Adeus ao Mestre: Adolfo Gutkin, o Encenador que Revolucionou o Teatro Português, Parte aos 89 Anos

Figura icónica do teatro, Gutkin, nascido na Argentina, deixou um legado marcante. Saiba mais sobre a vida e obra deste visionário que transformou a cena teatral portuguesa.

O renomado ator, encenador e pedagogo Adolfo Gutkin faleceu no sábado, aos 89 anos, no Hospital Egas Moniz, em Lisboa, conforme relatou uma fonte familiar à agência Lusa. Nascido em Buenos Aires, Argentina, em 1936, o dramaturgo, residente em Oeiras, esteve internado em diversas unidades hospitalares da capital devido a problemas de saúde. Ao longo de mais de cinco décadas, Gutkin deixou sua marca no teatro, atuando na Argentina, Cuba e Portugal, em meio a diferentes regimes políticos, e introduzindo técnicas contemporâneas ao teatro português. O encenador e produtor, que completaria 89 anos em agosto, fundou em Lisboa, nos anos 1980, o Teatro do Mundo, sediado no Teatro Aberto, e posteriormente o Teatro Maizum, além de ter sido o idealizador do projeto de criação do Instituto de Formação, Investigação e Criação Teatral (IFICT) em Portugal. Gutkin iniciou sua carreira como ator na Argentina, no Nuevo Teatro de Buenos Aires, onde interpretou obras de autores como Bertolt Brecht, Bernard Shaw e Georg Büchner. Ainda jovem, fundou, com Augusto Fernandes, Agustín Alezzo e Carlos Gandolfo, o Grupo Juan Cristóbal, mais tarde rebatizado La Máscara, antes de integrar o Teatro Popular Bonaerense. Em 1962, mudou-se para Cuba, motivado pelo ambiente cultural efervescente após a Revolução, e lá atuou como ator, pedagogo e encenador, fundando uma escola de teatro em Santiago de Cuba e o Conjunto Dramático de Oriente, que dirigiu por vários anos. No país caribenho

, encenou obras de Strindberg, Arrabal e Pinter, recebendo prêmios em festivais teatrais cubanos e latino-americanos. Em 1969, foi para Lisboa, aceitando o convite para dirigir o grupo cénico da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, encenando “Volpone”, de Ben Jonson, que lhe rendeu prêmios. Retornou temporariamente à Argentina, apresentando uma nova versão de “Cemitério de Automóveis”, de Fernando Arrabal. Em seguida, voltou a Lisboa para repor “Volpone” e estrear “Melin 4”, ambos reconhecidos pela crítica e selecionados para o Festival Internacional de Teatro de San Sebastian, em Espanha, em 1970. Tornou-se membro de honra da Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, mas sua atividade chamou a atenção da PIDE, sendo perseguido e expulso do país em 1973. Regressou a Cuba, retomando o trabalho com o Conjunto Dramático de Oriente e colaborando na criação de uma nova estação televisiva em Santiago de Cuba. Após o 25 de Abril de 1974, Gutkin retornou a Portugal em 1980, instalando-se em Coimbra, onde dirigiu o Teatro dos Estudantes da Universidade. No Teatro Maizum, fundado em Lisboa em 1982, dirigiu “Um Jipe em Segunda Mão”, de Fernando Dacosta. Em 1981, apresentou à Fundação Calouste Gulbenkian o projeto de criação do IFICT, que se concretizou em 1982, com Gutkin como diretor. Em 1994, obteve a cidadania portuguesa e, mais tarde, teve um espaço de opinião no programa de rádio da TSF “Não Alinhados, com Adolfo Gutkin”.

📝 Sobre este conteúdo Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA com base em reportagem publicada em Rr . O texto foi modificado para melhor atender nosso público, mantendo a precisão factual. Veja o artigo original aqui.