Absolvição no Ninho do Urubu: Famílias das vítimas reagem com fúria e denunciam 'impunidade'

A Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu (Afavinu) divulgou uma carta aberta nesta quarta-feira, 22 de novembro, manifestando indignação diante da decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). O tribunal absolveu todos os réus em primeira instância no processo criminal referente à tragédia no Ninho do Urubu, que vitimou 10 jovens atletas das categorias de base do Flamengo em 2019. A Afavinu descreve o veredito como "uma grave afronta à memória das vítimas e ao sentimento de toda a sociedade". A carta da associação recorda as condições precárias em que os jovens atletas viviam, incluindo alojamentos improvisados, ausência de alvará, falhas elétricas e saídas de emergência inadequadas. A absolvição dos acusados, baseada na falta de individualização de condutas técnicas e na ausência de nexo causal penalmente relevante, renova o sentimento de impunidade e fragiliza a proteção à vida e segurança de menores em entidades esportivas, formativas ou assistenciais, segundo a associação. A Afavinu assegura que continuará buscando justiça e espera que a decisão seja revista nos órgãos de recurso. O grupo também exige que os órgãos de fiscalização e o poder público implementem auditorias frequentes e manutenção preventiva nos alojamentos de atletas de todos os clubes do país. A carta ressalta a importância de manter viva a memória dos jovens e a necessidade de vigilância constante. A decisão judicial

, que não reconhece a responsabilidade penal, é vista como uma falha do sistema de justiça, incentivando a mobilização civil para fortalecer a fiscalização, transparência e responsabilidade em espaços de formação de jovens. A Afavinu enfatiza que a vida dos jovens tem valor irreparável e que a luta por justiça continuará. A carta conclui apelando para que o amor pelo esporte seja acompanhado por amor à segurança, ética e memória dos jovens atletas. A carta também apela para que o futebol seja motivo de alegria, e não de luto, e que se honrem os valores de empatia, responsabilidade e humanidade para proteger as futuras gerações de atletas. A sentença, que absolveu todos os réus do processo criminal, foi publicada na 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital na terça-feira. O juiz Tiago Fernandes de Barros, responsável pela decisão, argumentou que não houve demonstração de culpa penal e que não foi possível estabelecer a relação de causa e efeito entre as ações dos réus e o ocorrido. O juiz também afirmou que não havia provas suficientes para a condenação e que nenhum dos acusados tinha responsabilidades diretas sobre a manutenção ou segurança elétrica dos módulos que abrigavam os jovens. No total, 11 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). Duas delas, o ex-diretor de base Carlos Noval e o engenheiro Luiz Felipe Pondé, tiveram a denúncia rejeitada pela Justiça em 2021. Na mesma decisão, o monitor Marcus Vinícius Medeiros foi absolvido. Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, não constava mais na lista de réus desde fevereiro deste ano, após o MP-RJ solicitar sua retirada devido à prescrição do caso, uma vez que ele tem mais de 70 anos. Em julho, o Flamengo foi condenado em primeira instância pela Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro a indenizar Benedito Ferreira, ex-segurança do clube que atuou no resgate das vítimas. O clube foi sentenciado a pagar R$ 100 mil por danos morais e R$ 500 mil por danos materiais, totalizando R$ 600 mil. O juiz também determinou o pagamento de pensão vitalícia, limitada até os 78 anos de Benedito. O funcionário entrou com o processo após desenvolver uma doença psiquiátrica grave e incapacitante.

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