Cidadãos Americanos Naturalizados em Pânico? As Políticas de Trump Estão Abafando a Confiança!

Dauda Sesay, que chegou aos Estados Unidos fugindo da guerra civil em Serra Leoa e após passar quase uma década em um campo de refugiados, não imaginava que poderia se tornar cidadão americano. Ele foi orientado que, seguindo as regras e evitando problemas, poderia solicitar a cidadania após alguns anos. A cidadania americana lhe daria proteção, e foi isso que o motivou a se candidatar. A premissa, e a promessa, era que a naturalização criaria um vínculo entre ele e sua nova casa, com direitos e responsabilidades como o voto. Sesay, agora com 44 anos e atuando como defensor de refugiados, afirmou que acreditava na promessa de pertencimento ao fazer o juramento de lealdade. Contudo, nos últimos meses, as políticas de imigração do presidente Donald Trump abalaram essa crença em Sesay e outros cidadãos naturalizados. Há um temor crescente de que o esforço para aumentar drasticamente as deportações e alterar quem pode chamar a América de lar, como a tentativa de acabar com a cidadania por direito de nascimento, esteja causando um efeito cascata. A proteção da naturalização, que antes parecia sólida, agora se assemelha a areia movediça. Muitos se preocupam com as dificuldades ao sair do país, temendo serem questionados ou detidos por agentes de fronteira. Outros hesitam em se locomover internamente, após casos como o de um cidadão americano detido mesmo com a apresentação de sua certidão de nascimento. Sesay não viaja mais sem seu passaporte, mesmo

possuindo uma carteira de identidade federal. As operações de fiscalização de imigração, frequentemente realizadas por agentes federais mascarados, em locais como Chicago e Nova York, às vezes incluem cidadãos americanos. Um cidadão americano que alega ter sido detido duas vezes por agentes de imigração entrou com uma ação judicial. Adicionalmente, o Departamento de Justiça emitiu um memorando no verão, anunciando o aumento dos esforços para cancelar a naturalização de imigrantes que cometeram crimes ou representam risco à segurança nacional. Trump chegou a ameaçar a cidadania de Zohran Mamdani, o prefeito eleito de Nova York, que se naturalizou quando jovem. O clima tem feito com que alguns hesitem em se manifestar publicamente, temendo atrair atenção negativa. Várias organizações comunitárias não quiseram comentar sobre o assunto, com exceção de Sesay. A senadora estadual do Novo México, Cindy Nava, que cresceu sem documentos e obteve cidadania através do casamento, está familiarizada com o medo. Ela não esperava ver tanta apreensão entre os cidadãos naturalizados. Stephen Kantrowitz, professor de história da Universidade de Wisconsin-Madison, afirma que a definição de cidadania tem se expandido e contraído na história americana. Ele explica que, embora a palavra “cidadão” esteja na Constituição original, ela não é definida. A primeira lei de naturalização, de 1790, restringia a cidadania a “pessoas brancas livres” de boa conduta. Descendentes ou nativos africanos foram adicionados à lei federal de imigração após a Guerra Civil. No final do século XIX e início do século XX, leis limitaram a imigração e, por extensão, a naturalização. A Lei de Imigração de 1924 excluiu pessoas da Ásia, pois não eram brancas nem negras. Isso mudou em 1952, quando as restrições raciais foram removidas. A Lei de Imigração e Naturalização de 1965 substituiu o sistema anterior por um que distribuía vistos igualmente entre as nações. A história americana também registra casos de perda de cidadania, como na decisão da Suprema Corte de 1923, no caso U.S. vs. Bhagat Singh Thind. Essa decisão determinou que indianos não podiam ser naturalizados por não serem brancos. Em outros momentos, como na Segunda Guerra Mundial, isso foi ignorado, como no caso dos nipo-americanos internados. Kantrowitz ressalta que o poder político pode, em certas ocasiões, decidir que um grupo, indivíduo ou família não tem direito à cidadania. Sesay sente que isso é uma traição: “É aos Estados Unidos da América que fiz o juramento de lealdade, é com eles que me comprometi. Agora, dentro do meu país, vejo uma mudança. Honestamente, essa não é a América em que acredito quando coloco a mão no meu coração.”

📝 Sobre este conteúdo Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA com base em reportagem publicada em The Independent . O texto foi modificado para melhor atender nosso público, mantendo a precisão factual. Veja o artigo original aqui.