No cenário da COP30, a humanidade enfrenta uma encruzilhada crucial: priorizar os lucros da indústria de combustíveis fósseis ou garantir um planeta habitável? A conferência climática de 2025, realizada em Belém, Brasil, às margens da Amazônia, iniciou-se em 10 de novembro e se estenderá até 21 de novembro. Este ano, o evento conta com a maior presença de lobistas de combustíveis fósseis em comparação com as edições anteriores, embora também tenha reunido a maior delegação de povos indígenas de todo o mundo, cada grupo representando visões distintas sobre como lidar com a crise climática.
A editora-chefe da The Real News Network, Maximillian Alvarez, conversou com Dharna Noor, repórter de combustíveis fósseis e clima do The Guardian US, para analisar as ações em andamento na COP30 e as implicações dos resultados da cúpula climática para o futuro da humanidade em um planeta em aquecimento acelerado.
Alvarez destacou a urgência da situação global, mencionando os tufões históricos que assolaram as Filipinas, a recuperação dos países caribenhos como Jamaica, Haiti e Cuba após furacões devastadores, e a crise hídrica no Irã. Diante desse cenário, o mundo volta seus olhos para Belém, Brasil, onde a COP30 está em andamento.
Dharna Noor, ao analisar a situação, apontou que o Acordo de Paris, assinado há dez anos, trouxe resultados, embora insuficientes. Ela explicou que, se a trajetória de aquecimento global de 2015 fosse mantida
, a Terra enfrentaria um aumento de 3,6 graus Celsius, o que seria catastrófico. Atualmente, a previsão é de 2,6 graus, ainda alarmante, mas com avanços significativos.
No entanto, Noor ressaltou que o progresso dos países ainda é insuficiente. Os Estados Unidos, sob a administração Trump, retiraram-se do acordo e não enviaram delegação à COP30. Além disso, a ambição dos países em relação às metas climáticas não atende às necessidades urgentes, com planos atualizados que não refletem a urgência da situação. A China, por exemplo, avançou um pouco na redução de emissões, mas não no nível necessário, enquanto a Índia ainda não apresentou seu plano.
A escolha de Belém, na Amazônia, como sede da COP30, traz à tona contradições complexas. O governo brasileiro, liderado por Lula, enfrenta desafios, incluindo a pressão da direita e a necessidade de concessões. A abertura de áreas da Amazônia para exploração de petróleo e as concessões ao agronegócio, por exemplo, geram frustração entre ativistas e povos indígenas. A realização da conferência em um local tão próximo da Amazônia força a reflexão sobre os impactos das políticas climáticas e a necessidade de uma transição justa.
Noor também mencionou que a COP30 é uma "COP de implementação", focada na execução de vários compromissos. Um dos pontos cruciais é a discussão sobre o fim do uso de combustíveis fósseis, responsáveis por 90% das emissões globais. Outro tema importante é a transição justa, que visa garantir que trabalhadores e comunidades não sejam prejudicados na transição para fontes de energia limpa. Além disso, a conferência aborda indicadores de adaptação, definindo como os países devem usar os recursos financeiros para se adaptar às mudanças climáticas.
A presença de lobistas da indústria de combustíveis fósseis na COP30 é um problema grave, segundo Noor. Ela ressalta que esses grupos têm interesses opostos aos objetivos do Acordo de Paris e que, em alguns casos, influenciaram os textos dos acordos. Em contrapartida, a conferência também conta com a maior delegação de povos indígenas, representando visões alternativas para o futuro.
Dharna Noor descreveu a atmosfera dos protestos em Belém, destacando a diversidade de pessoas e culturas presentes. Os protestos são um espaço onde as pessoas podem expressar suas preocupações e demandas, que muitas vezes não são ouvidas nas negociações climáticas. Ela mencionou a criatividade dos manifestantes, como a criação de uma cobra gigante, um símbolo de proteção para os povos indígenas da Amazônia, que também representa a demanda por financiamento climático.
Alvarez enfatizou que a crise climática tem impactos reais na vida das pessoas, como os eventos climáticos extremos que o Brasil e outras regiões têm enfrentado. A convergência de pessoas afetadas por essas crises em um só lugar é fundamental para dar voz às suas experiências.
Noor também comentou sobre a ausência dos Estados Unidos na COP30, destacando que, embora o país tenha sido um dos maiores obstáculos à ação climática global, sua ausência pode abrir espaço para avanços. No entanto, ela alertou para a influência dos EUA nos bastidores e a necessidade de monitorar possíveis ações para minar os esforços climáticos. Ela ressaltou que o progresso climático pode ser alcançado sem os EUA, impulsionado pela crescente competitividade das energias renováveis. No entanto, ela enfatizou a importância de garantir que a transição para fontes de energia limpa não deixe trabalhadores e comunidades para trás, o que é crucial para o sucesso da ação climática.
Este artigo foi publicado originalmente na The Real News Network e é republicado aqui sob uma licença Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International.
📝 Sobre este conteúdo
Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA
com base em reportagem publicada em
Therealnews
. O texto foi modificado para melhor atender nosso público, mantendo a precisão
factual.
Veja o artigo original aqui.
0 Comentários
Entre para comentar
Use sua conta Google para participar da discussão.
Política de Privacidade
Carregando comentários...
Escolha seus interesses
Receba notificações personalizadas