BELÉM, Brasil (Reuters) – Manifestantes indígenas defenderam, na quarta-feira, a invasão aos portões da cúpula do clima COP30 no Brasil e os confrontos com a segurança no dia anterior, afirmando que a ação visava demonstrar o desespero de sua luta pela proteção da floresta. Com negociadores de países de todo o mundo reunidos para discutir o futuro do planeta em meio ao aumento das temperaturas, os manifestantes disseram em uma coletiva de imprensa que queriam, principalmente, ter suas vozes ouvidas. "Foi uma tentativa de chamar a atenção do governo e da ONU que estão neste espaço", disse Auricelia, membro da comunidade Arapiun, no estado do Pará, na Amazônia brasileira, onde a cidade de Belém sedia a cúpula. Líderes indígenas afirmaram estar chocados com a contínua indústria e desenvolvimento na Amazônia. Dentro do complexo da COP, instalado em um antigo aeroporto, as negociações continuaram na quarta-feira pelo terceiro dia, abordando diversas questões. Entre elas está o financiamento climático – para financiar a transição para energia limpa e os preparativos para os piores impactos climáticos nos países em desenvolvimento. A questão tornou-se cada vez mais tensa nas negociações da COP, com os fundos não fluindo nas quantias necessárias para atender à demanda em meio ao aumento dos danos e custos causados por eventos climáticos extremos. Um relatório encomendado pela COP por acadêmicos independentes na quarta-feira afirmou que atingir
uma meta estabelecida na COP29 do ano passado para aumentar o financiamento anual para ação climática para US$ 1,3 trilhão até 2035 ainda era "inteiramente viável" com a combinação certa de políticas nacionais, padrões regulatórios e reformas nos bancos de desenvolvimento. "Não atingir essas metas colocaria o mundo em um lugar perigoso", disse o relatório. AL GORE RENOVA O ALERTA O ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, apresentou sua apresentação climática anual à cúpula – que os Estados Unidos ignoraram este ano, apesar de serem o maior poluidor histórico do mundo desde a Revolução Industrial. Apresentando uma longa lista de desastres recentes agravados pelas mudanças climáticas, Gore questionou a cúpula: "Até quando vamos ficar parados e continuar aumentando o termostato para que esse tipo de evento piore ainda mais?" Gore foi co-vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2007 por sua defesa ambiental. Muitos delegados dos 195 governos que participam das negociações têm se preocupado com a crescente divisão global em relação à ação climática – visando, em particular, a reversão dos EUA sobre a questão. Vários países, incluindo Brasil, Canadá, França e Alemanha, aderiram a uma iniciativa que promete lutar contra interesses especiais que semeiam desinformação climática, inclusive por meio da promoção de avaliações climáticas baseadas em evidências. Muitos países desejaram emular como as avaliações climáticas federais dos EUA foram produzidas e revisadas por pares, antes que os Estados Unidos demitissem toda a sua equipe de avaliadores e derrubassem o site da agência em abril. COP REALIZADA NO 'CORAÇÃO DA FLORESTA' Mais cedo, na quarta-feira, dois navios da Marinha brasileira escoltaram uma flotilha de protesto transportando líderes indígenas e ativistas ambientais ao redor da Baía de Guajará, em Belém. Os participantes exibiram cartazes com os dizeres "Salve a Amazônia" ou pedindo direitos sobre a terra. Centenas de pessoas – incluindo líderes indígenas, moradores e delegados da COP – lotaram a orla para assistir. "Estamos realmente levando negociadores e líderes climáticos ao coração da floresta para experimentar em primeira mão o que é viver aqui", disse a diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, à Reuters. Os governos do mundo até agora não conseguiram fazer o suficiente para limitar o aquecimento global a não mais de 1,5 grau Celsius – o limite a partir do qual os cientistas dizem que poderíamos desencadear extremos catastróficos. No mês passado, cientistas alertaram que a floresta amazônica poderia começar a morrer e se transformar em um ecossistema diferente, como uma savana, se o desmatamento rápido continuar, pois a temperatura média global ultrapassa 1,5°C. A previsão é que isso ocorra por volta de 2030, antes do que se estimava anteriormente. "Eles (o governo brasileiro) não estão nem um pouco preocupados com o Baixo Tapajós", disse Margareth, da comunidade Maytapu, referindo-se a um afluente do Amazonas que fica a várias centenas de quilômetros de Belém. "Eles não estão preocupados com nossa luta. O que eles dizem é que somos contra o governo", afirmou. "Pelo contrário: não somos contra o governo. Precisamos do governo conosco. Mas ele deve ser honesto com todos."
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