Fim da Era de Ouro? Brasil Se Despede da Liderança em Cúpulas Globais Após Anos de Protagonismo

em suas três dimensões (econômica, social e ambiental); e a reforma da governança global. Em novembro de 2024, a Declaração final da Cúpula dos Líderes do G20 apresentou consenso sobre a necessidade de limitar o aumento da temperatura global a menos de 2°C, reconhecendo que os impactos da mudança climática seriam significativamente menores com um aumento limitado a 1,5°C. Houve apoio ao Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF), que visa preservar a cobertura vegetal, iniciativa que começa a se concretizar na COP30. A reforma da governança global, por outro lado, não avançou. O compromisso dos países com a Aliança Global contra a Fome e a taxação dos super-ricos foram destaques, embora o sucesso do encontro tenha sido ameaçado pela Argentina, que cogitou não assinar o documento. O Brasil passou o comando do G20 para a África do Sul, que encerra o ciclo no final deste mês. A presidência brasileira do Brics, que se estende até o fim do ano de 2025, manteve o Brasil em evidência no cenário internacional, com destaque para a cúpula anual realizada no Rio de Janeiro em julho deste ano. Na ocasião, as falas de Lula enfatizaram a necessidade de reforçar o multilateralismo. A declaração final reiterou o apoio a um sistema multilateral de comércio baseado em regras, aberto, transparente, justo, inclusivo, equitativo, não discriminatório e consensual, com a OMC em seu núcleo. A COP30, que coincide com o mandato de Lula, iniciado em 2023 e que termina em 31 de dezembro do próximo ano, tenta preencher lacunas no enfrentamento às mudanças climáticas, incluindo o financiamento da transição energética para países em desenvolvimento e o custeio de ações de adaptação climática. Os países desenvolvidos estão sendo instados a financiar essas despesas, e há uma tentativa de que as nações adotem metas mais ambiciosas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Antes do evento, Lula recebeu chefes de Estado e de blocos, mas a participação tem sido parcial, com ausências notáveis como a do presidente chinês Xi Jinping e do primeiro-ministro indiano Narendra Modi. Os Estados Unidos, fora do Acordo de Paris, também não enviaram representantes. Lula tenta resgatar o protagonismo nacional no meio ambiente, mas o governo concedeu uma licença exploratória para perfuração na margem equatorial para pesquisa de petróleo, o que gerou controvérsias. O sucesso da COP30 ainda é incerto. No âmbito do Mercosul, a assinatura do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o bloco sul-americano pode ocorrer em 20 de dezembro, no Rio de Janeiro, durante a Cúpula do Mercosul, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A passagem do Brasil pela presidência do Mercosul encerrará o ciclo de liderança do país em blocos econômicos e eventos internacionais relevantes.