Jeannette Jara, uma comunista moderada, e José Antonio Kast, um fervoroso ultradireitista, emergem como os principais candidatos na eleição presidencial chilena, agendada para o próximo domingo, dia 16. Ambos prometem restaurar a estabilidade em um país que enfrenta desafios relacionados à criminalidade. Conforme indicam as pesquisas de opinião, Jara e Kast, juntamente com Johannes Kaiser, também da extrema direita, devem protagonizar um provável segundo turno em 14 de dezembro.
Jara, que faz parte do Partido Comunista desde os 14 anos, lidera uma ampla coalizão de centro-esquerda. Seus apoiadores ressaltam seu carisma e sua abertura ao diálogo. Ela costuma repetir que o Chile é como uma família, onde as pessoas podem ter visões diferentes, mas ainda assim se manterem unidas. Nascida em El Cortijo, um bairro humilde no norte de Santiago, há 51 anos, Jara possui formação em administração pública e direito e foi líder estudantil. Durante sua juventude, trabalhou em diversas atividades, inclusive na colheita de frutas. Estefany López, de 33 anos, expressou sua identificação com a trajetória de Jara, mencionando que também precisou conciliar trabalho e estudos, em um evento de campanha em Rancagua, no sul do país. Jara surgiu como uma opção presidencial após sua atuação como ministra do Trabalho no governo de Gabriel Boric, onde conseguiu reduzir a jornada de trabalho semanal para 40 horas e liderou a reforma do sistema de pensões. Apesar de sua
filiação ao Partido Comunista, ela faz parte da ala social-democrata e tem demonstrado divergências com os membros mais ortodoxos do partido. A jornalista Alejandra Carmona, autora da biografia 'Jeannette', afirmou que a candidata se apresenta como dissidente. Jara adotou uma plataforma que inclui medidas contra a criminalidade e maior controle migratório, temas mais associados à direita. Ela declarou na televisão que a segurança pública será uma prioridade desde o primeiro dia de seu eventual governo.
Kast, advogado de 59 anos, é filho de um ex-soldado do Exército nazista e irmão de um ex-ministro da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Em 2019, fundou o Partido Republicano, uma força de extrema direita que ele conduz com uma combinação de simpatia pessoal e forte controle sobre seus membros, conforme explicou Javiera González, coautora do livro “Kast: el mesías de la derecha chilena”. Kast sempre se apresenta com um visual impecável, usando terno, camisa branca e gravata. Esta é sua terceira campanha presidencial. Sua principal proposta é o combate rigoroso à criminalidade e à imigração irregular. Admirador de Pinochet, desta vez ele evitou discutir temas como sua oposição ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Kast admitiu ter uma arma de fogo e pretende aumentar o poder de fogo da polícia. Em um comício, ele discursou protegido por um vidro blindado. Kast tem feito uma contagem regressiva para a implementação de seu plano de expulsão de imigrantes em situação irregular, caso seja eleito. Ele ameaça que, caso não saiam voluntariamente, serão procurados para serem expulsos. Pedro Pereira, funcionário administrativo de 61 anos, acredita que Kast é a pessoa ideal para lidar com a criminalidade e tirar o país do que ele considera um governo nefasto.
Johannes Kaiser, deputado de 49 anos, aparece em terceiro lugar nas pesquisas. Ele ficou conhecido por seus comentários polêmicos em seu canal no YouTube, onde questionou o direito das mulheres ao voto e ironizou casos de estupro. Kaiser, com sua aparência corpulenta e barba espessa, costuma usar abotoaduras com o símbolo da Cruz de Ferro alemã. Embora tenha iniciado sete cursos de graduação, não concluiu nenhum. Ele lidera o Partido Nacional Libertário e é considerado mais radical que Kast. Seu programa combina medidas de segurança rigorosas, a promessa de expulsar imigrantes irregulares, uma economia ultraliberal e um discurso conservador em questões sociais. Kaiser pretende transferir 'estrangeiros ilegais com antecedentes criminais, membros do Tren de Aragua e de organizações criminosas' para a megaprisão de Nayib Bukele, em El Salvador, conforme afirmou em entrevista. Atrás de Kaiser, encontra-se Evelyn Matthei, candidata da direita tradicional. Matthei, ex-ministra e ex-prefeita, é filha de um dos membros da junta militar que governou com Pinochet. Economista de formação, Matthei já concorreu à presidência em 2013. Em sua campanha, ela prometeu fechar a fronteira à imigração irregular em um ano, utilizando drones, informações de satélite e a implantação de uma polícia de fronteira, entre outras medidas.
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