A atenção global se volta para Belém, no Pará, um dos portais da Amazônia brasileira, onde a comunidade climática se reúne para a 30ª Conferência das Partes (COP30) sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Marcando uma década desde a adoção do Acordo de Paris em 2015, esta conferência eleva as expectativas globais por implementação real, responsabilidade e cumprimento de promessas, em vez de apenas negociar novas ambições. Realizada em um cenário geopolítico tenso e com eventos climáticos devastadores em países vulneráveis, os temas que dominam a agenda da COP30, com duração de 12 dias, carregam implicações de longo alcance para as pessoas e o planeta. Em primeiro lugar, os países negociarão os resultados relacionados à adaptação na COP30, incluindo um conjunto de indicadores para avaliar o progresso em direção à Meta Global de Adaptação (GGA), ancorada no Acordo de Paris. A GGA foi projetada para orientar a transição dos Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) dos países para ações concretas, aprimorando a capacidade de adaptação e fortalecendo a resiliência às mudanças climáticas. O progresso na GGA deve ser acompanhado por meio de 100 indicadores. No entanto, a estrutura de indicadores e os detalhes operacionais da GGA permanecem inacabados, pois dados confiáveis e lacunas de conhecimento prevalecem em países vulneráveis, que precisam de tempo para construir sua capacidade estatística. Espera-se
que a COP30 finalize a arquitetura de acompanhamento do progresso da GGA. A segunda questão são os novos planos climáticos nacionais, como as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) sob o Acordo de Paris, que cada país é obrigado a apresentar a cada cinco anos. Cada novo plano deve mostrar uma ação atualizada e mais forte do que antes, refletindo o que os países podem fazer. As NDCs para 2025 precisam explicar o plano dos países para enfrentar as mudanças climáticas até 2035. Entre novembro de 2024 e 10 de novembro de 2025, 109 países apresentaram uma meta de NDC para 2035, o que atrairá atenção em Belém. Para observar, o Relatório sobre a Lacuna de Emissões de 2025 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), publicado pouco antes da COP30, alerta que o mundo ainda não está fazendo o suficiente para minimizar o risco de mudança climática. Com base nas promessas atuais dos países, as temperaturas globais podem subir de 2,3 a 2,5 graus Celsius até o final deste século. Isso significa que a temperatura da Terra ultrapassará o limite seguro de 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais nos próximos dez anos, agravando ondas de calor, inundações e tempestades, de acordo com cientistas. O objetivo mais importante agora é reduzir a temperatura o mais rápido possível. A falta de ambição ou de acordo sobre a implementação confiável na COP30 tornará cada vez mais implausível manter a temperatura dentro do limite seguro. A terceira questão é a ampliação do financiamento climático para países em desenvolvimento e de baixa renda. Mobilizar e fornecer financiamento adequado para mitigação, adaptação e perdas e danos, especialmente para países vulneráveis, é uma tarefa crítica. A nova meta quantificada coletiva (NCQG), adotada na COP29 em Baku, no Azerbaijão, instou a aumentar o financiamento para países em desenvolvimento para pelo menos US$ 1,3 trilhão até 2035, com uma meta de mobilização de pelo menos US$ 300 bilhões anualmente. A tarefa em Belém é transformar essa ambição coletiva em apoio financeiro concreto. De acordo com o Relatório sobre a Lacuna de Adaptação do PNUMA de 2025, a necessidade global anual de adaptação a eventos induzidos pelas mudanças climáticas, como a elevação do nível do mar, ondas de calor extremas e tempestades, será de cerca de US$ 310 bilhões. No entanto, em 2023, os países em desenvolvimento receberam cerca de US$ 26 bilhões — dois bilhões a menos do que o valor recebido em 2022 e de 12 a 14 vezes menos do que o que atualmente precisam — em financiamento internacional para ajudá-los a se adaptar às mudanças climáticas. Em quarto lugar, espera-se que florestas, biodiversidade e conservação tropical, centrais para a sobrevivência climática, estejam em foco em Belém. Sediar a COP30 dá um impulso simbólico à conservação de florestas e da natureza, uma vez que a floresta amazônica abriga cerca de 60% da maior floresta tropical do mundo. Mecanismos como o Tropical Forest Forever Facility (TFFF), um fundo de financiamento misto proposto para incentivar os países a proteger florestas tropicais, devem ser um resultado emblemático, fornecendo fundos previsíveis de longo prazo para conservar e restaurar florestas tropicais. Em quinto lugar, espera-se que os países decidam um novo plano chamado Mecanismo de Ação de Belém para uma Transição Global Justa (BAM) na COP30. Tal plano deve visar uma mudança para uma economia verde de forma justa, onde as pessoas vêm em primeiro lugar, para que a ação climática crie novos empregos, forneça treinamento para os trabalhadores e ajude as comunidades a adaptar suas economias à medida que as indústrias mudam. A trajetória de transição justa é de extrema importância para países vulneráveis ao clima, como Bangladesh. A transição para o crescimento verde, incluindo energias renováveis, agricultura sustentável, defesas costeiras e soluções de economia azul nesses países, depende do acesso a financiamento, tecnologia apropriada e estruturas de transição justa. O resultado da COP30 deve ser baseado nos contextos dos países, para garantir que os planos e investimentos climáticos protejam o planeta, ao mesmo tempo em que apoiam os trabalhadores e constroem sociedades mais fortes e inclusivas. A agricultura e os sistemas alimentares também são uma das agendas de ação da COP30, uma vez que a agricultura e o uso da terra são uma importante fonte de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Para países em desenvolvimento e de baixa renda, incluindo aqueles altamente vulneráveis ao clima, como Bangladesh, a COP30 é uma oportunidade estratégica para acelerar a implementação de vários compromissos. Bangladesh está na linha de frente da elevação do nível do mar, ciclones, erosão fluvial e deslocamento impulsionado pelo clima. Portanto, obter clareza sobre o financiamento da adaptação e os indicadores da GGA é crucial. A implementação de compromissos globais sobre financiamento, transferência de tecnologia, capacitação e fortalecimento institucional é imperativa para Bangladesh. Além disso, a agenda florestal e da natureza tem implicações para Bangladesh. Embora Bangladesh não tenha uma vasta cobertura florestal como o Brasil, país anfitrião, a agenda florestal global — que inclui créditos de carbono, soluções baseadas na natureza e preservação de ecossistemas críticos — afeta os mercados globais de carbono, a cooperação internacional e as parcerias Sul-Sul nas quais Bangladesh pode se envolver. Além disso, a COP30 está sendo enquadrada não apenas como uma negociação entre estados, mas como uma sessão que exige o envolvimento de toda a sociedade, que inclui governos, o setor privado, povos indígenas, sociedade civil e jovens. Essa mobilização mais ampla é essencial para ampliar a ação e garantir que os acordos não sejam apenas assinados, mas implementados com transparência. Se a COP30 terminar com compromissos fracos ou caminhos de implementação comprometidos, os riscos são profundos, especialmente para países vulneráveis ao clima, como Bangladesh, e para o regime climático global mais amplo. Não se trata apenas de novas promessas; trata-se de cimentar caminhos confiáveis para o cumprimento das promessas e garantir que os países vulneráveis obtenham uma parte justa do ônus e dos benefícios. Um resultado significativo da COP30 pode desbloquear recursos, tecnologias e parcerias essenciais para o desenvolvimento resiliente ao clima em países vulneráveis. Por outro lado, a falha em fazer qualquer progresso será uma calamidade climática. Dr. Fahmida Khatun é diretor executivo do Centre for Policy Dialogue. As opiniões expressas neste artigo são próprias do autor. Siga The Daily Star Opinion no Facebook para as últimas opiniões, comentários e análises de especialistas e profissionais. Para contribuir com seu artigo ou carta para The Daily Star Opinion, consulte nossas diretrizes de envio.
📝 Sobre este conteúdo
Esta matéria foi adaptada e reescrita pela equipe editorial do TudoAquiUSA
com base em reportagem publicada em
Thedailystar
. O texto foi modificado para melhor atender nosso público, mantendo a precisão
factual.
Veja o artigo original aqui.
0 Comentários
Entre para comentar
Use sua conta Google para participar da discussão.
Política de Privacidade
Carregando comentários...
Escolha seus interesses
Receba notificações personalizadas