O número de estudantes indianos que viajam para os Estados Unidos diminuiu drasticamente este ano, marcando a queda mais acentuada já registrada fora do período da pandemia. De acordo com dados da Trade.gov analisados pelo The New York Times, a chegada de estudantes da Índia caiu 44% em agosto de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Para um país que agora envia quase um em cada três estudantes estrangeiros para universidades americanas, isso representa uma mudança significativa nos fluxos globais de educação.
A queda nos números
Os EUA sempre foram o destino preferido para estudantes indianos que buscam ensino superior, particularmente em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Mas este ano, os dados contam uma história diferente. A chegada de estudantes da Índia caiu 44%, a queda mais acentuada entre todos os principais países de origem. A chegada geral de estudantes internacionais aos EUA caiu 19%, indicando que a queda entre os indianos é muito mais acentuada do que a média global. A desaceleração segue um declínio menor no ano passado, mostrando uma tendência contínua em vez de uma interrupção única.
Em um momento em que mais de 1,3 milhão de estudantes internacionais estudam nos EUA, esse declínio sugere uma mudança estrutural — uma que pode afetar tanto as universidades quanto a economia americana.
Por que menos indianos estão indo para os EUA?
1. Atrasos nos vistos e acúmulo administrativo
No final de maio
, o Departamento de Estado dos EUA suspendeu as entrevistas para vistos de estudantes por três semanas — bem no meio da temporada de pico de inscrição. Quando as entrevistas foram retomadas, os tempos de espera para agendamento se estenderam por meses. Como resultado, muitos estudantes indianos não conseguiram obter seus vistos F-1 a tempo para o semestre de outono. Dados do mesmo período mostram uma queda de 22% na emissão de vistos F-1 em comparação com o ano passado. Isso foi agravado por atrasos nos consulados indianos que já estavam lutando com a demanda pós-pandemia.
2. Um clima de imigração mais difícil
As políticas da administração Trump adicionaram mais incertezas. Em 2025, os EUA impuseram novas proibições de viagem e restrições de visto a 19 países e aumentaram o escrutínio de todos os candidatos estrangeiros. Os candidatos agora são obrigados a tornar seus perfis de mídia social públicos para “verificação abrangente”. No início deste ano, o governo revogou mais de 1.500 vistos de estudantes — depois os restabelecendo — e anunciou planos para “revisar agressivamente” os vistos de estudantes chineses, o que teve um efeito assustador em toda a Ásia. Embora a Índia não tenha sido diretamente visada, a atmosfera de suspeita e imprevisibilidade afetou todos os estudantes estrangeiros.
3. Medo e incerteza nos campi
Uma série de ações governamentais contra estudantes internacionais aprofundou as preocupações. Em março, vários foram detidos e ameaçados de deportação por participar de protestos pró-Palestina, antes que um tribunal posteriormente decidisse que a medida era inconstitucional. As universidades desde então aconselharam muitos estudantes a evitar deixar o país, alertando que eles poderiam enfrentar problemas de reentrada. Para aqueles que ainda estão no exterior, a incerteza tornou os EUA menos acolhedores e menos estáveis.
4. Custos crescentes e restrições pós-estudo
A taxa de visto de trabalho H-1B de $100.000 introduzida recentemente — que afeta graduados estrangeiros que buscam emprego nos EUA — desencorajou ainda mais as inscrições. Combinado com os altos custos de vida e os medos sobre as perspectivas de emprego, muitos estudantes indianos estão reconsiderando suas opções.
Para onde os estudantes indianos estão indo?
A queda no número de estudantes que vão para os EUA não significa necessariamente que menos indianos estão estudando no exterior — em vez disso, eles estão diversificando seus destinos. O Canadá tem visto um aumento acentuado nas matrículas indianas, graças a procedimentos de visto mais simples e caminhos de permissão de trabalho após a formatura. O Reino Unido também atraiu um número recorde de estudantes indianos, auxiliado por seu visto de trabalho pós-estudo e universidades que cortejam ativamente os candidatos indianos. A Austrália e a Alemanha estão surgindo como outras alternativas populares, especialmente para programas de engenharia e ciência da computação. O padrão de migração sugere que os estudantes indianos estão escolhendo países que combinam menor risco político com oportunidades pós-graduação mais claras.
O impacto nas universidades americanas
As consequências já são visíveis. As universidades americanas — particularmente programas de pós-graduação pesados em STEM e faculdades estaduais — dependem muito de estudantes indianos, que pagam mensalidades integrais e geralmente preenchem funções importantes de ensino ou pesquisa. Na University of Central Missouri, as novas matrículas de estudantes internacionais caíram pela metade. A DePaul University em Chicago relatou uma queda de 62% nas novas matrículas de pós-graduação internacionais este ano. Faculdades estaduais, como Ohio State University e Indiana University, viram quedas de 30 a 40% nas novas admissões estrangeiras. Esses números se traduzem não apenas em dificuldades financeiras, mas também em desafios de pessoal em laboratórios e salas de aula. A Association of International Educators (NAFSA) estima que o declínio geral de estudantes internacionais pode custar à economia dos EUA cerca de US$ 7 bilhões neste ano acadêmico.
O que isso significa para o futuro
Por décadas, os estudantes indianos têm sido a pedra angular do ecossistema acadêmico e tecnológico da América. Quase três quartos dos graduados internacionais de doutorado em ciência e engenharia permanecem e trabalham nos EUA após concluir seus estudos. Um declínio prolongado pode, portanto, afetar a produção de pesquisa e o grupo de talentos do país. Para a Índia, a mudança ressalta um cenário educacional global em mudança — um onde o domínio ocidental não é mais garantido, e os estudantes estão fazendo escolhas pragmáticas sobre segurança, custo e caminhos de carreira. A queda de 44% em 2025 pode ser um aviso antecipado de que o “Sonho Americano” para a educação está desaparecendo para muitos jovens indianos — não por falta de ambição, mas por causa do aumento das barreiras e da diminuição da certeza.
📝 Sobre este conteúdo
Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA
com base em reportagem publicada em
Timesofindia
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