Entre os dias 20 e 23 de outubro, o Partido Comunista Chinês (PCC) realizou o Quarto Pleno do seu 20º Comitê Central, um evento crucial para definir o futuro da China. Nesse encontro, foram estabelecidas as diretrizes do 15º Plano Quinquenal (2026–2030), um documento de grande importância para o país, com foco significativo na política ambiental. Em setembro, o presidente Xi Jinping anunciou a primeira meta absoluta de redução de emissões da China, com o objetivo de diminuir entre 7% e 10% até 2035, em comparação com o pico projetado. Essa diretriz deve introduzir metas mais rigorosas, mecanismos de responsabilização regionais e integração tecnológica no Plano Quinquenal. Xi também apresentou o conceito de uma “sociedade adaptável ao clima”, demonstrando a intenção do PCC de tornar a adaptação às mudanças climáticas um pilar central da modernização nacional. O próximo plano quinquenal se concentrará em três áreas principais: inovação tecnológica de baixo carbono, regulamentações ambientais mais rígidas e adaptação territorial às novas condições climáticas. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) desempenhou um papel fundamental nesse processo, organizando fóruns e consultas com especialistas e empresas ao longo de 2025 para formular políticas de transição energética, inovação verde e crescimento econômico de baixo carbono. Estudos recentes mostram o tamanho do desafio. Se nenhuma mudança for implementada
, os edifícios urbanos do país podem atingir um pico de 990 milhões de toneladas de CO₂, enquanto as residências rurais chegariam a 450 milhões, números esperados entre 2026 e 2031. Com políticas de descarbonização, esses picos cairiam para 900 e 430 milhões, respectivamente. Para alcançar esses objetivos, o governo planeja impor metas mais duras às províncias produtoras de carvão, como Henan, Xinjiang, Gansu e Hebei. Outro ponto crucial é a expansão do mercado nacional de carbono, que, no novo ciclo, incluirá os setores de aço, cimento e alumínio, abrangendo mais de 1.500 empresas e aumentando o volume de emissões negociadas para 8 bilhões de toneladas de CO₂, um aumento de até 60% em relação ao volume atual. Durante a Conferência Mundial de Inteligência Artificial, o primeiro-ministro Li Qiang revelou que a China utilizará IA e big data para monitorar emissões e riscos ambientais em tempo real. A promessa é criar um sistema nacional de normas e padrões climáticos até 2030, padronizando a contabilidade de gases e certificando a “pegada de carbono” das empresas. Já existem experimentos em andamento nos níveis locais. Painéis solares estão sendo integrados a programas de reflorestamento e combate à desertificação em regiões desérticas do norte e leste, parte da “Grande Muralha Verde”. No litoral norte, estufas solares com controle térmico garantem a produção de energia mesmo no inverno, especialmente em Shandong, Hebei e Pequim. O novo plano também priorizará infraestrutura resiliente ao clima, como barragens e canais para lidar com secas, drenagem urbana para chuvas extremas e restauração de manguezais e ecossistemas costeiros. A saúde pública também está no radar, com sistemas de alerta para eventos climáticos extremos e monitoramento de doenças sensíveis ao clima, integrando ministérios e governos locais. Hospitais, inclusive, devem adotar IA para gestão energética, alinhados às metas ambientais. As desigualdades regionais representam uma tensão importante, pois províncias como Xinjiang e Mongólia Interior concentram grande parte da produção industrial e das emissões, mas nem sempre têm os mesmos recursos para investir na transição verde. Sem um sistema justo de cotas e compensações interprovinciais, o progresso ambiental pode ampliar as diferenças econômicas. O Quarto Pleno reafirma a governança chinesa sob a liderança do Partido Comunista, convocando a sociedade a alinhar seus objetivos ao modelo nacional de desenvolvimento. Além de definir objetivos, as diretrizes aprovadas estabelecerão instrumentos de responsabilização, mecanismos de supervisão e ajustes regionais permanentes. Se bem implementado, o 15º Plano Quinquenal pode marcar um ponto de virada na história, com o país deixando de crescer às custas do meio ambiente e passando a liderar o mundo com um novo paradigma: desenvolvimento baseado em carbono decrescente, inteligência ambiental e soberania tecnológica.
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com base em reportagem publicada em
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