Desistência de Alunos por Falta de Dinheiro: O Alerta do Presidente do Técnico e a Crise no Ensino Superior

Rogério Colaço, presidente do Técnico, revela preocupação com alunos que abandonam cursos por dificuldades financeiras e critica a falta de investimento em ciência.

Em entrevista ao programa Hora da Verdade, da Renascença e jornal “Público”, Rogério Colaço, presidente do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, abordou questões cruciais sobre o ensino superior. Colaço, que está à frente da instituição há cinco anos, argumenta que, em vez de debater o aumento das propinas, estas deveriam ser utilizadas como ferramenta estratégica para definir áreas de formação prioritárias e revitalizar regiões do país. O presidente comentou sobre a extinção da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e sua fusão com a Agência Nacional de Inovação (ANI), afirmando que a criação de uma mega instituição não garante aumento de eficiência. Ele também criticou o modelo de inteligência artificial “Amália”, sugerindo que, com o financiamento recebido, o projeto está aquém do que poderia ser alcançado. A diminuição de alunos no ensino superior foi um dos temas centrais da conversa. Colaço explicou que, embora o Técnico ainda não sinta um impacto significativo no preenchimento de seus cursos, houve uma queda no número de candidatos, em parte devido às mudanças nas regras de acesso, como a introdução de disciplinas obrigatórias e exames. O presidente observou que a demografia é um fator crucial, com uma diminuição na taxa de natalidade que afeta o número de estudantes. Ele destacou o crescimento expressivo no acesso ao ensino superior nas últimas décadas e a consequente diminuição da

margem para expansão. Colaço abordou a questão da imigração, reconhecendo o aumento de estudantes estrangeiros no ensino secundário, mas notando que essa tendência não se reflete na mesma proporção no ensino superior. Ele defendeu a necessidade de entender as razões por trás disso, garantindo que o acesso não seja excessivamente dificultado e que o ensino superior continue a ser um meio de capacitação e ascensão social. Sobre o modelo de acesso ao ensino superior, Colaço não defendeu revisões imediatas, enfatizando a importância de permitir que o sistema se ajuste às mudanças recentes. Ele ressaltou a necessidade de garantir que o sistema não impeça o acesso e que o ensino superior continue a ser um veículo de capacitação e ascensão social. O presidente também mencionou o descongelamento das propinas anunciado pelo ministro da Educação, Fernando Alexandre, e propôs que as propinas fossem usadas como um instrumento para definir políticas públicas, como a isenção para estudantes de áreas prioritárias e o apoio financeiro para alunos do interior. Um dos pontos mais críticos da entrevista foi a questão do abandono escolar por dificuldades financeiras. Colaço descreveu essa situação como um “crime social”, mencionando que o Técnico oferece bolsas de ação social e bolsas beneméritas para apoiar os estudantes. O objetivo é aumentar o número de bolsas beneméritas para 300 no próximo ano, cobrindo os casos mais urgentes. O presidente também comentou sobre a reforma do Ministério da Educação, Ciência e Inovação, expressando preocupação com a extinção da FCT e defendendo que o foco deve ser o aumento do financiamento para a ciência e investigação, citando a necessidade de investimento para que a academia possa produzir resultados. Sobre o projeto “Amália”, Colaço explicou que, com o financiamento disponível, o projeto visa o desenvolvimento de modelos de linguagem em português, em vez de competir com outras plataformas de inteligência artificial. Em relação à denúncia de assédio laboral envolvendo um professor catedrático, Colaço explicou que, como órgão disciplinar, o Técnico seguiu os procedimentos adequados, abrindo um processo disciplinar com base nas queixas recebidas. Ele esclareceu que a prescrição dos casos não depende do tipo de processo, mas sim da natureza do crime. O presidente mencionou que o processo disciplinar está em andamento, com a colaboração da Inspeção-Geral de Educação e Ciência. Finalmente, Colaço comentou sobre o incidente com o Elevador da Glória, afirmando que o Técnico está envolvido na supervisão técnica dos trabalhos de reabertura, e sobre seu futuro, mencionando que seu segundo mandato como presidente do Técnico termina em 2027, e que após essa data pretende seguir novos rumos.

📝 Sobre este conteúdo Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA com base em reportagem publicada em Rr . O texto foi modificado para melhor atender nosso público, mantendo a precisão factual. Veja o artigo original aqui.