Após semanas de ameaças, o ex-presidente Donald Trump recuou de seus planos de enviar tropas militares para São Francisco, na Califórnia. A reviravolta aconteceu na quinta-feira, com Trump anunciando que não avançaria com o envio de tropas para o reduto democrata, pelo menos por enquanto. A decisão foi comunicada por meio de sua plataforma online, Truth Social, onde Trump revelou que a mudança de planos ocorreu após conversas com o CEO da Nvidia, Jensen Huang, e o cofundador da Salesforce, Marc Benioff, figuras proeminentes da indústria de tecnologia. O líder republicano também mencionou ter conversado com o prefeito de São Francisco, o democrata centrista Daniel Lurie. No entanto, Trump deixou em aberto a possibilidade de uma nova decisão sobre o assunto. Ao relatar a conversa com Lurie, o ex-presidente indicou que a decisão de quinta-feira pode não ser definitiva. Ele afirmou que Lurie pediu para ter uma chance de resolver a situação, mas Trump expressou ceticismo, sugerindo que a intervenção militar seria mais rápida e eficaz na remoção de criminosos. Desde que assumiu o cargo para um segundo mandato em janeiro, Trump liderou uma campanha de deportações em massa, gerando protestos e preocupações sobre violações de direitos humanos. Em resposta, ele enviou tropas da Guarda Nacional para grandes cidades, com o objetivo declarado de proteger agentes federais de imigração. Críticos, incluindo o governador da Califórnia, Gavin Newsom, alertaram que
o envio de militares não apenas aumenta as tensões, mas também viola a lei. Lurie, herdeiro da fortuna da Levi Strauss, estava entre os críticos. Na quarta-feira, em antecipação a um possível envio de tropas, o prefeito convocou uma coletiva de imprensa com autoridades da cidade, pedindo união aos moradores de São Francisco. Ele enfatizou que as autoridades locais não cooperariam com as forças federais em operações de imigração. O governo da Califórnia, por sua vez, havia alertado que entraria com uma ação judicial assim que a Guarda Nacional federalizada chegasse a São Francisco. A lei proíbe expressamente que tropas federais atuem como policiais civis, a menos que sejam convocadas pelo estado. Em um comunicado, o governador Newsom comparou as ações de Trump às de um "tirano wannabe". Apesar da oposição de estados como Califórnia e Illinois, Trump continuou com os envios da Guarda Nacional, resultando em várias ações judiciais. A Califórnia ainda está envolvida em uma batalha legal sobre a decisão de Trump de enviar tropas para Los Angeles em junho, quando a cidade foi palco de protestos e indignação por operações de imigração em locais de trabalho, shoppings e parques. Demonstrantes, em sua maioria pacíficos, tomaram as ruas. Trump acusou os manifestantes de violência e enviou até 4.000 membros da Guarda Nacional da Califórnia para a cidade, contra a vontade de Newsom. Enquanto Newsom argumentou que o envio violava a lei, o governo Trump citou trechos do Código dos EUA como justificativa. O código permite a federalização das tropas da Guarda Nacional estadual se houver ameaça de invasão ou rebelião, ou se o governo federal não puder cumprir suas leis. Trump também tem elogiado os benefícios dos envios militares para Washington, DC, e Memphis, Tennessee, afirmando que a presença das tropas diminuiu o crime em ambas as cidades. São Francisco, um tradicional reduto de esquerda, tem sido alvo frequente de críticas de Trump e outros republicanos. Recentemente, Trump intensificou suas críticas à cidade, culpando-a por sua "destruição". Em uma entrevista à Fox News em 19 de outubro, Trump afirmou que São Francisco estava "errada" há 15 anos. A decisão de Trump de mudar de rumo na quinta-feira espelhou a de um de seus apoiadores, Marc Benioff. A empresa de software do bilionário, Salesforce, está sediada em São Francisco, e Benioff realiza uma conferência de tecnologia na cidade todos os anos. Na véspera do evento deste ano, Benioff disse ao The New York Times que daria as boas-vindas à Guarda Nacional em São Francisco, ecoando os apelos republicanos para "limpar" a cidade. Os comentários de Benioff geraram reações negativas imediatas de autoridades da cidade, e comediantes cancelaram suas apresentações em sua conferência anual. Dias depois, Benioff se desculpou publicamente, afirmando que não acreditava que a Guarda Nacional fosse necessária para garantir a segurança em São Francisco. O prefeito Lurie, por sua vez, afirmou que receberia de bom grado a continuidade das parcerias com o Federal Bureau of Investigation (FBI) ou a Drug Enforcement Agency (DEA) na cidade, mas ressaltou que isso não incluía o envolvimento militar.
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Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA
com base em reportagem publicada em
Aljazeera
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