Ostras de Volta à Flórida: A Reabertura da Baía de Apalachicola Acende Esperanças e Debates

Após anos de declínio, a Baía de Apalachicola, na Flórida, reabre para a pesca de ostras, mas pescadores e autoridades divergem sobre as novas regras e o futuro da indústria.

TALLAHASSEE, Flórida (AP) – A Baía de Apalachicola, no norte da Flórida, reabrirá para a pesca de ostras selvagens, uma decisão que os apoiadores esperam que reviva uma das últimas orlas históricas de trabalho em um estado onde grande parte da pitoresca costa cedeu a condomínios e lojas de souvenirs. A Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida aprovou o plano na quarta-feira para reabrir a baía para uma temporada limitada de pesca de ostras em 1º de janeiro de 2026, cinco anos após as águas, que eram nacionalmente conhecidas pelas saborosas e rechonchudas ostras, terem sido fechadas devido ao declínio das populações. O fechamento da baía, ao longo do que é conhecido como “Costa Esquecida” da Flórida, atingiu uma área que historicamente produzia 90% das ostras do estado e 10% do fornecimento nacional. As ostras de Apalachicola eram icônicas, comparáveis à lagosta do Maine e aos caranguejos azuis de Maryland, e sua perda marcou outro sinal de que um modo de vida para gerações de pescadores comerciais está desaparecendo junto com sua colheita. A outrora próspera indústria de ostras é parte vital da cidade de Apalachicola, que no século XIX se tornou o terceiro maior porto do Golfo do México, atrás apenas de Nova Orleans e Mobile, Alabama. Muitos pescadores de ostras não se adaptaram bem a serem forçados a deixar a água e ir para “trabalhos terrestres”, como construção e paisagismo, disse Wayne Williams, presidente

da Seafood Work & Watermen’s Association da área. “Você vai de capitão de barco para cortar a grama de alguém. Sabe, essa é uma mudança bem grande”, disse Williams. Em todo o mundo, as populações de peixes e mariscos diminuíram para níveis perigosamente baixos, pois uma das ocupações mais antigas da sociedade enfrenta mares em aquecimento, apetites globais e pesca excessiva. Ao longo dos anos, ondas de seca e as demandas de água de Atlanta e fazendeiros a montante exauriram o rio Apalachicola e a baía em que ele deságua — provocando uma longa batalha legal conhecida como “guerras da água” que chegou até a Suprema Corte dos EUA, que acabou decidindo a favor da Geórgia. A diminuição do fluxo de água doce, bem como a predação, a pesca excessiva, a perda de habitat e os furacões, acabaram empurrando a produção de ostras de Apalachicola para uma queda livre, incentivando o governo federal a declarar um desastre pesqueiro em 2013 e desencadeando o fechamento total da baía em 2020. Agora, os reguladores estaduais dizem que as populações se recuperaram o suficiente para permitir a reabertura limitada de uma pequena parte da baía para pesca comercial e recreativa, com regras estabelecidas para o número e o tamanho das ostras que podem ser retiradas e de quais recifes. De acordo com uma análise da Conservação de Peixes e Vida Selvagem, apenas 500 acres de habitat potencial adequado para ostras permanecem na baía, em comparação com os estimados 10.000 acres que existiam historicamente — representando um declínio de 95%. “Isso não é nada”, disse Ottice Amison, comissário do condado de Franklin, que inclui Apalachicola. Ele questionou se os regulamentos atuais podem sustentar um meio de vida — e permitir uma revitalização da economia da orla da área, desde as casas de peixe locais até os construtores de barcos e restaurantes. “Adoraríamos ver isso voltar”, disse ele sobre a baía. “Mas não quero que a gente se precipite.” Ao estabelecer as novas regras, as autoridades de vida selvagem da Flórida deram preferência aos pescadores comerciais com histórico de trabalho na baía, embora ainda devam se inscrever para poder pescar. As licenças recreativas serão emitidas para residentes qualificados da Flórida por meio de loteria. Embora Williams apoie a reabertura da baía, ele e centenas de outros assinaram uma petição se opondo aos novos regulamentos, que consideram muito restritivos. “Não é apenas um trabalho, é o que amamos fazer”, disse Williams sobre a pesca de ostras, acrescentando: “só queremos colocar nossas vidas de volta nos trilhos.” Copyright 2025 The Associated Press. Todos os direitos reservados. Este material não pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribuído.

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