Com o risco de disseminação da gripe aviária em Portugal elevado, o preço dos ovos pode sofrer um aumento. Essa possível elevação é justificada pelo recente surto da doença na Espanha, que levou o governo espanhol a determinar o confinamento de todas as criações de aves ao ar livre. Já o preço do frango deve permanecer estável, pois não há registros da doença há quase dois anos. Pedro Raposo Ribeiro, secretário-geral da Federação Portuguesa das Associações Avícolas (Fepasa), explica que o maior impacto no mercado nacional decorre do efeito indireto da queda de produção nos mercados internacionais, especialmente na Espanha, onde surtos recentes levaram ao abate de centenas de milhares de galinhas poedeiras, afetando o setor de ovos. O administrador da Companhia Avícola do Centro (CAC), que possui uma fábrica no mercado espanhol, relata que o surto na Espanha, com forte incidência em galinhas poedeiras, já resultou no abate de três milhões dessas aves, causando uma alta nos preços, com impacto na transformação (ovo líquido pasteurizado, ovo cozido e ovo em pó). A Companhia Avícola do Centro, que também é abastecida pelo mercado espanhol, precisou aumentar os preços em Portugal e na Espanha. Localizada em Bidoeira de Cima, Leiria, a Companhia Avícola do Centro possui 3,4 milhões de galinhas poedeiras, distribuídas por 65 explorações em todo o país. O grupo classifica e embala mais de 900 milhões de ovos anualmente, emprega 680 pessoas
(590 em Portugal e 90 em Espanha) e encerrou 2024 com um volume de negócios de 240 milhões de euros. Pedro Raposo Ribeiro, da Fepasa, observa um impacto nos ovos devido ao aumento do risco de disseminação da gripe aviária e prevê que os preços se mantenham altos. Ele exemplifica que, se os casos na Espanha continuarem, poderá haver pressão sobre a oferta e uma ligeira alta de preços, especialmente no Natal, quando a procura por ovos aumenta. Essa opinião contrasta com a do administrador do Grupo CAC, que acredita que o preço dos ovos ao consumidor final não subirá, a menos que haja surtos em Portugal. No entanto, ele esclarece que o ovo líquido pasteurizado e os ovos cozidos tiveram um pequeno aumento em outubro. No caso da carne, o secretário-geral da Fepasa garante que, por enquanto, não há pressões significativas, e a oferta e os preços devem permanecer estáveis, justificando que os casos de gripe aviária têm afetado as galinhas poedeiras. Pedro Ribeiro lembra que, no caso do frango, não há casos em Portugal há quase dois anos. Ele destaca que as galinhas poedeiras são mais suscetíveis à doença, principalmente devido aos sistemas de ovos ao ar livre, que estão em contato com a fauna selvagem. A única exceção foi uma exploração comercial de patos afetada pela gripe aviária em setembro na margem sul do Tejo, com os animais tendo que ser abatidos, o que teve impacto na produção nacional. O diretor da Zêzerovo antecipa que não haverá prejuízos relevantes, e a empresa, que possui dois milhões de galinhas poedeiras, ativou um plano de contingência e reforçou as medidas de biossegurança para proteger a produção. Entre as medidas estão o controle de acessos, desinfecção de equipamentos e veículos, e vigilância sanitária. O gestor da Zêzerovo acredita que a situação atual não terá reflexos nas vendas, justificando que pode haver uma pequena redução da oferta, mas sem impacto no mercado nacional, pois a produção interna de ovos se mantém estável. No entanto, ele alerta para a alta probabilidade de aumento do preço dos ovos em Portugal, dadas as condições atuais da produção avícola, da oferta e da gripe aviária. A análise da Deco Proteste mostra que ovos e bife de peru estão entre os produtos com maiores variações de preço. Os ovos encareceram 0,57 euros (37%), e o bife de peru, 1,61 euros (20%). Em Portugal, o risco de disseminação da doença entre aves selvagens e domésticas é alto, conforme avisou a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), que determinou o confinamento em zonas de alto risco. O Ministério da Agricultura confirmou quatro focos em Portugal desde outubro: dois em aves selvagens e dois em cativeiro. A Gripe Aviária de Alta Patogenicidade (GAAP) é uma das maiores preocupações do setor avícola, segundo o secretário-geral da Fepasa. Portugal tem sido um dos países europeus menos afetados. O Ministério da Agricultura explica que, quando focos de GAAP são confirmados, a DGAV implementa medidas de controle e erradicação, além de restrições à movimentação de aves e produtos. O governo esclarece que, em casos de aves em cativeiro, pode haver derrogação da obrigatoriedade de abate para aves ameaçadas de extinção ou de alto valor genético. Para minimizar os prejuízos, o Ministério da Agricultura informa que os proprietários das aves abatidas têm direito a indenização. O secretário-geral da Fepasa alerta que as indenizações sanitárias cobrem apenas parcialmente o valor dos animais abatidos e alguns custos diretos, não incluindo os tempos de inatividade e recuperação da produção. Numa exploração de média/grande dimensão, os prejuízos podem variar entre 250 mil e um milhão de euros. Pedro Raposo afirma que as empresas nacionais possuem planos de biossegurança e contingência para enfrentar a ameaça. O gestor da Zêzerovo, Alfredo Martins, diz que as autoridades estão atentas e tomaram medidas preventivas e reativas. A prioridade é a prevenção e a segurança sanitária, para proteger a fileira avícola e transmitir confiança aos consumidores. Até o momento, não há registo de gripe aviária em galinhas poedeiras em Portugal, sem impacto direto no mercado. Manuel Sobreiro, administrador da Companhia Avícola do Centro (CAC), está tranquilo, justificando que não há impacto direto no mercado português, apesar do risco.
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