Um advogado, com anos de experiência no ritmo dos tribunais e reuniões com clientes, reflete sobre um momento crucial na advocacia. A inteligência artificial (IA) surge como uma parceira, não uma rival, capaz de libertar os profissionais da pressão das horas faturáveis e restaurar a conexão humana essencial na relação advogado-cliente. A pergunta central da profissão está mudando: em vez de "quantas horas você dedicou?", a questão agora é "qual valor você entregou?".
De acordo com o relatório de tecnologia da American Bar Association de 2024, apenas 30,2% dos advogados nos EUA utilizam ferramentas baseadas em IA, com maior adoção em grandes escritórios. Um estudo estima que a IA pode gerar uma economia anual de cerca de US$ 20 bilhões para a advocacia americana, o que equivale a cinco horas extras por advogado por semana. Esses dados indicam que há trabalho a ser feito e uma oportunidade urgente de redefinir como os clientes são atendidos.
A IA se destaca na automatização de tarefas repetitivas, como análise de documentos, contratos e pesquisas jurídicas. A ideia de faturar menos horas pode ser vista como um desafio, mas é, na verdade, um convite para que os advogados se tornem consultores estratégicos, focando em fornecer insights em vez de apenas produzir memorandos. Essa mudança pode levar ao declínio do modelo tradicional de cobrança por hora, visto que a IA reduz o tempo necessário para tarefas menos complexas, e os clientes pagarão por
resultados.
Contudo, a IA não substituirá os advogados. Nenhum algoritmo pode replicar a sutileza do julgamento humano, a confiança construída em uma reunião, ou os imprevistos que apenas um advogado experiente pode identificar. O papel essencial do advogado será utilizar a IA, questioná-la, verificá-la e aplicar seus atributos humanos únicos: empatia, ética, estratégia e conexão. Quando usada com sabedoria, a IA amplifica a capacidade humana; quando usada de forma descuidada, ela substitui o julgamento, o que representa um perigo real.
Um exemplo prático é um acordo comercial com um contrato de centenas de páginas. Um modelo de IA treinado para revisão de contratos pode analisar o documento, verificar a consistência das cláusulas, identificar anomalias e verificar fontes em minutos. Essa economia de tempo permite que o advogado tenha uma conversa estratégica com o cliente, focando nos riscos e na negociação. Os clientes querem saber sobre as soluções, não sobre as horas gastas. A IA, usada de forma inteligente, proporciona esse tempo. O que os clientes lembram é o valor.
Pesquisas indicam que, embora cerca de 31% dos profissionais do direito usem IA generativa no trabalho, apenas 21% dos escritórios a implementaram em toda a empresa. Existe uma lacuna entre o potencial e a prática, decorrente da confiança e da falta de ação. Se um advogado depender da IA sem verificar as fontes ou aplicar seu próprio julgamento, o valor se perde. A IA deve ser uma ferramenta, não uma substituta.
As relações humanas se tornam mais importantes do que nunca. Em um mundo onde a IA lida com rascunhos de rotina, o advogado que agrega valor é aquele que ouve atentamente, interpreta as necessidades do cliente, lida com imprevistos e constrói confiança. O foco está na conexão humana, e não na redução. Acordos de taxa fixa são compatíveis com esse foco. Quando a cobrança por hora é eliminada, os clientes percebem que o advogado está comprometido com os resultados e com o relacionamento, tornando-o transparente.
Haverá resistência. Alguns advogados temem que a IA reduza as taxas ou torne os serviços padronizados. No entanto, o oposto acontece quando a IA é utilizada corretamente: a prática é elevada a um nível superior, competindo pelo impacto dos serviços e construindo um modelo de negócios baseado em valor, não em tempo. Taxas fixas podem parecer arriscadas, mas alinham os incentivos: o cliente ganha eficiência, o escritório, margens orientadas a resultados, e o advogado se liberta da busca por horas.
Os advogados devem adotar modelos de IA jurídica especializados, revisar e verificar constantemente a saída da IA, redesenhar suas taxas com base no valor e nos resultados, e investir mais na comunicação com o cliente, empatia e pensamento estratégico. Ao fazer isso, o advogado se torna essencial e menos substituível.
O futuro do direito não é uma sala de tribunal com robôs, mas uma consulta onde o julgamento humano, aprimorado pela inteligência artificial, se torna mais preciso, eficiente e confiável. A hora faturável diminuirá; o que permanecerá é o advogado que usa a IA de forma competente e permanece distintamente humano.
Saidin M. Hernandez representa famílias globais em questões de planejamento fiscal e patrimonial. Ele é reconhecido por sua atuação em questões complexas envolvendo múltiplas jurisdições. Saidin auxilia famílias globais no planejamento de seus investimentos nos Estados Unidos e no planejamento pré-imigração. Ele assessora regularmente escritórios familiares e gestores de fundos fiduciários em relação a trusts estrangeiros, planejamento fiscal e patrimonial e investimentos nos Estados Unidos.
📝 Sobre este conteúdo
Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA
com base em reportagem publicada em
Ibtimes
. O texto foi modificado para melhor atender nosso público, mantendo a precisão
factual.
Veja o artigo original aqui.
0 Comentários
Entre para comentar
Use sua conta Google para participar da discussão.
Política de Privacidade
Carregando comentários...
Escolha seus interesses
Receba notificações personalizadas