e fonoaudiologia. "Veio um convite pra eu fazer um teste que inicialmente seria uma série, depois virou uma novela, que era 'Os Adolescentes'. E o teste era aqui na Bandeirantes, em SP", recordou. Ela descreveu o teste como "louco" e "longuíssimo", envolvendo poesia e uma entrevista sobre a vida jovem. Sem grandes expectativas, voltou para casa, mas foi avisada uma semana depois sobre sua aprovação. "Aí a minha vida realmente deu uma guinada", afirmou. A atriz sentiu uma conexão imediata com o ambiente e a profissão: "Tinha uma sensação de pertencimento de um lugar (...) Foi feliz, foi o início de tudo". A produção, originalmente concebida como uma série dirigida por Roberto Palmari (falecido em 1992), passou por uma reestruturação. "Fomos gravar o primeiro capítulo
, que demorou, sei lá, um mês pra ser gravado. Claro que o Palmari foi retirado do seu papel de diretor e entrou um diretor de televisão. E aí acabou que o que era pra ser uma série virou uma novela e fez muito sucesso", explicou Júlia. A autoria também mudou, com Jorge Andrade substituindo Ivani Ribeiro. O elenco contava com grandes nomes. "Minha mãe era a Norma Bengel, meu pai era o Paulo Vilaça. Tinha a Beatriz Segall, meu irmão era o André de Biase, tinha o Ricardo Graça Mello (...) Tássia Camargo (...) Flávio Guarnieri (falecido em 2016)", listou. Júlia interpretou Bia, uma jovem que engravidava na adolescência, papel que assumiu após a atriz originalmente escalada desistir por receio da mãe quanto ao tema. Apesar da insegurança inicial com textos, Júlia sentiu que pertencia àquele universo. "Caramba, tô aqui, isso aqui é meu... Tô afim de fazer isso aqui, isso aqui é pra mim (...). Ou por osmose, por ter acompanhado muito minha mãe fazendo cinema, televisão, teatro (...) Atavicamente, eu sabia que aquilo ali era pra mim", refletiu. Após "Os Adolescentes", Júlia participou de outros trabalhos na Band, como "Ninho da Serpente" e "Sabor de Mel", ambas também de Jorge Andrade. Ela lembrou com carinho de "Ninho da Serpente", gravada em uma mansão no Morumbi, com Cleyde Yáconis (1923-2013) como sua avó e Eliane Giardini no elenco. Atualmente, Júlia Lemmertz está em cartaz em São Paulo com a peça "Os Mambembes", no Teatro Tuca (PUC). O espetáculo, uma adaptação do clássico de Arthur Azevedo de 1904, passou por uma turnê, viajando de ônibus por cidades do Maranhão, Pará, Espírito Santo e Minas Gerais, muitas vezes se apresentando em espaços públicos como praças. "A história da Cláudia Abreu e do Emílio de Mello, que juntos tinham a vontade, o sonho de fazer 'Os Mambembes', Mambembe, assim, viajando com ônibus (...) e foi o que a gente fez, e foi uma grande aventura", disse Júlia. O elenco principal conta ainda com Deborah Evelyn, Paulo Betti, Orã Figueiredo e Leandro Santana, além do músico Caio Padilha e do ator convidado em São Paulo, Jui Huang. A atriz destacou a força do grupo e a amizade entre os atores. "Para essa aventura (...) a gente realmente quis estar juntos com pessoas que a gente pudesse confiar na alegria e na tristeza", comentou, comparando a experiência a uma renovação dos "votos de amor ao teatro". A peça, segundo Júlia, celebra a vocação e a paixão pela arte, mostrando a resiliência dos atores. "Essa peça é sobre isso, né? É sobre você seguir a sua vocação, sua paixão (...) E nunca é fácil (...) Sempre vão ter os perrengues, as alegrias, as tristezas, o sucesso, o fracasso", analisou. A turnê em espaços abertos trouxe desafios únicos. "É uma coisa, assim, porque é o mundo acontecendo, e você acontecendo junto, pedindo atenção de um público que tá com muitas outras atenções (...) é o celular, é o carro que passa, é o cachorro (...) você tem que estar num lugar de muita... De muito brilho, de muito tesão de estar ali", descreveu. Apesar das dificuldades – ônibus quebrado, calor, umidade, barulho –, a recepção do público foi marcante. "Acabava o espetáculo, e era uma comoção. Aquelas 3 mil pessoas, 4 mil pessoas que tinham ali na praça não iam embora (...) tinha gente que nunca tinha visto teatro na vida, vinha aos prantos falar com a gente", relatou. Para Júlia, "a grande recompensa do teatro realmente é a estrada". A adaptação atual, dirigida por Emílio de Mello e Gustavo Wabner, com texto co-assinado por Daniel Belmonte, enxugou a peça original de 80 personagens para seis atores, que se revezam em múltiplos papéis, abordando também temas contemporâneos como o assédio. Questionada sobre as constantes comparações com sua mãe, a renomada atriz Lílian Lemmertz, Júlia destacou a importância de preservar a memória artística no Brasil e revelou que está preparando um documentário sobre a mãe com o diretor João Jardim. Lílian faleceu precocemente aos 48 anos, quando Júlia tinha 23 e iniciava sua carreira no Rio de Janeiro. "Foi muito rápido tudo (...) Essa é uma mulher interessante da gente falar. Não só pela qualidade artística (...), ela era uma mulher muito à frente do tempo", avaliou. Para a atriz, manter viva a história de artistas como sua mãe é fundamental. "Enquanto tiver alguém que lembre de você, a memória existe (...) Quanto mais a gente puder fazer com que essa memória contamine outras pessoas e inspire outras pessoas, essa pessoa continua viva", concluiu. Ela também relembrou a história de como seus pais, ambos gaúchos, foram convidados por Cacilda Becker e Walmor Chagas para integrar sua companhia em São Paulo, onde Júlia foi criada. A peça "Os Mambembes" segue em cartaz no Tuca (Rua Monte Alegre, 1024), em São Paulo, a princípio até 16 de novembro, mas com possibilidade de prorrogação. As sessões ocorrem às sextas (21h), sábados (20h) e domingos (17h). Ingressos estão disponíveis no site Sympla.com.br e na bilheteria do teatro. O perfil oficial no Instagram é @osmambembesespetaculo.
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