Dia da Cultura: Os Gigantes Esquecidos que Moldaram a Literatura Cabo-verdiana

No Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, a homenagem a Eugénio Tavares é um momento para celebrar a rica herança cultural de Cabo Verde e revisitar a obra de Guilherme Dantas, dois pilares da literatura cabo-verdiana. Guilherme Dantas, nascido em 1849 em Pé-da-Rocha, foi o primeiro ficcionista cabo-verdiano. Estudou em Portugal, onde publicou "Contos Singelos" em 1867. A obra, que evoca as paisagens da ilha Brava, é vista por alguns críticos como o primeiro livro de um escritor cabo-verdiano nascido e formado nas ilhas. Dantas demonstrou ambição literária desde cedo e o desejo de integrar Cabo Verde no cenário cultural luso-atlântico. De volta a Cabo Verde, trabalhou como funcionário público e bibliotecário, colaborando em diversos jornais. Entre seus trabalhos mais importantes, destacam-se "Nhô José Pedro ou Cenas da Ilha Brava" e "Memórias dum Pobre Rapaz". A sua morte prematura em 1888 levou ao esquecimento. Apenas após a independência, sua obra foi resgatada, impulsionada por Félix Monteiro, Arnaldo França e Manuel Brito-Semedo. Em 2013, a edição crítica de "Contos Singelos e Outros Textos" consolidou a importância de Dantas como um dos fundadores da ficção cabo-verdiana. Eugénio Tavares, nascido na Brava em 1867, foi o grande poeta da crioulidade. Poeta, jornalista e dramaturgo, Tavares é conhecido pelas "Mornas – Cantigas Crioulas", que imortalizaram a tradição oral de saudade, amor e diáspora. Nos Estados Unidos, colaborou em "A Alvorada"