“O mercado sozinho não resolverá a crise climática.” A declaração de Nelson Barbosa, ex-ministro e atual diretor do BNDES, resume a urgência de sua fala durante o painel “O BNDES e a Transição Verde no Brasil”. O evento, transmitido pelo YouTube do Metrópoles, ocorreu pouco antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que será sediada em Belém (PA). Em conversa com a jornalista Vanessa Oliveira, Barbosa explicou que o Brasil vive um ponto de virada, onde as mudanças climáticas deixaram de ser tema de debate para se tornarem uma questão de sobrevivência. O Brasil, um dos países mais afetados pelas variações climáticas, precisa investir em mitigação e adaptação. A transição verde, um processo inevitável, já começou, e o BNDES desempenha um papel central nesse novo modelo de desenvolvimento, reestruturando o Fundo Clima, criado em 2009. O fundo, que movimentava cerca de R$ 300 milhões anuais, alcançou R$ 10 bilhões em 2024 e R$ 15 bilhões em 2025, com previsão de chegar a R$ 50 bilhões em três anos. Essa ampliação de recursos é estratégica para financiar projetos de eletrificação do transporte urbano, energia renovável, reflorestamento e indústria verde, áreas essenciais para que o Brasil atinja suas metas climáticas e se torne referência global em sustentabilidade. Barbosa ressaltou que o desafio é ambiental, econômico e social, visando gerar empregos e oportunidades nas regiões mais
afetadas pelas mudanças climáticas, como a Amazônia e o Semiárido. O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, o Fundo Clima, é um dos principais instrumentos de financiamento de projetos sustentáveis no país. Criado em 2009, o fundo apoia iniciativas para reduzir emissões de gases de efeito estufa e promover o uso racional de recursos naturais. O Brasil foi pioneiro na criação de um fundo dessa natureza, financiado por royalties do petróleo, que agora impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono. Durante anos, o fundo teve atuação discreta, mas a retomada da agenda climática e o compromisso com a COP30 impulsionaram o BNDES a ampliar o programa. O BNDES lançou uma plataforma digital de transparência, permitindo o acompanhamento dos investimentos e resultados dos projetos. A instituição é reconhecida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como uma das mais transparentes do país. A entrevista também abordou o Estudo Nacional de Mobilidade Urbana, coordenado pelo BNDES em parceria com o Ministério das Cidades, que analisou as 21 maiores regiões metropolitanas do Brasil. Os projetos aprovados evitarão ou capturarão o equivalente a quatro milhões de toneladas de carbono. O objetivo é mapear os gargalos do transporte coletivo e priorizar projetos viáveis, com foco na redução de emissões e na melhoria da qualidade de vida urbana. O estudo avaliou 190 projetos, selecionando 42 com maior potencial de impacto, como metrôs, VLTs e corredores de BRT. Além dos benefícios ambientais, a ampliação do transporte coletivo reduz desigualdades e melhora a produtividade das cidades. Nelson Barbosa destacou o potencial energético do país, com um sistema elétrico majoritariamente renovável, baseado em hidrelétricas. Ele mencionou a necessidade de diversificar a matriz energética, investindo em energia solar, eólica e biogás, incluindo o biogás produzido em aterros sanitários. Ao abordar o desafio ambiental, Barbosa enfatizou a importância de preservar a Amazônia, pensando nas mais de 20 milhões de pessoas que vivem na região. Entre as principais iniciativas estão as concessões da Floresta Nacional do Jatuarana (AM) e da Floresta Nacional do Bom Futuro (RO). Esses projetos unem governos locais, comunidades indígenas e o setor privado em modelos de exploração de baixo impacto e geração de renda. O manejo sustentável permite a retirada controlada de árvores, com regeneração natural e certificação da madeira. Essas concessões fazem parte de um plano mais amplo, a “Grande parede verde brasileira”, inspirada no projeto Great Green Wall, na África. A meta é criar uma faixa contínua de áreas reflorestadas e protegidas entre a Amazônia e o Cerrado, bloqueando o desmatamento e promovendo a recuperação de solos degradados. Nos últimos dois anos, o BNDES mobilizou R$ 3,4 bilhões para projetos florestais, plantando 70 milhões de árvores e gerando mais de 23 mil empregos diretos. O economista reforçou a importância da colaboração entre governo e iniciativa privada para o sucesso da transição verde. Barbosa defendeu a cooperação entre Estado e iniciativa privada como pilar da transição verde, destacando que o governo deve organizar, fiscalizar e garantir justiça ambiental. Para Barbosa, a transição energética e ambiental é também uma transição civilizatória. O economista encerrou sua participação com uma mensagem voltada às novas gerações, incentivando a confiança nas instituições e a participação no processo. Barbosa adiantou que o BNDES deve anunciar novos projetos na COP30, consolidando o papel do Brasil como liderança climática global.
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com base em reportagem publicada em
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