A ministra do Supremo Tribunal, B. V. Nagarathna, enfatizou a necessidade urgente de as autoridades competentes legislarem sobre deepfakes e o abuso infantil facilitado por inteligência artificial. A ministra fez estas declarações durante a sessão de encerramento da consulta nacional anual sobre 'Salvaguarda da Criança: Rumo a um Ambiente Mais Seguro e Propício para Ela na Índia', organizada pelo Comitê de Justiça Juvenil do Supremo Tribunal em colaboração com a UNICEF Índia.
Durante a consulta de dois dias, foram debatidas diversas formas de violência a que uma criança pode ser sujeita, com destaque para os perigos e promessas do ciberespaço e da inteligência artificial (IA). A ministra alertou que os perigos colocados pelas tecnologias em evolução podem ser comparados à Espada de Dâmocles. Por isso, as autoridades devem legislar sobre deepfakes e abuso infantil por IA, além de impor a notificação obrigatória de material de abuso sexual infantil em 24 horas, controle de idade em plataformas e rastreamento nacional de prazos de resposta.
A ministra Nagarathna, que também preside o Comitê de Justiça Juvenil do Supremo Tribunal, afirmou que, com vigilância suficiente, pode-se interceptar casos de violência e tráfico de crianças. Ela mencionou a possibilidade de o Supremo Tribunal criar um 'Comitê Consultivo de Crimes Cibernéticos de IA sobre Crianças', com o objetivo de identificar como a IA e as tecnologias emergentes afetam as crianças e como
mitigar esses impactos.
A ministra também destacou a importância de protocolos de treinamento judicial e capacitação sobre IA e os danos que ela causa, além de como esses problemas devem ser abordados em todo o país. Ela ressaltou a necessidade de monitoramento e aplicação rigorosos da lei existente para prevenir o infanticídio e o feticídio feminino.
Além disso, a ministra afirmou que a lei sozinha não pode transformar a sociedade. É preciso aumentar a conscientização e a sensibilização entre os futuros pais sobre as oportunidades, benefícios e opções disponíveis para as meninas, e como acessá-las, desde que os pais estejam comprometidos em dissipar a noção de que a menina é um fardo.
A ministra Nagarathna também enfatizou a necessidade de acesso à nutrição para as meninas, mencionando que, como foi corretamente expresso nas deliberações, salvar uma menina é salvar uma geração. Ela disse que é fundamental promover a alfabetização nutricional nas crianças como parte do currículo escolar, pois 'a comida é o melhor remédio'.
A ministra sugeriu a necessidade de finalizar uma definição nacional de alimentos com alto teor de gordura, açúcar e sal (HFSS), introduzir rótulos de advertência na parte frontal das embalagens, taxar produtos não saudáveis e proibir a comercialização de junk food perto das escolas, com auditorias anuais de conformidade. Ela ressaltou que a educação tem um potencial único de emancipação para as meninas, na sua capacidade de promover a mobilidade social, aumentar a conscientização sobre os males sociais e capacitá-las a conhecer seus direitos e deveres como membros da sociedade.
A ministra Nagarathna disse que é preciso fortalecer os caminhos para ajudar as crianças em conflito com a lei, vítimas de violência, tráfico, casamento infantil e outros males sociais, a retornar a uma vida normal, retomando seus estudos, para que 'nenhuma criança seja deixada para trás'. Para que os esforços contra o tráfico sejam mais eficazes, é essencial profissionalizar as investigações usando rastreamento forense e financeiro, e institucionalizar a reabilitação como um dever estatal com resultados mensuráveis de recuperação.
'Precisamos garantir respostas mais fortes centradas na criança/vítima. Cada distrito deve ter acesso a serviços médicos, psicossociais e legais sensíveis às crianças e ao gênero', afirmou. Sobre o casamento infantil, a ministra Nagarathna disse que esta consulta revelou a necessidade de trabalhar em conjunto, e não em silos isolados. Os esforços de prevenção e resposta ao casamento infantil são mais eficazes quando realizados a nível comunitário, envolvendo panchayats, membros da comunidade e autoridades designadas.
A ministra Nagarathna também disse que é preciso se esforçar para institucionalizar o treinamento policial baseado na empatia e os procedimentos judiciais, além de garantir a coordenação regular interdepartamental e revisar anualmente a satisfação dos sobreviventes e as taxas de condenação. 'Isso contribuiria para uma justiça compassiva para as crianças', disse ela. Uma menina que pertence a uma seção marginalizada da sociedade, com deficiência e economicamente desfavorecida ou com dificuldades de aprendizagem deve receber o devido reconhecimento, de acordo com a Constituição e os convênios internacionais sobre os direitos da criança, disse ela. O empoderamento das meninas é uma pedra angular para a criação de uma sociedade mais justa, equitativa e próspera na Índia, acrescentou.
'Devemos ainda estabelecer sistemas de monitoramento mensuráveis para lidar com ambiguidades legais, lacunas de aplicação e uso indevido de tecnologia na seleção sexual. Dados são um recurso valioso e não devemos hesitar em relatar estatísticas precisas, mesmo que retratem um quadro negativo', disse a ministra Nagarathna. Ela também disse que, ao coletar essas estatísticas, é preciso se envolver em uma revisão periódica e oportuna do desempenho institucional para ver se alguma melhoria está sendo feita na proporção sexual, nos níveis nacional, estadual e local.
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Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA
com base em reportagem publicada em
Economictimes
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