A Vila do Cocal, localizada em São Sebastião da Boa Vista, no coração da Ilha do Marajó (PA), é o cenário de um emocionante curta-metragem intitulado "Vozes do Cocal". A produção tem como objetivo primordial preservar a tradição oral da comunidade, fortalecendo a memória e a identidade local, além de promover a educação ambiental e conscientizar sobre as mudanças climáticas. O lançamento do documentário está marcado para 14 de novembro, às 19h, no salão comunitário de Marajó (PA), com entrada gratuita para os moradores de São Sebastião da Boa Vista e comunidades ribeirinhas vizinhas. Segundo o diretor, esta será a primeira exibição de um curta-metragem na Vila. "Vozes do Cocal" se apresenta como um documentário poético, que se afasta da abordagem factual para mergulhar em uma linguagem sensorial e estética. A produção, patrocinada pelo Banco da Amazônia, envolve moradores de todas as idades, desde crianças até pescadores e artesãos, como explica o diretor do projeto e artista ribeirinho, Josué Castilho:
“O curta-metragem Vozes do Cocal mistura realidade e poesia, explorando essa dimensão mais emocional e visual da experiência ribeirinha. A narrativa se constrói através dos depoimentos dos próprios moradores, imagens da natureza, imagens do vilarejo e composições visuais que traduzem o cotidiano e o espírito da comunidade.”
Para Josué, a participação dos moradores em todas as etapas do projeto, desde as entrevistas até as
gravações, “promove autoestima, inclusão social e, principalmente, fortalecimento coletivo”. Entre os objetivos da obra, destacam-se o fortalecimento dos laços sociais, a promoção da educação ambiental e a divulgação da realidade amazônica em festivais de cinema, tanto no Brasil quanto no exterior. A produção busca resgatar a história centenária da comunidade da vila, abordando temas cruciais como tradições, ancestralidade, oralidade e meio ambiente. A educação ambiental e a consciência ecológica são pontos centrais do filme, que estimula reflexões sobre o impacto das mudanças climáticas na região e a importância de práticas sustentáveis, incentivando o cuidado com os rios e a floresta. O manejo correto de resíduos e o respeito aos ciclos da natureza também integram a narrativa cinematográfica.
“O filme aborda como os ribeirinhos se relacionam com o ambiente de forma afetiva e principalmente espiritual e sustentável. As mudanças climáticas e a sustentabilidade também são temáticas mais centrais. Eu busquei trazer dentro da obra e discutir os impactos das transformações ambientais na Vila do Cocal, na comunidade. A questão do lixo que chega na comunidade, que vem pelo rio. E isso gera escassez de peixe”, salienta Josué. O filme também tem o papel de estimular a comunidade e os espectadores a refletirem sobre a importância de práticas sustentáveis de preservação dos recursos naturais. A parceria com o Banco da Amazônia reforça o compromisso da instituição com a preservação da Região Amazônica. Josué afirma:
“Acho que mais do que um investimento cultural, o patrocínio representa uma aliança simbólica com os valores da preservação ambiental, valorização da cultura amazônica e desenvolvimento sustentável – princípios que estão diretamente alinhados com a missão da instituição Banco da Amazônia. E o filme, ao dar voz à comunidade ribeirinha da Ilha do Marajó, Vila do Cocal, minha comunidade, reflete o compromisso do Banco com o fortalecimento das identidades regionais e, principalmente, com a promoção de iniciativas que unem cultura, ecologia e cidadania.”
O apoio do Banco da Amazônia esteve presente desde a pesquisa, passando pela produção e pós-produção, até a exibição pública. O patrocínio foi aprovado por meio do edital de seleção pública de patrocínios do Banco da Amazônia 2025. “Esse apoio me permitiu garantir essa infraestrutura técnica, transporte, equipamento, alimentação, cachê, para todos os participantes do filme, foi muito importante”, destaca o diretor. O curta-metragem "Vozes do Cocal" está em fase de finalização, com todas as cenas gravadas. A previsão é que o filme tenha cerca de 18 minutos, mostrando "que a verdadeira essência da floresta está nas pessoas que habitam a Amazônia", conforme afirma Josué. O diretor ressalta que os saberes dos povos ribeirinhos são fundamentais para a sustentabilidade do ecossistema. O filme busca abordar o equilíbrio ecológico, unindo o espiritual e o cultural. Josué observa:
“A oralidade é um patrimônio muito importante que resiste ao esquecimento e, ao registrar essas histórias aqui no Cocal, penso que o curta defende essa palavra falada como forma de resistência e transmissão de conhecimento. A fala dos moradores é um rio que carrega memórias e valores.”
Entre as principais mensagens da produção, destaca-se a articulação entre justiça social e ambiental, convidando o público a refletir sobre como a destruição da floresta está ligada ao apagamento das culturas e comunidades que ali vivem. Josué acrescenta:
“As vozes do Cocal são muito importantes e no filme mostrar como a arte, o saber tradicional e a coletividade são formas de resistência diante da invisibilidade social e das pressões econômicas que ameaçam de formar a Amazônia. Esperança e futuro são uma das temáticas também centrais que eu quis abordar no filme.”
A Vila do Cocal, situada em São Sebastião da Boa Vista, na Ilha do Marajó, é uma pequena comunidade ribeirinha amazônica com raízes centenárias. Josué explica que a Vila já foi um importante centro econômico, com destaque na extração e exportação de produtos naturais, como óleo de andiroba, patauá, borrachas e fibras vegetais, além de cerâmica. “Esses produtos eram todos exportados para Europa. Esse passado de prosperidade deixou marcas profundas na memória coletiva dos moradores. Hoje, Cocal preserva uma forte identidade cabocla, marajoara, sustentada pela oralidade, pelos rituais de convivência com o rio, com a mata e pela sabedoria ancestral transmitida entre gerações.” Atualmente, a comunidade vive da pesca artesanal, agricultura de subsistência e artesanato.
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