Greve nos Portos: Caos à Vista! Governo Ignora Acordo e Agentes de Navegação Alertam para Impactos Milionários

Nova greve nos portos portugueses ameaça causar prejuízos milionários e abalar a reputação do país. AGEPOR critica Governo por não cumprir acordos e alerta para cancelamento de escalas.

Os trabalhadores portuários nacionais preparam-se para uma nova greve, com início esta semana, em dias intercalados, que se estenderá até 12 de dezembro. O pré-aviso foi emitido pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias a 8 de novembro, data que coincidiu com o término da greve anterior. A paralisação, tal como a precedente, decorre do impasse com o Governo, que está a impedir a concretização de um acordo assinado no ano passado. O sindicato denuncia a "persistente e incompreensível postura do Ministério das Finanças que, há meses, obsta ao cumprimento do acordo estabelecido em 18 de dezembro de 2024, entre este Sindicato e todas as Administrações Portuárias (por proposta das mesmas)". A greve, que incluirá serviços mínimos, está agendada para os dias 21, 22, 25, 26, 28 e 29 de novembro, e também para 2, 3, 4, 9, 12 e 13 de dezembro. Os portos das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, e as operações nos portos continentais destinadas ou provenientes dos arquipélagos, ficarão, mais uma vez, de fora. António Belmar da Costa, presidente da Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (AGEPOR), manifesta grande preocupação face a esta nova greve, considerando-a também uma "questão de imagem e reputação". Segundo ele, "os armadores vão-se afastando cada vez mais, e depois vai ser complicado retomar". Da última greve, que não teve balanço de impactos divulgado pelo sindicato ou pelas administrações

portuárias, António Belmar da Costa tem conhecimento de "pelo menos, umas 30 ou 40 escalas canceladas", principalmente de cruzeiros, que "simplesmente cancelam a escala", enquanto os navios de mercadorias "se não vêm amanhã, vêm à tarde". O responsável queixa-se do "impacto significativo", com efeitos diretos e indiretos, "na ordem dos milhões" de euros. "Tem de perceber que se a nível macro, 20 ou 30 escalas ao longo do ano não são muito significativas, para uma empresa, duas ou três escalas são significativas, têm impacto nas receitas", acrescenta. "Nós estamos a falar, essencialmente, das lanchas — o serviço que leva os pilotos para o bordo dos navios. Esses serviços deixam de acontecer e paralisam completamente o porto. É meia dúzia de pessoas", lamenta. Para esta nova greve, caso não haja acordo, Belmar da Costa antecipa "mais não sei quantas escalas canceladas" e, "mais uma vez, uma imagem de falta de credibilidade e de previsibilidade dos portos portugueses". É uma paralisação "que não compromete só o presente, mas também o futuro", acredita, lembrando que "nos últimos 10 anos, já houve pelo menos 20 ou 30 pré-avisos de greve". Contudo, António Belmar da Costa também aponta o dedo ao Governo, relembrando "o que foi dito por todas as partes" a respeito de "um entendimento entre as administrações portuárias e o sindicato" com "a benção da tutela". Agora, contudo, "o que parece é que as Finanças não estão a dar a benção ao Ministério das Infraestruturas", afirma o representante da AGEPOR, concluindo que "não se está a honrar o que foi prometido". "Deveriam honrar o compromisso, que parece ter existido, pelas informações que temos. Portanto, deveriam honrar o compromisso e não podemos ter um Governo das Infraestruturas e um Governo das Finanças. Eu acho que o Governo tem de falar a uma só voz", critica Belmar da Costa.

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