Na manhã da quarta-feira (8/10), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou uma operação em Brasília com o objetivo de desarticular duas das principais gangues de pichadores que atuavam na capital, desafiando as autoridades e danificando o patrimônio público com inscrições ilegais. A ação, coordenada pela 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), resultou no cumprimento de 12 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de prisão. Os alvos eram integrantes dos grupos criminosos Legião Unidade pela Arte (LUA) e Grafiteiros Sem Lei (GSL), que disputavam espaço e fama no submundo da pichação. A prática, além de vandalizar edifícios históricos e monumentos tombados, era encarada pelos criminosos como uma espécie de "competição radical", com a notoriedade entre os integrantes associada ao local escolhido para a pichação. Prédios que simbolizam o poder na capital, como as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, eram alvos preferenciais, assim como edifícios da Polícia Federal, da Polícia Civil (PCDF) e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), em ações que a corporação classificou como uma clara afronta às instituições.
As investigações, que duraram cerca de seis meses, permitiram identificar o núcleo central dos grupos. A gangue LUA, com origem em 1999, chegou a reunir centenas de adeptos, deixando um rastro de pichações em muros, residências, prédios públicos e até cartões-postais de Brasília. Entre
os alvos pichados pelo grupo estão a Ponte JK, a Catedral Metropolitana, o Senado Federal e áreas do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Em 25 de janeiro deste ano, os investigadores registraram uma das ações mais ousadas: pichadores cobriram com inscrições os tapumes metálicos que cercavam uma obra do TJDFT. A mesma gangue também teria deixado sua marca nos pilares da Ponte JK, além de viadutos e túneis recém-inaugurados pelo Governo do Distrito Federal.
A disputa entre LUA e GSL pelo "título" de grupo mais ousado transformou Brasília em palco de um conflito silencioso, mas visível em muros e monumentos. Para os investigadores, os alvos escolhidos não são casuais: cada ataque simboliza a tentativa de ostentar coragem e superioridade, desafiando tanto rivais quanto o poder público. No entanto, para a população, a prática tem outro significado. "É uma agressão à cidade, à arquitetura de Brasília e ao patrimônio cultural. Eles confundem ousadia com vandalismo", afirmou um dos policiais que participou da operação.
De acordo com a PCDF, a operação desta quarta-feira representa um marco na tentativa de desmantelar a estrutura organizada desses grupos. Os mandados foram cumpridos em diferentes regiões administrativas do Distrito Federal. Além das prisões, foram apreendidos materiais utilizados pelos pichadores, como latas de spray, cordas, mochilas e registros fotográficos das ações. A Polícia Civil destacou que o trabalho investigativo buscou não apenas identificar os executores das pichações, mas também os responsáveis por planejar e estimular os ataques contra patrimônios públicos.
Os 10 investigados presos nesta quarta responderão pelos crimes de associação criminosa e dano qualificado ao patrimônio público e privado. As penas podem variar, mas em casos de dano ao patrimônio tombado, como a Catedral de Brasília, a lei prevê sanções mais severas. O delegado-chefe da 3ª DP, Victor Dan, responsável pela investigação, ressaltou que o combate à pichação exige ações contínuas, já que muitos jovens acabam sendo cooptados por essas gangues na busca por status. "Nosso objetivo é mostrar que esse tipo de conduta tem consequências. Eles não apenas sujam a cidade, mas atacam símbolos nacionais, ofendem a memória cultural e desrespeitam a sociedade", declarou. A pichação em Brasília é um fenômeno persistente, alimentado tanto pela rivalidade entre grupos quanto pela facilidade de acesso a materiais. A própria história da LUA, ativa há mais de duas décadas, revela a dificuldade em extinguir completamente o movimento. Enquanto as autoridades buscam endurecer a fiscalização e ampliar a punição, a população segue convivendo com o dilema de viver em uma cidade reconhecida mundialmente por sua arquitetura modernista, mas constantemente agredida por pichações que transformam monumentos em alvo de disputa criminosa.
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