Fuga em Massa? Um Terço dos Portugueses Considera Abandonar o País

Estudo revela aumento nas intenções de emigração em Portugal. Jovens e qualificados lideram a tendência, impulsionados por busca de melhores condições e insatisfação com a situação atual. Descubra os detalhes!

Mais de um terço dos portugueses (34%) demonstra disposição para emigrar, um aumento ligeiro em relação ao ano anterior (+2 p.p.). As principais razões apontadas, segundo o estudo Consumer Sentiment Survey 2025 do Boston Consulting Group (BCG), são a busca por melhores perspectivas profissionais (37%) e o descontentamento com a realidade política, fiscal e social. O estudo evidencia uma ligação direta entre a intenção de emigrar e a idade, assim como o nível de formação, confirmando tendências anteriores. A vontade de deixar o país é maior entre os jovens — 73% dos inquiridos com idades entre 18 e 24 anos ponderam a emigração (+9 p.p.). Por outro lado, indivíduos com ensino superior (35%) demonstram maior propensão a emigrar quando comparados aos que não possuem esse nível de formação (29%). Eduardo Bicacro, Managing Director & Partner da BCG, destaca que a tendência de emigração, especialmente entre as gerações mais jovens e qualificadas, persiste. Ele relaciona isso à perda de competitividade salarial em Portugal, que expõe o país à saída de talentos que encontram melhores oportunidades no exterior. Bicacro acrescenta que a remuneração não é o único fator relevante: autonomia, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e flexibilidade horária são cruciais, áreas onde Portugal ainda está atrás de outros mercados europeus e internacionais. Além do salário, os fatores mais valorizados no trabalho incluem autonomia e responsabilidade

(26%), equilíbrio entre vida pessoal e profissional (25%) — ambos com um aumento de 2 p.p. em relação a 2024 —, e flexibilidade de horário (23%). Outros atributos importantes são o ambiente de trabalho saudável e colaborativo (22%) e as relações interpessoais (18%). Em contrapartida, aspetos como propósito (13%), flexibilidade de local (10%) ou benefícios adicionais (5%) — como combustível, carro ou ginásio — são menos valorizados. Em relação aos modelos de trabalho, o presencial total (72%) continua a ser o mais comum, mantendo-se estável nos últimos anos. No entanto, mais de 60% dos trabalhadores nessa situação preferem modelos híbridos ou remotos. Atualmente, apenas 10% dos portugueses trabalham totalmente à distância, embora um em cada quatro manifeste essa preferência — principalmente entre os profissionais com até 45 anos. O estudo também revela que 80% dos portugueses consideram importante ou muito importante trabalhar em ambientes diversos e inclusivos, sendo que 17% classificam esse fator como essencial. Apenas 6% dos inquiridos não valorizam a diversidade, demonstrando que a inclusão é vista como um pilar fundamental nas organizações modernas. O Consumer Sentiment Survey, realizado em agosto de 2025, baseou-se em 1.000 inquéritos a portugueses de todo o território continental, avaliando hábitos, percepções e expectativas de consumo e trabalho através de 44 perguntas.

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