O grupo Hamas informou à AFP, neste domingo (12), que não participará do governo de Gaza após o término da guerra e que a libertação dos reféns em Gaza começará na segunda-feira (13). A informação foi divulgada no terceiro dia do cessar-fogo com Israel. Osama Hamdan, importante funcionário do Hamas, declarou que a troca de prisioneiros e reféns começará na manhã de segunda-feira, conforme o acordo assinado. O pacto de trégua entre Israel e Hamas, que entrou em vigor na sexta-feira, prevê a troca dos últimos reféns — vivos e mortos — restantes em Gaza por quase 2.000 palestinos detidos em prisões israelenses, incluindo 250 detidos “por razões de segurança nacional”. As duas partes agora precisam negociar a implementação do plano de 20 pontos do presidente dos EUA, Donald Trump, para encerrar a guerra. O plano sugere que o grupo palestino se desmilitarize e renuncie ao controle de Gaza após o fim do conflito.
No terceiro dia de cessar-fogo, alguns caminhões com ajuda humanitária cruzaram para Gaza neste domingo, mas moradores de Khan Yunis, no sul, relataram que alguns foram saqueados por pessoas famintas. Mohamed Zarab declarou: “Não queremos viver na selva. Exigimos que a ajuda seja garantida e distribuída respeitosamente”. Ele acrescentou: “Vejam a comida no chão”. O plano de paz também prevê a substituição do exército israelense, em sua retirada de Gaza, por uma força multinacional composta por Egito, Catar, Turquia e Emirados
Árabes Unidos, coordenada por um centro de comando liderado pelos Estados Unidos em Israel.
Uma fonte do grupo próxima às negociações confirmou à AFP, sob condição de anonimato, que “Para o Hamas, governar a Faixa de Gaza é um assunto encerrado. O Hamas não participará de forma alguma da fase de transição, o que significa que abriu mão do controle da Faixa, mas continua sendo uma parte fundamental do tecido social palestino”. Os comentários foram feitos um dia antes de uma cúpula de paz em Gaza no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh. Trump e seu homólogo egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, presidirão a reunião, que contará com a presença de cerca de 20 líderes mundiais, incluindo o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. Trump, no entanto, viajará primeiro para Israel, onde se encontrará com as famílias dos reféns capturados pelo Hamas durante seu ataque no sul do país em outubro de 2023. O ataque desencadeou uma ofensiva israelense implacável e uma guerra devastadora no território palestino.
Enquanto as famílias dos reféns israelenses, ansiosas, mas aliviadas, aguardam o retorno de seus entes queridos, os palestinos vasculham as ruínas de suas casas e esperam a chegada da ajuda humanitária ao território. Mahmud al-Muzain, morador de Gaza, expressou sua desconfiança em uma paz duradoura, dizendo: “Todos temem o retorno da guerra. As pessoas roubam ajuda e guardam em suas casas”. Fatima Salem, de 38 anos, também teve seu otimismo abalado ao descobrir que sua casa não existia mais. Ela declarou: “Meus olhos continuavam procurando os pontos de referência, mas nada parecia o mesmo, nem mesmo as casas dos vizinhos estavam lá”. Ela adicionou: “Apesar do cansaço e do medo, senti como se estivesse retornando ao meu lugar seguro. Sentia falta do cheiro da minha casa, mesmo que agora seja apenas escombros. Vamos montar uma barraca ao lado dela e esperar que seja reconstruída”.
Apesar do progresso aparente, os mediadores ainda enfrentam a difícil tarefa de garantir uma solução política de longo prazo que permita ao Hamas entregar suas armas e renunciar ao controle de Gaza. Uma fonte do Hamas próxima à equipe de negociação informou à AFP que “O Hamas aceita uma trégua de longo prazo e que suas armas não serão usadas durante esse período, exceto em caso de ataque israelense a Gaza”. A guerra em Gaza eclodiu após o ataque do Hamas em outubro de 2023, que resultou na morte de 1.219 pessoas em Israel, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. Os milicianos islamistas capturaram 251 pessoas naquele dia, das quais 47 permanecem detidas em Gaza. Netanyahu disse na sexta-feira que 20 estavam vivas e 28 morreram em cativeiro. A ofensiva israelense lançada em resposta matou pelo menos 67.682 pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU. Os dados não distinguem entre civis e combatentes, mas indicam que mais da metade das mortes são de mulheres e crianças.
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