O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou publicamente deputados de seu próprio partido, o Republicano, que apoiaram uma petição para que o governo tornasse públicos todos os documentos da investigação sobre Jeffrey Epstein. Trump chamou o grupo de "fracos e tolos".
Em uma publicação em sua rede social, Trump escreveu: "Alguns republicanos fracos caíram em suas garras porque são ingênuos e tolos. Epstein era democrata e é problema dos democratas, não dos republicanos!" Ele ainda acrescentou: "Pergunte a Bill Clinton, Reid Hoffman e Larry Summers sobre Epstein, eles sabem tudo sobre ele. Não perca seu tempo com Trump. Eu tenho um país para governar!" A referência de Trump é aos republicanos que assinaram um abaixo-assinado, criado por deputados do Partido Democrata, com o objetivo de forçar uma votação sobre a liberação dos arquivos do caso Epstein.
Com o apoio dos deputados republicanos, os congressistas conseguiram o número mínimo de assinaturas para forçar a votação, independentemente da convocação do presidente da Câmara. A pressão sobre Trump para divulgar a documentação aumentou a ponto de o presidente da Casa, Mike Johnson, também republicano, decidir colocar a medida em votação, conforme fontes do Congresso informaram à CNN Internacional.
Epstein, um empresário influente nos EUA na década de 1990, foi condenado por liderar uma rede de exploração sexual de mulheres. Ele foi preso e morreu na cadeia um mês depois
. Trump e Epstein eram amigos.
Durante a campanha eleitoral, Trump criticou a confidencialidade dos arquivos do caso e prometeu torná-los públicos ao assumir o poder. No entanto, isso não ocorreu, o que gerou especulações de que informações nos arquivos poderiam comprometer o ex-presidente. Pressionado, o governo dos EUA divulgou alguns documentos para congressistas.
Esta semana, deputados democratas tornaram públicos três e-mails do arquivo de Epstein, nos quais o empresário menciona Trump. Em um deles, Epstein afirma que "é claro que ele (Donald Trump) sabia sobre as garotas", sugerindo que Trump tinha conhecimento da rede de exploração de menores. Trump sempre negou saber sobre o esquema e disse ter rompido relações com Epstein quando o empresário começou a ser investigado.
A nova leva de e-mails de Epstein, divulgada na quarta-feira (12), revela uma mensagem em que Epstein se diz o único "capaz de derrubar" Trump. A mensagem, publicada pelo jornal "The New York Times", faz parte dos cerca de 20 mil arquivos que deputados dos EUA tornaram públicos, relacionados às investigações contra Epstein e que mostram Trump sendo mencionado em diversos e-mails.
Em uma conversa em dezembro de 2018, um interlocutor comentou sobre Trump: "Isso tudo vai passar! Eles estão mesmo tentando derrubar o Trump e fazendo tudo o que podem para conseguir isso…!" Epstein respondeu: "Sim, obrigado. Isso é muito louco. Eu sou o único capaz de derrubá-lo (Trump)". Na época, a Justiça estava intensificando as investigações contra Epstein, que seria preso em julho do ano seguinte. O bilionário e Trump já não eram amigos.
Epstein e Trump foram amigos por cerca de duas décadas, mas a relação terminou em meados dos anos 2000. Há indícios de que ambos permaneceram em desavença até a morte de Epstein. No final de 2018, reportagens do jornal "Miami Herald" revelaram que um secretário de Trump havia assinado o acordo extrajudicial que livrou Epstein de uma punição severa em um processo por abuso sexual de menores dez anos antes. Em reação, o Departamento de Justiça ordenou uma investigação criminal contra o bilionário.
A maioria das mensagens de Epstein divulgadas em que ele menciona Trump são consideradas banais. Em 2015, ao ser questionado sobre a situação econômica, Epstein respondeu que "Trump está amedrontando os mercados, não a China" — naquela época, Trump havia anunciado sua intenção de concorrer à Presidência.
O Congresso dos Estados Unidos publicou arquivos com mensagens que indicam que Trump poderia ter conhecimento da conduta de Epstein. Em um deles, o empresário afirmou que Trump “passou horas” na casa do bilionário com uma das vítimas.
Jeffrey Epstein foi um empresário conhecido por sua vasta rede de contatos com políticos, celebridades e executivos. Ele foi acusado de abusar de mais de 250 meninas menores de idade e de operar uma rede de exploração sexual. Epstein foi preso em julho de 2019 e, segundo as autoridades, cometeu suicídio um mês depois, na prisão. Trump e Epstein foram amigos nas décadas de 1990 e 2000. Trump nunca foi investigado no caso e afirma ter se afastado de Epstein assim que as acusações surgiram.
Durante a campanha de 2024, Trump prometeu que, se voltasse à Casa Branca, tornaria públicos os arquivos secretos sobre as investigações. Após a posse, o discurso mudou. Em julho, Trump chamou uma suposta lista de clientes de Epstein de “farsa“ e “bobagem“, acusando a “esquerda radical” de alimentar boatos. A mudança no tom frustrou seus apoiadores.
Na quarta-feira, a Câmara dos Deputados reuniu assinaturas suficientes para votar uma moção que força o governo a divulgar todos os documentos da investigação. Apesar disso, a imprensa americana indica que a moção deve ser barrada no Senado. Mesmo que aprovada nas duas casas, Trump poderia vetar a proposta.
Epstein foi acusado de crimes sexuais e amigo de Trump. Ele conviveu com milionários de Wall Street, membros da realeza e celebridades antes de se declarar culpado de exploração sexual de menores. Segundo a acusação, Epstein pagava para que meninas fossem até suas propriedades e realizassem atos sexuais. As menores também eram contratadas para recrutar outras garotas para a mesma finalidade. Dezenas de mulheres acusaram Epstein de forçá-las a prestar serviços sexuais a ele e a seus convidados.
Epstein foi investigado pela primeira vez em 2005, após denúncias de abusos sexuais contra meninas menores de idade. Em 2008, ele se declarou culpado do crime de exploração de menores e fez um acordo para cumprir 13 meses de prisão. Em julho de 2019, Epstein foi novamente preso, acusado de abuso de menores e de operar uma rede de exploração sexual. Epstein foi encontrado morto na prisão em agosto de 2019. A autópsia concluiu que ele cometeu suicídio. Após a morte do empresário, as acusações contra ele foram retiradas.
É de conhecimento público que Trump e Epstein foram amigos até os anos 2000. Trump afirma ter se afastado do bilionário quando as denúncias de abuso sexual vieram à tona. Ao longo das investigações, nunca houve evidências de que Trump tenha se envolvido em crimes ligados a Epstein. Documentos revelados em fevereiro pelo Departamento de Justiça mostram o nome de Trump em registros de voos associados ao bilionário. Em agosto, deputados democratas divulgaram uma suposta carta que teria sido enviada por Trump a Epstein, com o desenho de uma mulher nua. A Casa Branca classificou o documento como falso.
Segundo deputados democratas, as mensagens divulgadas levantam novas dúvidas sobre a relação entre Trump e Epstein. Em um dos e-mails divulgados, Epstein escreveu que Trump “sabia sobre as garotas”. Em outra mensagem, Epstein escreveu a Ghislaine Maxwell sobre Trump. Em uma rede social, Trump afirmou que a polêmica envolvendo os e-mails é uma “armadilha” criada pelos democratas.
A divulgação dos e-mails reacendeu pressões sobre o governo Trump para liberar todos os documentos relacionados a Jeffrey Epstein. Durante a campanha de 2024, Trump prometeu que, se voltasse à Casa Branca, tornaria públicos arquivos secretos sobre as investigações. A “Lista de Epstein” seria um suposto documento com nomes de pessoas envolvidas no escândalo sexual. O governo divulgou uma série de arquivos sobre o caso. Trump passou a minimizar o assunto e até chamou de “idiota” quem ainda se importava com o tema. O presidente foi avisado em maio pelo Departamento de Justiça que seu nome aparecia nos documentos de Epstein. A Casa Branca classificou a reportagem do jornal como “fake news”.
📝 Sobre este conteúdo
Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA
com base em reportagem publicada em
Globo
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