No mundo da moda, o termo “moda sustentável” é cada vez mais comum. Mas o que isso realmente significa e por que é tão importante? Para quem acompanha essa área, a clareza é fundamental. Em essência, a moda sustentável se refere à produção, distribuição e consumo de roupas, calçados e acessórios que minimizam os danos ambientais e promovem a justiça social, de acordo com a Universidade de Lindenwood. Isso envolve considerar todo o ciclo de vida de uma peça, desde a obtenção da matéria-prima, passando pela fabricação, logística, uso e descarte ou reutilização. A indústria da moda é uma das maiores consumidoras de água doce e é responsável por cerca de 93 bilhões de metros cúbicos por ano, segundo as Nações Unidas. Além disso, 10% das emissões globais de carbono são atribuídas ao setor da moda. Há também a questão do desperdício: o mundo produz mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis anualmente, de acordo com a Fundação Ellen MacArthur. Esses números mostram a magnitude do desafio. A moda sustentável exige uma mudança sistêmica, e não apenas ser “menos ruim” do que a fast fashion. Isso significa mudar o modelo linear de fazer-usar-descartar para uma abordagem mais circular, que envolve menos recursos, mais reutilização, compartilhamento, reparo e uma vida útil mais longa para as roupas, segundo um artigo recente da Lightspeed. O mercado global de moda sustentável foi avaliado em US$ 8,1 bilhões em 2024
e deve atingir US$ 33,1 bilhões até 2033, com uma taxa composta de crescimento anual de cerca de 22,9%, de acordo com a Custom Market Insights. No entanto, o espaço está sendo prejudicado pelo greenwashing, a prática enganosa de fazer com que os produtos pareçam mais ecologicamente corretos do que realmente são. Quase 60% das alegações de sustentabilidade feitas pelas principais varejistas de moda são enganosas, de acordo com a Changing Markets Foundation. Por exemplo, a H&M enfrentou processos por marketing de sustentabilidade “falso e enganoso”, enquanto a linha Join Life da Zara representa apenas uma fração de sua produção geral de fast fashion. A linha “Ready for the Future” da Boohoo foi criticada pela Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido por alegações vagas, apesar de incluir sintéticos não biodegradáveis, como acrílico, e a ASOS foi ordenada pelo mesmo regulador a esclarecer sua rotulagem “eco” em 2024. Juntos, esses casos ilustram como a narrativa de sustentabilidade da indústria é frequentemente exagerada e como o progresso crível corre o risco de ser ofuscado pelo marketing. A Change Markets destaca uma análise mais aprofundada das marcas e suas alegações de sustentabilidade e greenwashing no relatório License to Greenwash. A detecção de greenwashing exige discernimento e conhecimento de dados. As marcas devem comprovar as alegações ambientais com “informações claras, verificáveis e completas” em todo o ciclo de vida do produto, incluindo fontes, fabricação e descarte, de acordo com a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido. A Fundação Ellen MacArthur acrescenta que a moda sustentável legítima deve divulgar as porcentagens reais da composição do material, certificações de terceiros ou validação de alegações e evidências de impacto reduzido de água, produtos químicos ou carbono. Sinais de alerta incluem rótulos vagos, como “eco”, “verde” ou “sustentável” sem prova quantificável, linhas mínimas “sustentáveis” que mascaram a superprodução em larga escala ou alegações de conteúdo reciclado que ignoram a intensidade energética do processamento. Eventos globais importantes estão começando a usar suas plataformas para amplificar esse diálogo. A Miami Fashion Week®, reconhecida oficialmente pelo Calendário de Moda da CFDA, exemplifica como a moda pode se tornar um catalisador para a sustentabilidade. Em sua recente edição, o evento focou intencionalmente sua programação em moda, arte, sustentabilidade e inovação, unindo criatividade e consciência climática. A ênfase no diálogo e na inclusão é importante. Eventos como a Miami Fashion Week podem ajudar a mudar a sustentabilidade de painéis de nicho para o palco principal, onde designers, educadores e inovadores podem repensar o papel da moda na formação de um futuro responsável. Em um mundo onde 10% das emissões globais de carbono e 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis estão ligados à moda, a mudança não pode depender apenas das escolhas do consumidor ou das promessas das marcas. Ela deve ser ancorada na colaboração entre escolas de design, formuladores de políticas, mídia e líderes culturais que definem o tom do que é desejável e possível. A moda sustentável é mais do que uma tendência da indústria; é um movimento que exige transparência, dados e a coragem de questionar os negócios como de costume.
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Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA
com base em reportagem publicada em
Forbes
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