Uma empresa envolvida em obras suspeitas da Secretaria da Agricultura de São Paulo, com histórico de corrupção, recebeu mais de R$ 160 milhões do governo estadual nos últimos três anos. A informação foi divulgada em uma reportagem que detalha as irregularidades envolvendo a LBR Engenharia. Wagner Rosário, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), solicitou a "suspensão imediata" de pagamentos relacionados ao programa Melhor Caminho da secretaria, em um ofício obtido pelo Metrópoles. O documento, assinado quando Rosário ainda era controlador-geral do Estado (CGE), destacou o contrato de R$ 24 milhões do programa Melhor Caminho com a LBR Engenharia. Segundo Rosário, a empresa recebeu 93% do valor, apesar de apenas 53% das obras terem sido executadas e sem a devida comprovação. O ofício também aponta divergências entre os dados da empresa e das prefeituras, além de um pagamento indevido de R$ 880 mil por "transferência de tecnologia" não realizada. Antes do programa Melhor Caminho, a empresa já havia se envolvido em casos suspeitos, com confissões de participação em esquemas de corrupção por um dos sócios da empresa, Orlando La Bella Filho, que fez duas delações premiadas. Em uma das delações, La Bella Filho afirmou ter intermediado um repasse de R$ 289 mil da Camargo Corrêa à LBR Engenharia, por meio de um contrato falso firmado em 2012 com a Secretaria de Logística e Transportes de São Paulo. De acordo com a delação
, um indivíduo envolvido no caso buscou o valor em espécie no escritório da LBR Engenharia. O processo foi suspenso em 2022 após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anular o acordo da Camargo Corrêa. No segundo caso, La Bella Filho relatou ter pago seis parcelas de R$ 58 mil em espécie a um ex-gerente da Transpetro, José Antônio de Jesus, entre 2011 e 2013. A denúncia da operação Lava Jato de 2020 afirma que La Bella negociou com José Antônio o pagamento de vantagens indevidas no valor de R$ 466.637,21 para que ele praticasse atos para assegurar a boa execução dos contratos da LBR Engenharia na Transpetro. Sergio Lobo, um dos administradores da empresa, também foi citado em uma delação de um ex-superintendente da construtora Andrade Gutierrez, que relatou um pedido de suborno quando ele era diretor da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). O relato do executivo se referia à cobrança de suborno para repactuar contratos ferroviários, conforme revelado por reportagem da Folha de S.Paulo em 2019. Uma auditoria realizada em 2023 pela CGE sobre o Programa Melhor Caminho apontou suspeitas de irregularidades envolvendo a LBR Engenharia. O órgão verificou indícios de direcionamento na concorrência que resultou na contratação da LBR. Além disso, foi detectado o pagamento de R$ 880.417,71 por serviços de “transferência de tecnologia” não prestados. A LBR também recebeu mais de 93% do contrato, com serviços não comprovados, enquanto a execução das obras totalizava apenas 53,5%. Os pagamentos foram feitos sem os documentos comprobatórios. A LBR não teria competência para analisar e aprovar os cálculos referentes aos pedidos de aditivo, segundo Wagner Rosário. O documento, assinado pelo ex-CGE em julho de 2023, foi enviado à Secretaria de Agricultura, ainda sob a gestão do ex-secretário Antonio Junqueira, com indícios de irregularidades em dois processos ligados ao caso. As suspeitas levaram o Ministério Público de São Paulo (MPSP) a abrir 147 inquéritos e instaurar ao menos 12 ações para investigar o pagamento de R$ 49 milhões em aditivos de contratos do programa. A situação também motivou a gestão Tarcísio a denunciar o escândalo no primeiro ano de mandato. No entanto, o atual secretário Guilherme Piai atuou para encerrar as apurações internas da pasta sobre as irregularidades. A LBR não teve mais contratos com a Secretaria de Agricultura após 2023, quando houve a denúncia de irregularidades no programa Melhor Caminho. No entanto, continuou atuando em diversas secretarias da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em 2023, a empresa recebeu R$ 83 milhões de diversas secretarias do governo. No ano seguinte, foram mais R$ 43 milhões. Até outubro deste ano, o governo pagou R$ 35 milhões – a pasta de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística foi a que repassou o maior valor, de mais de R$ 18 milhões. A empresa também trabalhou para diversas estatais e governos, como Transpetro, CPTM, Cohab e Prefeitura de São Paulo, de acordo com o site da empresa. O Metrópoles procurou a LBR, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
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Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA
com base em reportagem publicada em
Metropoles
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