Ex-pastor brasileiro enfrenta julgamento chocante na França: Acusações de abuso sexual abalam famílias

Edi Maikel dos Santos Silva, ex-pastor brasileiro de 38 anos, está sendo julgado em Annecy, na França, por crimes de pedofilia contra familiares. O julgamento, que teve início com a presença de pelo menos três vítimas na Corte Criminal do Tribunal de Annecy, deve ser concluído na próxima sexta-feira, dia 7. As vítimas, parentes do acusado, autorizaram a divulgação dos relatos. Silva está preso preventivamente desde maio de 2022, após decisão do tribunal francês. Ele atuava como pastor em Annemasse, cidade próxima à fronteira com a Suíça, e é acusado de três estupros e três agressões sexuais contra menores. Em alguns dos casos, o ex-pastor exercia autoridade sobre as vítimas, o que pode agravar a pena em caso de condenação. Ao todo, oito pessoas registraram queixa contra Silva, relatando agressões ao longo de duas décadas. Entre as vítimas está Camilla Araújo de Souza, sobrinha de Edi Maikel, que relatou ter sofrido abusos desde 2002. Ela contou à RFI que foi surpreendida pela tentativa de seu tio em esfregar o pênis em seu bumbum. Após o ocorrido, seus pais se separaram e ela passou a morar com a avó e, posteriormente, com uma tia. Os abusos continuaram após Camilla se mudar para a França, onde, segundo ela, as relações sexuais com penetração começaram. Na época, ela tinha entre 12 e 13 anos. Diante da juíza, Edi Maikel dos Santos Silva negou qualquer envolvimento com Camilla, afirmando que ela teria se apaixonado por ele e que ele teria

ido para o Brasil para evitar problemas. Camilla, no entanto, alega que ele fugiu após sua avó comprar uma passagem e mandá-lo para o Brasil, com medo de que ele fosse preso. O pai de Camilla, João Maria, viajou da Guiana Francesa para acompanhar o julgamento. A avó de Camilla, Noêmia Rodrigues Barbosa, foi convocada para depor, mas não compareceu, apresentando um atestado médico. Frédéric Fabrice Cordeiro Brasil, tio de Camilla, também será ouvido durante o julgamento. Ele denunciou o ex-cunhado após descobrir que suas filhas também foram molestadas por Edi Maikel. Ele afirmou que as crianças acordavam com a mão do acusado em suas calcinhas. Fabrício está impressionado com a negação do réu, que, segundo ele, não reconhece os fatos, mesmo diante de provas e testemunhas. A ex-mulher de Edi Maikel, Mayra Angela Silveira Vieira, e sua filha Marjorie Vieira Palheta também foram ouvidas. Mayra descobriu os abusos contra a filha, que começaram quando ela tinha cinco anos e duraram cerca de dez anos. A filha desenvolveu transtornos em decorrência dos abusos, conforme um exame psicológico do Tribunal de Annecy. Mayra relata que o ex-marido chegou a confessar os abusos em uma reunião gravada, mas negou tudo no inquérito. A advogada de defesa, Sylvie Correia, explicou que as vítimas optaram por uma audiência pública para expor os fatos. A detenção provisória de Edi Maikel foi prorrogada quatro vezes pela Justiça francesa. A legislação francesa prevê penas mais severas em casos de agressão contra membros da família. O ex-pastor, que alega ser vítima de um complô, pode pegar até 20 anos de prisão. O julgamento segue até a próxima sexta-feira.

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