Ao chegar em Belém, sede da COP30, a quatro horas ao norte de São Paulo e Rio de Janeiro, fica claro o motivo da escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: uma floresta densa e verde que se estende por quilômetros, com rios serpenteando pelo meio. A cidade, um centro regional de 1,3 milhão de habitantes próximo à foz do Rio Amazonas, surge na paisagem, conhecida como a “porta de entrada” para a Amazônia. Sua riqueza vem da exportação de minerais, madeira e produtos de terras desmatadas. A COP30 aqui vai além da localização nos “pulmões da Terra”, lembrando a Cúpula da Terra de 1992 no Rio de Janeiro, onde a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) foi estabelecida, impulsionando ações globais. Com as emissões globais quase dobrando nos últimos 33 anos, poucos discordam que o progresso não foi o esperado. O consenso pós-Covid sobre mudanças climáticas parece fragmentado, com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, o maior contribuinte histórico para a mudança climática, promovendo desinformação e usando tarifas comerciais para pressionar outros territórios a comprar mais petróleo americano. Trump não comparecerá à COP30.
No centro da conferência, a sensação inicial é de que os anfitriões brasileiros estão se esforçando para manter o evento funcionando. Após alertas de falta de quartos de hotel e notícias de que países estavam evitando a conferência, o centro de conferências ainda estava em
construção, com cheiro de serragem e barulho de furadeiras. Corredores sombrios e banheiros com água marrom. Mas, quando os líderes mundiais começaram a falar sobre o clima, foi inspirador ver figuras de todo o planeta expressando preocupações sobre a necessidade de enfrentar o tema. Embora com diferentes abordagens – necessidade de mais financiamento climático, crescimento econômico “verde” ou o alerta de que não estamos fazendo o suficiente – a mensagem foi clara: 154 países, incluindo Índia, China e nações da Guiné Equatorial ao Iêmen, acreditam e estão comprometidos em lidar com a crise climática. O mundo pareceu ignorar os gritos de Trump. “A COP30 será a COP da verdade. É hora de levar a sério os avisos da ciência. É hora de encarar a realidade e decidir se teremos a coragem e a determinação necessárias para transformá-la”, alertou Lula. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o limite de 1,5°C no aquecimento global é uma linha vermelha para a humanidade. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, destacou a meta ambiciosa da UE de reduzir as emissões em 90% até 2040 e que a UE forneceu mais de 34 bilhões de euros em ajuda climática em 2024. “A Europa está mantendo o curso e oferece apoio aos parceiros”, disse ela.
Líderes, independentemente de suas inclinações políticas, enviaram mensagens pró-clima. O vice-primeiro-ministro da Itália, Antonio Tajani, disse que o compromisso é concreto e que é preciso fazer a sua parte para limitar o aquecimento global a 1,5°C. O enviado climático da Indonésia afirmou que o país está comprometido em fortalecer a ação climática nacional e reduziu o desmatamento em 75% desde 2019. Para países vulneráveis, a mensagem é urgente. O vice-primeiro-ministro do Lesoto, Nthomeng Majara, disse que secas, enchentes e tempestades afetam a vida, lembrando que a mudança climática é uma realidade. O primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, acrescentou que a crise climática é a realidade para os pequenos estados insulares. Alguns países criticaram Trump diretamente, com o presidente do Chile, Gabriel Boric, dizendo que Trump mentiu ao dizer que a crise climática não existe, enquanto o presidente colombiano, Gustavo Petro, disse que Trump é contra a humanidade. Emmanuel Macron, da França, pediu multilateralismo e apoio à ciência independente. Keir Starmer, do Reino Unido, alertou que o consenso sobre mudanças climáticas desapareceu entre os políticos, mas que o Reino Unido está intensificando a luta contra as mudanças climáticas como um investimento nas futuras gerações. Líderes como Starmer estão se comprometendo com a ação climática, pois o impacto da crise climática se torna mais evidente. Mais de 70% dos britânicos temem que a crise climática tenha um grande impacto no futuro das crianças, e 62% estão preocupados que o governo não esteja fazendo o suficiente. No entanto, o Reino Unido não oferecerá dinheiro ao projeto de Lula, Tropical Forest Forever Facility (TFFF), que fornecerá pagamentos anuais a nações florestais tropicais. A Noruega prometeu US$ 3 bilhões ao fundo, mostrando que, após trinta anos, as Cops ainda conseguem entregar ações significativas.
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Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA
com base em reportagem publicada em
The Independent
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