No cenário frenético pela supremacia em inteligência artificial, as gigantes americanas da tecnologia, apesar de possuírem vastos recursos financeiros e chips de última geração, se depararam com um novo desafio: a disponibilidade de energia elétrica. Satya Nadella, CEO da Microsoft, reconheceu em um podcast com Sam Altman, da OpenAI, que a principal dificuldade não reside na escassez de capacidade de computação, mas sim na obtenção de energia e na capacidade de construir infraestruturas rapidamente próximas às fontes de energia. Nadella acrescentou que, caso essa infraestrutura não seja garantida, haverá um acúmulo de chips sem condições de uso. Revivendo a febre da construção da infraestrutura da internet nos anos 90, as grandes empresas de tecnologia estão investindo somas sem precedentes para erguer a espinha dorsal de silício da revolução da inteligência artificial. Google, Microsoft, AWS (Amazon) e Meta (Facebook) estão utilizando suas volumosas reservas de caixa para gastar cerca de US$ 400 bilhões em 2025 e ainda mais em 2026, com o apoio de investidores entusiasmados. Esse aporte financeiro tem ajudado a mitigar um gargalo inicial: a aquisição dos milhões de chips necessários para a corrida por poder computacional. As empresas de tecnologia estão acelerando a produção interna de processadores, buscando alcançar a líder global Nvidia. Esses chips serão instalados nos racks que preenchem os enormes data centers, que, por sua vez, consomem
grandes quantidades de água para resfriamento. A construção desses grandes armazéns de informações leva, em média, dois anos nos Estados Unidos, enquanto a instalação de novas linhas de energia de alta voltagem pode levar de cinco a dez anos. A "barreira energética" As grandes empresas de tecnologia, conhecidas como "hiperscalers" no Vale do Silício, previram a crise energética. Há um ano, a principal fornecedora de serviços de utilidade da Virgínia, Dominion Energy, já tinha uma carteira de pedidos de data centers de 40 gigawatts, o equivalente à produção de 40 reatores nucleares. A capacidade que precisa ser implantada na Virgínia, o maior centro de computação em nuvem do mundo, aumentou para 47 gigawatts, conforme anunciado recentemente pela empresa. Já culpados por inflacionar as contas de eletricidade das residências, os data centers nos Estados Unidos podem representar de 7% a 12% do consumo nacional até 2030, um aumento em relação aos 4% atuais, de acordo com diversos estudos. No entanto, alguns especialistas afirmam que as projeções podem ser exageradas. Jonathan Koomey, renomado especialista da UC Berkeley, alertou em setembro que tanto as empresas de serviços públicos quanto as empresas de tecnologia têm interesse em promover o rápido crescimento previsto para o uso de eletricidade. Assim como na bolha da internet no final dos anos 90, "muitos data centers que são discutidos, propostos e, em alguns casos, até mesmo anunciados, nunca serão construídos". Crise do carvão Caso o crescimento projetado se concretize, poderá haver uma escassez de 45 gigawatts até 2028, o equivalente ao consumo de 33 milhões de residências americanas, de acordo com Morgan Stanley. Várias empresas de serviços públicos dos EUA já adiaram o fechamento de usinas de carvão, apesar de o carvão ser a fonte de energia mais poluente para o clima. O gás natural, que alimenta 40% dos data centers em todo o mundo, de acordo com a Agência Internacional de Energia, está ganhando nova aceitação por sua rápida implantação. No estado da Geórgia, nos EUA, onde os data centers estão se multiplicando, uma empresa de serviços públicos solicitou autorização para instalar 10 gigawatts de geradores a gás. Algumas empresas, bem como a startup xAI de Elon Musk, correram para comprar turbinas usadas no exterior para construir capacidade rapidamente. Até mesmo a reciclagem de turbinas de aeronaves, uma solução antiga, está ganhando força. Doug Burgum, secretário do Interior, argumentou em outubro que a verdadeira ameaça existencial no momento não é o grau de mudança climática, mas sim a possibilidade de perder a corrida armamentista da IA se não houver energia suficiente. Nuclear, solar e espacial? As gigantes da tecnologia estão discretamente minimizando seus compromissos climáticos. O Google, por exemplo, prometeu emissões líquidas zero de carbono até 2030, mas removeu essa promessa de seu site em junho. Em vez disso, as empresas estão promovendo projetos de longo prazo. A Amazon está impulsionando uma revitalização nuclear por meio de Pequenos Reatores Modulares (SMRs), uma tecnologia ainda experimental que seria mais fácil de construir do que os reatores convencionais. O Google planeja reiniciar um reator em Iowa em 2029. E o governo Trump anunciou no final de outubro um investimento de US$ 80 bilhões para iniciar a construção de dez reatores convencionais até 2030. Os hiperscalers também estão investindo pesadamente em energia solar e armazenamento de baterias, principalmente na Califórnia e no Texas. A operadora de rede do Texas planeja adicionar aproximadamente 100 gigawatts de capacidade até 2030 apenas com essas tecnologias. Por fim, tanto Elon Musk, por meio de seu programa Starlink, quanto o Google propuseram colocar chips em órbita no espaço, alimentados por energia solar. O Google planeja conduzir testes em 2027.
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